Ricardo Costa é o técnico que liderou o Sporting no regresso aos títulos nacionais, que não acontecia desde 2017/18. Depois de numa primeira reação ter homenageado o guarda-redes do FC Porto, Alfredo Quintana, que faleceu em 2021, o treinador falou depois na conferência de imprensa.
"Foi uma caminhada difícil que fizemos, mas tínhamos de ser nós os vencedores deste campeonato. Muita gente dizia que merecíamos, mas isso serve de pouco se não conseguirmos vencer, ninguém se vai lembrar. Muitos perguntaram se gosto do formato do campeonato, posso falar disso, mas fomos quem dominou do início ao fim e muitas vezes com uma equipa jovem que esteve estes dois anos a competir e a perder por um", começou por analisar Ricardo Costa.
"Para nós nunca foi um trauma, mas sim uma oportunidade de podermos chegar à frente e sabermos o que tínhamos de fazer para ganhar este campeonato. Ganhámos contra o FC Porto que é uma grande equipa e tem dominado o andebol português. Ficar sempre à beira da praia é mau e hoje conseguimos uma grande vitória com o apoio que queríamos dos adeptos. Celebrar com eles porque foram muito importantes ao longo da época. Foi um jogo dominado por nós. Tivemos muitas dificuldades em gerir o cansaço nos últimos 10 minutos, tentámos que o jogo tivesse muita intensidade, meter muitas transições na primeira parte, mas acabámos por pagar a fatura no final do jogo. Andámos em vantagem de cinco ou de seis era normal uma contra ofensiva do FC Porto, mas o campeão tínhamos de ser nós, não pela época mas pelo jogo que fizemos".
E como é que se sente o técnico leonino ao sagrar-se campeão nacional pela primeira vez na qualidade de treinador?
"Sinto-me muito feliz e para mim nunca foi demasiada preocupação, hoje lia os jornais e o vencedor da Taça UEFA tem 66 anos e ganhou pela primeira vez um título. Ganhar é muito difícil, nós ganhámos quatro troféus em três anos. O FC Porto foi campeão nos últimos dois anos, mas para o nosso grupo não é um problema perder por um. Hoje gostávamos muito de estar na final four [Liga Europeia], dói-me muito ver as imagens da final four porque queríamos muito lá estar. Mas conquistámos o campeonato que também é importante, mas é um percurso de uma equipa e tenho de lhes dar os parabéns, porque mesmo sendo jovens têm uma missão desmedida, tenho a melhor equipa de trabalhar, não só a nível de competência, mas também a na parte humana".
"Somos um grupo muito forte e acredito que o nosso caminho não é ganhar um campeonato de vez em quando, mas sim marcar o andebol português é essa a nossa ambição, é isso que os meus atletas me pedem e tenho de lhes agradecer pela entrega que tem tido ao longo destes três anos, não vamos vencer sempre e há que dar mérito a quem vence e uma palavra ao FC Porto que têm sido um grande adversário. Para a semana já temos provavelmente mais uma final com eles, primeiro temos o Belenenses, mas queremos juntar um terceiro título aos dois que já temos. Mas agora é tempo de celebrarmos, mandar para fora toda a pressão que temos acumulada de tantas vitórias e de nos dizerem que podíamos ficar pelo quase. Não ficámos pelo quase, conquistámos o campeonato com todo o mérito".
E falou também dos filhos que fazem parte do plantel, Kiko e Martim Costa: "Sou provavelmente um dos maiores sortudos do andebol mundial, por poder desfrutar disto com os meus filhos. O Francisco [Costa] hoje fez um jogo muito mau e ele sabe. É o crescimento e até conseguimos responder às pessoas que dizem que este Sporting são os manos Costa. É uma injustiça tremenda. Só ganhamos se estivermos juntos como equipa, não interessam as individualidades. Até nisso hoje conseguimos dar uma resposta e fico mais contente com isso do que se o Francisco marcasse 25 golos. O meu sonho sempre foi ser treinador. Não tenho saudades nenhumas de ser jogador. Preparei-me ao longo destes 20 anos para ser treinador e é o que mais gosto de fazer. Tenho o privilégio de estar num grande clube que me trata muito bem e gosto muito de cá estar".