A portuguesa Salomé Afonso lamentou esta terça-feira não ter conseguido estar mais perto da frente na final dos 1.500 metros dos Campeonatos do Mundo de atletismo Tóquio'2025, que terminou no 12.º lugar.
"Eu tinha uma ideia tática completamente oposta [do que aconteceu]. Pensava mais à frente, mesmo sabendo que o ritmo ia ser mais forte, para que a posição intermédia não fosse tão atrás. Não consegui, sou sincera", admitiu a meio-fundista do Benfica.
Salomé Afonso concluiu as três voltas e meia à pista do Estádio Nacional do Japão em 4.00,47 minutos, no seu terceiro melhor tempo de sempre, numa prova bastante rápida, com 10 finalistas a correrem abaixo do recorde pessoal da portuguesa (3.59.32).
A queniana Faith Kipyegon juntou o terceiro título mundial consecutivo às três medalhas de ouro olímpicas na distância, em 3.52,15, à frente da sua compatriota Dorcus Ewoi, com recorde pessoal de 3.54,92, e da australiana Jessica Hull, vice-campeã em Paris2024, segunda e terceira classificadas, respetivamente.
"Senti que não tive aquela reação inicial, como se calhar deveria ter tido, para realmente me colocar dessa forma. Não deixam de ser 13 pessoas, comigo 14, nesta corrida, todas muito equiparadas e senti alguma dificuldade em colocar-me", reconheceu.
Repescada para a final, depois da colisão na semifinal com a alemã Nele Wessel, que também recuperou o lugar na corrida decisiva, que terminou no 14.º e último posto (4.10,31), a lisboeta, de 27 anos, sentiu algum desgaste, eventualmente provocado pela tentativa de resposta nessa corrida, no domingo.
"Acho que, do ponto de vista físico, também não tive sensações muito extraordinárias. Senti-me sempre um pouco pesada, um pouco apática. Tentei contrariar um bocadinho e nunca deixar relaxar demasiado, mas nunca me senti fluida", explicou.
No entanto, a vice-campeã nos Europeus 'indoor' Apeldoorn'2025 e bronze nos 3.000 melhorou, na sua segunda presença em Mundiais, o 37.º lugar em Budapeste2023, mas não correlacionou diretamente o resultado de hoje à ansiedade provocada pelo protesto da semifinal ou ao esforço despendido.
"É difícil dizer, eu gosto de pensar que não, gosto de pensar que foi simplesmente que não era para ser hoje. Também não geri da melhor maneira a corrida. Agora, o importante é perceber porquê", vincou, reiterando sentir capacidade para ser competitiva, o que, para si, é estar entre as cinco ou seis primeiras.
Mesmo assim, terminados os Mundiais, Salomé Afonso fez um balanço obrigatoriamente positivo de 2025, sem esconder a ambição.
"É engraçado, uma pessoa vai melhorando, mas cada vez quer mais. O grande momento foram os Europeus em pista curta, nos quais acho que consegui replicar todo o treino. A época ao ar livre foi estranha, porque, no fundo, competi apenas numa prova de 1.500 rápida, em Paris [onde estabeleceu o recorde pessoal]", recordou, aludindo à etapa da Liga de Diamante da capital francesa, disputada em 20 de junho.
Depois, com esse registo, em que 'tirou' 64 centésimos à marca obtida no Rio2024, a perspetiva era outra: "Senti que tinha tanto para melhorar - e posso melhorar -, mas não consegui, portanto, acaba por ser uma época positiva, mas muito menos positiva do que acho que podia ter sido".
Salomé Afonso detinha a 12.ª melhor marca pessoal entre as presentes, graças aos 3.59.32 minutos obtidos já este ano, que lhe valiam o 10.º tempo entre as finalistas.
A segunda portuguesa mais rápida de sempre nesta distância está apenas atrás da recordista nacional Carla Sacramento (03.57,71), que se sagrou campeã do mundo, em Atenas1997.