Dedicação, trabalho e humildade cresceram com o campeão Isaac Nader: «Calou muita gente»

Treinadores que marcaram o percurso do medalha de ouro nos Mundial de Tóquio'25 são unânimes

Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader fez uma corrida 'de trás para a frente'
O português passa pela concorrência
Nader faz um último esforço na final dos 1.500 metros
Nader nem quer acreditar que ganhou
Issac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader fez uma corrida 'de trás para a frente'
O português passa pela concorrência
Nader faz um último esforço na final dos 1.500 metros
Nader nem quer acreditar que ganhou
Issac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader
Isaac Nader fez uma corrida 'de trás para a frente'
O português passa pela concorrência
Nader faz um último esforço na final dos 1.500 metros
Nader nem quer acreditar que ganhou
Issac Nader
Isaac Nader

O campeão do mundo dos 1.500 metros, o português Isaac Nader, já mostrava em menino as características de dedicação, trabalho e humildade que hoje o colocaram no topo, segundo vários treinadores que o marcaram nesse percurso.

Marco Lívio Gonçalves descobriu o agora campeão mundial para o atletismo, na Escola Básica Dr. José Neves Júnior, em Faro, porque o filho era colega de escola da mais recente 'estrela' do desporto nacional.

Num corta-mato, um Nader no quarto ano, bem como o irmão gémeo, Diogo, foram correr e Isaac impôs-se, primeiro no contexto escolar, e depois no regional, "ante 200 ou 300 meninos do Algarve".

"Começou a trabalhar comigo no atletismo de iniciação e, no dia a dia, e nos treinos deu para perceber que era um talento único", conta Marco Lívio Gonçalves à Lusa.

Responsável por detetar o maior talento que já treinou, e por encorajar a prática do atletismo em detrimento de outras 'tentações', foi professor de Educação Física do atleta, no segundo ciclo, e acompanhou-o no atletismo, numa fase em que ainda experimentava o futebol que celebrizou o pai e o tio, no Farense, ao lado do irmão, mas também o futsal, no desporto escolar.

E foi neste contexto escolar que somou a primeira medalha internacional, ao vencer os 3.000 metros nos Jogos FISEC de 2015, em Malta, numa fase da vida em que já mostrava as características que hoje o perfilam - "era um jovem bastante humilde, discreto, até quando já tinha algum currículo no desporto escolar nacional".

Rui Costa, diretor técnico da Associação de Atletismo do Algarve, confirma à Lusa estes traços de um 'miúdo' que já ficava "muito orgulhoso" de representar as escolas, o que fará quando começou a competir por Portugal, mantendo sempre a ligação à comunidade farense.

"As aptidões para o atletismo do Isaac eram muito vincadas, e via-se que ele era um 'bicho'. Era um atleta de eleição, chegava para treinar e queria absorver tudo o que lhe pediam. Tinha características físicas inatas", lembra, por sua vez, o atual treinador adjunto dos sub-23 do Farense.

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Isaac Nader campeão do Mundo: os aplusos no estádio

Hugo Costa recorda, à Lusa, que Nader "era um excelente futebolista", como extremo direito, com a velocidade e resistência como pontos fortes, mas toda a gente percebia "que ia ser diferenciado no atletismo", em vez de uma carreira menos recheada de pontos altos no futebol.

"É um grande orgulho, é um homem com 'H' grande. Tanto um como outro dos irmãos são miúdos fabulosos e muito bem vistos na comunidade farense. Cresceram a treinar no meio da cidade. É um orgulho ver estes atletas crescer no panorama mundial, e o Isaac merece", conta Hugo Costa.

Atualmente embaixador de uma unidade de apoio ao alto rendimento nas escolas (UAARE) no Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa, foi mantendo a ligação a Faro e às suas raízes, onde já era "o primeiro a chegar e possivelmente o último a sair" do treino, levando Hugo Costa a compará-lo a Cristiano Ronaldo.

Nader passou pelo Faro XXI, até 2014, e depois pelo Areias São João, em 2015 e 2016, numa ascensão sustentada, e progressiva, até chegar ao Benfica, que representa desde 2017, como o tio, Hassan Nader, uma 'lenda' do Farense que também 'brilhou' nas águias.

Quando ele me liga e goza comigo, é porque está bem. Quando está muito sério, é porque se passa qualquer coisa
Filipe Canário

Antigo treinador de Isaac Nader

Filipe Canário treinou o campeão do mundo dos 1.500 metros e, na verdade, ainda mantém contacto próximo com o atleta que entretanto se mudou para Espanha com a namorada, a também meio-fundista consagrada Salomé Afonso.

Já na altura, diz à Lusa, via que Nader "ia ser um dos melhores do mundo", pelas suas "qualidades, pela forma de correr e a forma de estar, como encarava a corrida", pela dedicação extrema, vontade de aprender e capacidade de trabalho, e em juvenil já conseguia mínimos para ir aos Nacionais de seniores.

"Nós ainda hoje temos uma relação. Quando ele me liga e goza comigo, é porque está bem. Quando está muito sério, é porque se passa qualquer coisa", brinca.

Quanto ao humor de um atleta por vezes considerado demasiado 'duro' ou 'fechado' no trato social, mas a quem todos gabam a simpatia e boa disposição, recorda-se de uma brincadeira recorrente entre os dois.

"Eu dizia-lhe muitas vezes: 'parabéns'. E ele: 'parabéns porquê, se não faço anos?'. Ele é assim duro. (...) [Depois de ganhar o ouro] ligou-me e perguntou se não tinha nada para lhe dizer. E eu disse que ele não fazia anos. Mas disse-lhe que merecia mais que os parabéns. Sempre acreditei no seu valor", refere.

Canário considera que o novo campeão "calou muita gente", e lembra muitos anos em que foi criticado por deixar o pupilo "mal disposto, a vomitar", dado o esforço, numa relação próxima que se vai mantendo.

Outra referência constante entre quem o conhece é ao 'sonho' de ser campeão olímpico, uma 'obsessão' que guia Nader, um farense de 26 anos que já será, diz Marco Lívio Gonçalves, "o melhor do Algarve" em termos históricos.

O 'menino', apoiado incondicionalmente pela mãe, defensora devota e que impulsionou a paixão pela competição, que treinava pelas ruas de Faro e que nem sempre teve um crescimento 'fácil', segundo lembra quem com ele privou, e se tornou referência na comunidade venceu o ouro nos 1.500 metros dos Mundiais de atletismo Tóquio2025, que hoje terminam na capital japonesa.

Por Lusa
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