Gémeos & patrões

Os gémeos Domingos e Dionísio Castro completam hoje 39 anos, mas é a primeira vez que festejam o aniversário na qualidade de patrões e de dirigentes de uma equipa de atletismo com o seu nome, criada este ano em Guimarães, terra natal. Como patrões, sabem bem avaliar as dificuldades e, por isso, já combinaram as prendas entre si. "Este ano não me dás nada e vice-versa", comentou Domingos. E Dionísio concordou...

Nasceram no mesmo dia, andaram juntos na escola na mesma carteira, empregaram-se ao mesmo tempo, iniciaram-se no atletismo com uma semana de intervalo, dormiram juntos na mesma cama até quase o Domingos ingressar no Sporting, aos 18 anos, e até casaram no mesmo dia.

Os gémeos Castro, Domingos e Dionísio, comungam de muitas identidades nas suas vidas e como não podia deixar de ser estão forçosamente ligados à criação de um clube de atletismo – a Associação Recreativa e Desportiva Gémeos Castro.

O projecto começou a ganhar força a partir do momento em que Domingos sentiu que "não estava ser tratado com o respeito que merecia" pelo seu antigo clube, o Maratona. "Um dia diziam-me uma coisa e dias depois surgia uma nova versão. Mas mantenho o que disse há tempos. Se tudo corresse com normalidade teria acabado a minha carreira no Maratona", observou.

O destino assim não o quis e entre conversas de irmãos foi ganhando alguma consistência a ideia de ambos fazerem um clube. Uma condição a salvaguardar: "Não poderia haver qualquer ligação à nossa empresa, os Castro Brothers. Temos um nome a respeitar e não pode haver aproveitamento da imagem. Uma coisa é o clube, outra é a nossa empresa", assegura Dionísio, que está mais tempo disponível para os assuntos da firma.

No período das transferências, os bastidores ficaram bastante agitados quando se soube da mudança de várias figuras de primeiro plano. "Havia atletas que estavam descontentes com os seus clubes, mas no caso do Hélder Órnelas eu pessoalmente falei com o prof. Moniz Pereira. Tudo foi tratado com uma enorme lisura", adianta Domingos.

Os patrocínios de vários amigos de longa data dos gémeos Castro e ainda o apoio da Câmara Municipal de Guimarães revelou-se fundamental para a equipa ter algum peso. "Somos pessoas ligadas ao desporto há muito tempo e temos a vantagem de saber interpretar o outro lado, tanto da parte do dirigente como do atleta", adverte Dionísio, director desportivo. E Domingos Castro, na qualidade de presidente, diz que essa é a filosofia correcta. Mas até que ponto ambos irão ser tolerantes quando surgir algum caso mais grave? "Até a paciência esgotar. Mas temos um grau de compreensão elevado. Aqui os atletas sabem que têm a garantia de haver ordenados em dia e que ninguém os vai baixar", refere Domingos.

O projecto da equipa dos gémeos Castro está orçamentado para dois anos e foi nesses termos que Eduardo Henriques aceitou a mudança de clube. Com boas perspectivas de fazerem figura – e já fizeram história ao ganharem uma Taça como vice-campeões nacionais de estrada, além de Henriques ter sido o campeão individual – os gémeos Castro sabem que têm uma equipa algo limitada, mas o orçamento não dava para mais. "Mas dá para agitar seguramente o mercado".

Paralelamente à competição onde "há muitas ideias para a gente as por em prática" existe uma componente "da qual não prescindimos: a formação. Isso sempre esteve na base da filosofia do clube e a Câmara de Guimarães vai-nos dar um grande apoio e colaboração nesse sentido", salienta Dionísio Castro.

Uma equipa especialista em corta-mato

Os gémeos Castro conseguiram reunir uma equipa que pode ter legítimas aspirações a ser campeã nacional de corta-mato. Tem três figuras de primeiro plano – Domingos, Henriques e Ornelas – e falta-lhe um quarto homem que dê consistência. A irregularidade de Alfredo Brás dá poucas garantias com os seus altos e baixos, mas a voluntariedade de José Santos e de um esforçado Carlos Calado permitem ao conjunto vimaranense sonhar com um lugar no pódio. Como diria Eduardo Henriques "não nos podemos queixar do percurso este ano no Jamor. É mesmo à nossa maneira".

Dionísio Castro, para além de ser o treinador pessoal de Eduardo Henriques, é o director desportivo e António Sousa é o técnico de Domingos Castro e José Santos.

Domingos muda para os 10 000 m

A equipa dos gémeos Castro poderá ser diferente dos outros clubes que se dedicam quase inteiramente ao corta-mato e à estrada? Domingos Castro acredita que sim e diz com alguma propriedade que os seus atletas farão provas de pista. E como quer que o exemplo venha de cima, é o próprio Domingos Castro a avançar com a ideia de que vai apostar este ano no corta-mato e na pista.

"Em ambas as especialidade tenho ambições e sei que ao entrar em provas de pista o meu rendimento vai melhorar noutras áreas. Outros atletas também irão seguir o exemplo."

Para Domingos uma coisa começa a ser clara: "Quero ir aos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 nos 10 000 m e não na maratona. Não há nada como correr com o estádio cheio de pessoas. E para a minha despedida esse é o cenário que ambiciono".

ÓRGÃOS SOCIAIS DA A.R.D. GÉMEOS CASTRO

Assembleia Geral

Presidente: Joaquim Eduardo Macedo Martins

1º secretário: Luis Gonzaga Pinto Coelho

2º secretário: Amadeu Artur Matos Portilha

Direcção

Presidente: Domingos da Silva Castro

Vice-presidente: Carlos Alberto Ferreira Janela

Vice-presidente: Maria da Conceição Cunha Ferreira Castro

Vice-presidente: José dos Santos Pacheco

Secretário: Ovídio dos Santos Moreira

Tesoureiro: Alcino Paula Ferreira

Vogal: Carlos José Amâncio dos Reis

Conselho Fiscal

Presidente: Dionísio da Silva Castro

Relator: Luis Manuel Malhão Serrano Gaspar

Vogal: Francisco da Silva Castro

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