Antigo atleta viu o coração disparar aos 245 batimentos num "treino calmo". Exames mostraram problema cardíaco
Durante largos anos, Ricardo Ribas habituou o seu corpo a andar sempre em alta rotação. Era essa a sua vida, como atleta de alta competição que representou o nosso país em várias ocasiões - a mais importante delas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Retirou-se oficialmente no ano passado, mas quis continuar a correr, até que em outubro do ano passado, num treino normal, a ritmos confortáveis, passou por uma situação que, confessa, nunca pensou viver. Foi um sinal de alerta. Para si e para todos aqueles que no nosso país fazem desporto.
"Eram 11 horas, ia num ritmo calmo, a 4'40, 4'45 por quilómetro, quando de repente comecei a ter os batimentos cardíacos nos 220 e com um pico nos 245. De imediato parei como se me tivessem desligado a ficha das pernas. O coração quase me saía pela boca! Foi uma sensação de impotência, de que ia desta para o outro lado. Tentei manter-me calmo, só pensava nas minhas duas filhas, na minha mulher. Estava ali no meio da rua, quietinho, a ver se controlava a situação, porque estava em pânico, com medo. Foram 45 segundos numa sensação muito estranha. Aquilo baixou e comecei a caminhar num ritmo super calmo, mas os batimentos continuavam elevados, nos 160 a 180...", recorda em declarações ao nosso jornal o antigo atleta, de 45 anos.
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O passo seguinte foi logo tentar perceber o que se passava. Fez uma prova de esforço, um ecocardiograma e, por indicação da médica que o observou no Centro de Medicina de Guimarães, um holter de 24 horas. "A prova de esforço, que antes fazia de costas, cheguei aos 16 minutos e tive de parar, porque já nos 220 batimentos", lembra. Mas o momento de maior alarme foi mesmo o resultado do holter. "No dia seguinte ligaram-me a dizer para não fazer mais nada, porque tinha de ir para a cardiologia". E foi aí que ficou feito o diagnóstico: uma fibrilhação auricular. Um problema cardíaco ao qual será tratado na quarta-feira, através de uma ablação por cateter.
Em teoria, correndo tudo bem, o antigo atleta do Benfica poderá voltar a correr e ter uma vida perfeitamente normal, mas há algo que Ricardo Ribas tem a certeza: correr agora só num ritmo tranquilo. "Se há coisa de que neste momento tenho falta é correr, de estar a fazer séries com o pessoal, ir para a pista treinar e ajudar os meus atletas. Nem é competir! Não quero competir, até porque só fiz uma prova desde que me retirei. Só quero treinar neste momento. E depois deste susto, até me podem dizer que posso correr a 3'/km, que não me apanham nesses ritmos. O susto foi tão grande... Não quer dizer que não vá correr de novo, mas ritmos violentos está completamente fora de hipótese".
Quer reunião com autoridades para apertar controlo
Treinador de largas dezenas de atletas, através do seu projeto Training Online the Distance, Ricardo Ribas revela ainda que, depois de ser alvo da intervenção da próxima semana, irá procurar reunir-se com a Federação Portuguesa de Atletismo, Instituto Português do Desporto e da Juventude e Comité Olímpico de Portugal, para que algo mude na forma como é permitida a participação de atletas em provas. "É muito difícil controlar uma situação destas, vai depender da consciência de cada um, mas também há o papel dos treinadores e dos clubes. Quem devia ter um papel importante nisto era a Federação, nomeadamente na questão da filiação. De pelo menos nos atletas federados haver um controlo maior. Só aceitarem atletas com o exame médico-desportivo em dia. Eu próprio como atleta não vou facilitar. E depois da minha intervenção quero ter uma reunião, vou dar o meu exemplo e fazer notar que o holter de 24 horas deveria ser obrigatório no exame médico-desportivo", apontou.
A ideia é ser um exemplo no pós-carreira profissional, depois de também já o ter sido como atleta. "Não é fácil lidar com uma situação destas, porque é uma daquelas situações que nós pensamos que só acontecem aos outros. Nunca pensei passar por uma situação destas! Como sou uma pessoa que sempre fez exames médico-desportivos, até cheguei a fazer duas ressonâncias ao coração com contraste quando estava no Benfica... O meu objetivo é mesmo este: fui um exemplo como atleta e quero agora ser um exemplo para as pessoas terem muito cuidado. Porque o facto de sermos atletas de alta competição não quer dizer que esteja tudo bem. Não sei se o problema cá estava, se foi da Covid [que contraiu em janeiro do ano passado]. Não faço ideia. É ter cuidado", recomenda.
"Nunca mais fui o mesmo depois da Covid"
Mesmo retirado do atletismo profissional, Ricardo Ribas mantinha a sua rotina de treinos, fazendo em média 100 quilómetros semanais. Ainda assim, confessa, as suas sensações mudaram de forma clara desde janeiro do ano passado, quando contraiu Covid-19. Os médicos não associam essa questão ao problema recente e o antigo atleta confessa que inicialmente também ele pensava que se tratava simplesmente do corpo a acusar a falta de treino. "De há um ano e meio para cá achei estranho ter batimentos altos, mas associava também ao facto de treinar menos, só uma vez por dia. Em janeiro tenho uma situação similar e na altura fiz o exame médico-desportivo, a prova de esforço até final e não me foi detetado nada. Mas depois da Covid-19 nunca mais fui o mesmo. Os batimentos cardíacos aumentaram-me muito, mas também associava ao facto de ter deixado de treinar tanto. Tanto que os médicos não associam, mas nunca mais fui o mesmo", assumiu.
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