Uma viagem pelo Panamá

Ponto prévio: Não pretendo tornar estas linhas num texto sobre viagens, nem num relato de aventura, muito menos num guia para viajantes. Até porque uma imagem, como sempre, vale muito mais que mil palavras, e as imagens da Isabel são excelentes e elucidativas. Deixo-vos, pois, um relato muito sucinto e que serve apenas para vos pôr a pensar numa próxima ida a este destino tão pouco comercializado pelos operadores turísticos.

O Panamá é conhecido sobretudo pelo canal que liga o Atlântico ao Pacífico, uma obra ímpar, mas que não torna o país num destino turístico de excelência. Todavia, o Panamá é muito mais do que o seu canal e oferece a quem o visita múltiplas opções para uma estadia inesquecível.

Escolhemo-lo para um curto período de férias por várias razões, entre as quais a situação de pandemia provocada pelo Covid 19, então ali quase completamente controlada e com a esmagadora maioria da sua população devidamente vacinada.

Iniciámos a viagem pela capital, Panamá City, uma metrópole dividida entre uma zona moderníssima, com amplas avenidas e construções de impressionante e arrojada beleza arquitectónica, onde se situam as sedes de muitas multinacionais, sobretudo bancos e instituições ligadas ao mundo das finanças. Não é por acaso que o Panamá é um dos chamados «paraísos fiscais» existentes no Mundo.

É uma zona interessante mas em nada comparável com a «velha» cidade panamenha – o «casco viejo». Aqui, sim, há monumentalidade e vida. A «movida» é aqui e os bares, as lojinhas e os restaurantes estão sempre lotados e a sua oferta é excelente, ainda que nem sempre económica. É uma zona que merece pelo menos duas noites de estadia.

Deixámos a cidade depois de visitarmos todos os locais mais interessantes que o reduzido tempo de permanência permitiu e aprontámo-nos para ir até uma das ilhas do arquipélado de San Blás. Procure visitá-lo alojando-se num dos barcos que navegam de ilha em ilha e que lhe oferecem dormida e alimentação. É bem mais interessante do que ficar uns dias numa cabana de uma das ilhas abertas ao turismo, onde o tempo passa muito devagar e as condições que nos oferecem são também muito rudimentares. Aqui, o progresso também chega muito devagarinho. E ainda bem. Por isso, estique-se na areia, apanhe sol, fique de molho numa água quentinha e transparente e tenha paciência para algumas «aldrabices» dos locais, para a falta de electricidade e para a bem provável inexistência de internet.  

Daqui, regressados ao continente, as possibilidades são múltiplas. Nós optámos por alugar uma viatura – as estradas, Panamericana incluída, não são famosas, mas percorrem-se sem grandes sobressaltos desde que tenhamos algum jeito para as gincanas – e fomos em direcção a Gamboa, onde fizemos base para ir ver não os aviões, mas os barcos, os superpetroleiros e porta-contentores que utilizam o tal canal. Vale bem a pena perder umas horas a perceber toda a mecânica que envolve aquela impressionante obra de engenharia. Pode não ser interessante para toda a gente, mas ir ao Panamá e não ver o seu canal é quase como ir a Roma e não ir ao Olímpico ver a equipa de Mourinho (podemos também ir ao Vaticano, mas nem sempre se vê o Papa).

Aproveite ainda para fazer uma caminhada pela reserva florestal aí situada e, se não apanhar, como nós apanhámos, uma daquelas chuvadas tropicais que nos deixou encharcados até aos ossos, vai chegar ao fim do dia com muito mais apetite para o jantar.

Uns 370 quilómetros e por aí umas sete horas mais tarde, chegámos a Santa Catalina, porto de saída para um dos mais icónicos lugares deste país – a ilha Coiba, que apesar do nome nada tem a ver com os charutos, mas que é imprescindível visitar. Outrora uma prisão, a ilha é hoje uma reserva marinha de águas transparentes, óptimas para fazer snorkeling e observar uma diversidade enorme de peixes, corais, tartarugas e até estrelas do mar. Para os mais aventureiros, é possível nadar com mantas e até com pequenos tubarões. Não são dias perdidos, mas antes dias bem ganhos e inesquecíveis.

Na manhã seguinte acordámos bem cedo na casinha que alugáramos  a uma «panameña» e ao seu companheiro italiano, pois tínhamos mais de 400 quilómetros para percorrer até Changuinola, onde entregaríamos o carro e partiríamos numa lancha para Isla Colón, uma das muitas ilhas que compõem o Arquipélago de Bocas del Toro.

Foi o regresso à «civilização», pois a ilha é um dos destinos turísticos mais procurados por todos quantos querem experimentar um mergulho nas cálidas águas do Mar de Caribe. Nós ficámos num hotel perto da Playa Tortuga, mas as opções de alojamento são muitas e variadas e o mesmo se passa com as ofertas de passeios nas centenas de lanchas que se encontram ao longo do porto. Nós optámos por uma ida à descoberta dos golfinhos e uma volta à Ilha dos Pássaros, pois nenhum de nós é especial adepto do «snorkling» que vimos muitos turistas praticar. As fotos e os vídeos da Isabel Trindade são disso testemunhos.

Regressados à capital, fizemos  as últimas compras,  mas o que nos encheu mais a «bagagem» foram os «recuerdos» de gentes simpáticas, divertidas e de um país que merece a pena voltar explorar.

Por Eládio Paramés
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