Stanley Borden: «Basquetebol português tem um futuro brilhante»

Poste internacional sub-20 português fala da sua passagem por Duke, do craque Cooper Flagg e da modalidade no nosso país

Stanley Borden vai jogar na Universidade do Texas San Antonio (UTSA)
Stanley Borden vai jogar na Universidade do Texas San Antonio (UTSA) • Foto: UTSA

Dos EUA a Portugal, Stanley Borden é dos jogadores que melhor conhece o talento que se produz nos dois países. O poste internacional sub-20 português conviveu de perto com os futuros craques da modalidade no nosso país durante o Europeu do escalão no Montenegro, em 2022, mas também atuou ao lado de nomes sonantes da NBA, como Paolo Banchero e a futura estrela Cooper Flagg, durante a sua estadia na Universidade de Duke, nos Estados Unidos. E não tem dúvidas que o país que adoptou vai continuar a subir.

"A experiência no Montenegro significou muito para mim como jogador de basquetebol. Pena a forma como terminou, mas penso que o basquetebol português tem um futuro brilhante. Digo-o com toda a clareza. Muitos bons jogadores, muitos bons treinadores e mais investimento de todo o país . Está a dar nas vistas, especialmente com esta mais recente vaga de talentos", disse a Record o jogador, de 22 anos e 2,13 metros, filho de mãe turca com ligação a Portugal e pai norte-americano.

Estando nos Estados Unidos, está naturalmente a par do que Neemias Queta tem feito na NBA e do que por lá se diz do jogador dos Boston Celtics, até por terem um elo de ligação em comum. "O Amile Jefferson é um antigo treinador meu e atual adjunto nos Celtics, já falámos sobre Neemias. Houve alturas nos Celtics em que teve um desempenho muito bom. Sempre que entra em campo, dá o seu melhor e acho que isso se nota e é recompensado em qualquer liga, não apenas na NBA. Muitas pessoas nem sequer se apercebem que ele é português, eu é que acabo por informá-las que ambos somos. 'Quem é o número 88? Está a jogar muito bem'. Estas são muitas das conversas que tenho com as pessoas em torno do basquetebol", conta Stanley ao nosso jornal, falando de outro basquetebolista português, este ainda com maior proximidade à sua realidade: Falamos de Rúben Prey, que atua na Universidade de St. John's, orientada pelo mítico treinador Rick Pitino.

"O Ruben é um bom miúdo. Isso é o mais importante. Penso que ele é um excelente jogador de basquetebol, mas além disso tem uma boa cabeça. Tem também as 'ferramentas' físicas, a forma como se move em campo é muito fluída e tem a ética de trabalho para chegar lá. E em St. John's têm um bom programa. Mas uma coisa que aprendi de novo nestes últimos quatro anos é que se trata uma combinação entre o jogador e as circunstâncias. Ou seja, será que as equipas da NBA em determinado momento procuram o que ele oferece? Há jogadores universitários muito bons, considerados os melhores do ano, que começam na G-League. E depois há outros que têm médias de cinco pontos por jogo e que são escolhas de draft. Por isso, é muito, muito difícil projetar o sucesso na esfera universitária para a esfera da NBA, pois não é algo linear", constata Borden.

Jogou ao lado de dois número 1 do draft

Recentemente, Cooper Flagg, um dos talentos que mais expectativa tem gerado nos EUA nos últimos anos, foi eleito pelos Dallas Mavericks como número 1 do draft, sem surpresa. Ainda antes da 'lotaria', Stanley Borden já projetava o que o antigo colega em Duke poderá fazer na NBA e nos texanos: "pode vir a jogar muito sem bola. Se olharmos para os nossos encontros deste ano, é óbvio que ele marcou 20, 30 e até 40 pontos, mas tivemos muitos jogadores bons nesta equipa da Duke. Ele vai ser ter sucesso, ao lado de craques como Anthony Davis, Kyrie Irving ou Dereck Lively. Kyrie vai ter a bola e não sei qual vai ser o sistema deles, mas Cooper pode ser importante a defender e ser um ponto de ligação para os tornar bons. Se precisarem que ele, por causa de uma lesão ou outro motivo, seja mais dominante na sua época de estreia, também o pode fazer. Por isso, penso que vai ser bem sucedido independentemente de ter mais ou menos bola nas mãos."

Um exemplo que pode ser seguido é o de Paolo Banchero, primeira escolha em 2022, pelos Orlando Magic, que é já All-Star e que também foi colega de Stanley Borden em Duke. E, de acordo com Stanley Borden, ambos têm uma enorme ética de trabalho: "o talento é óbvio, mas há outros jogadores talentosos nos últimos 20 ou 30 anos que se apagaram. Por isso, penso que a questão não é apenas o que faz deles a primeira escolha do draft, mas também o que lhes permite manter esse sucesso, uma vez que Paolo foi uma estrela este ano. E tem sido um ótimo jogador da NBA até agora. Acho que são muito competitivos. A esse nível, é fácil ser-se 'soft' e eles não são 'soft'.

Trajeto em Duke e o que se segue

Stanley Borden fez um balanço positivo do seu trajeto em Duke onde, além da licenciatura em Ciências da Computação, atuou numa das melhores universidades de basquetebol dos EUA e foi orientado por treinadores do melhor que a modalidade já conheceu, como Mike Krzyzewski, que chegou a ser selecionador olímpico dos EUA e era adjunto no Dream Team de 1992. Nesta época, por exemplo, esteve na final four do March Madness mas não conseguiu o apuramento para a final.

"Duke foi uma experiência incrível, pois tive a oportunidade de estar sob o comando de treinadores incríveis como o 'treinador K', o treinador Jon Scheyer e os nossos muitos adjuntos que fazem um trabalho incrível. Mas também tive a oportunidade de jogar com jogadores como os que mencionámos. O meu papel em muitas dessas equipas era fazer com que os colegas melhorassem, fosse como fosse. Por isso, apesar de ter feito um bom trabalho e de estar muito satisfeito com a minha passagem por Duke em termos do meu contributo, ainda há uma parte de mim que quer realmente desenvolver-se e crescer como jogador de basquetebol", sublinha Stanley Borden, que vai agora rumar à Universidade do Texas San Antonio (UTSA) para o seu último ano na universidade e que pensa depois atuar a nível profissional:

"Depois veremos como corre. Há vários locais da Europa, Ásia, Austrália, há ligas a aparecer por todo o lado. Gostei do tempo que passei em Portugal, quando jogava na equipa de sub-20. Veremos se isso também se transforma em algo. Planeio jogar profissionalmente, não sei é durante quanto tempo. E, como é óbvio, o sítio depende dos lugares no plantel, das ligas, do dinheiro e de todas estas questões. Mas acho que o principal para mim é encontrar um lugar para competir, um lugar para ganhar e poder continuar a crescer e a desenvolver-me como jogador de basquetebol", sintetiza, deixando sempre em aberto a possibilidade de voltar a representar a Seleção Nacional, agora no principal escalão, caso seja chamado.

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