Oito jogadoras nacionais tentam afirmar-se na pátria da modalidade...
Os desempenhos das jovens Seleções Nacionais femininas, nomeadamente as de sub-16, sub-18 e sub-20, não passaram despercebidos aos inúmeros observadores das principais universidades norte-americanas, e não só, que acompanharam os respetivos campeonatos da Europa.
Assim, foi sem surpresa que os convites às jogadoras que mais se destacaram nesses Europeus não demorassem a chegar a Portugal, dando origem a uma onda de emigração de jovens atletas para equipas universitárias, onde podem prosseguir o sonho de jogarem ao mais alto nível na pátria da modalidade.
Chelsea Guimarães, Maria Kostourkova e Carolina Bernardeco foram as últimas jogadoras a responder afirmativamente aos convites norte-americanos. Chelsea Guimarães, que fez toda a sua formação no Clube Lisnave (2008/11) e Algés (2012/15), foi uma das principais atletas das Seleções Nacionais de sub-18 (medalha de bronze) e sub-20, ajudando as equipas portuguesas a ascender à Divisão A. Do Algés, equipa para onde se transferiu em 2012/2013, Chelsea Guimarães ruma à Universidade de Georgia Tech (NCAA).
Maria Kostourkova e Carolina Bernardeco são as duas melhores jogadores da sua geração. Ambas integraram as seleções de sub-16 e sub-18 – integram os “cincos” ideais nas duas competições – e foram decisivas para que Portugal participe, esta época, na Divisão A, em ambos os Europeus.
Maria Kostourkova (medalha de bronze em sub-18 e de prata em sub-16), que fez toda a formação no Cruz Quebradense (Simecq), de 2007 a 2013, recebeu convites de várias universidades dos Estados Unidos e também de clubes da Europa. Acabou por se decidir pela Washington State (NCAA), para onde viaja depois de terminar esta temporada, ao serviço da Quinta dos Lombos.
“Ao falar com treinadores de Espanha, disseram-me que 20 jogadoras daquele país foram para os Estados Unidos. Atualmente, com a crise na Europa há muito desemprego no basquetebol europeu. Já não dá para ser profissional e por isso quem quer estudar e jogar escolhe os Estados Unidos”, disse-nos Mariana Kostourkova, mãe de Maria e selecionadora nacional da seleção de sub-18 feminina.
Old Dominion
Carolina Bernardeco (medalha de prata em sub-16), por seu turno, vai para Old Dominion, uma bem conhecida universidade dos portugueses, uma vez que foi o ponto de partida de Ticha Penicheiro e Mery Andrade e, mais tarde, de Michelle Brandão. Carolina Bernardeco, a mais nova das três irmãs Bernardeco – Filipa (Quinta dos Lombos) e Joana (Olivais) –, todas internacionais, fez a formação na Escola Alberta Menéres do Algueirão (2008 a 2014), onde foi treinada pela mãe, a ex-selecionadora nacional Isabel Ribeiro dos Santos. A exemplo de Maria Kostourkova, Carolina Bernardeco só viaja para os Estados Unidos em 2015, já que disputa a Liga feminina, ao serviço do Santo André.
Os conselhos da rainha
Ticha Penicheiro abriu caminho às jogadoras portuguesas para os Estados Unidos. Juntamente com Mery Andrade, ingressou na Universidade de Old Dominion iniciando uma carreira ímpar que culminou com a conquista da WNBA, em 2005, ao serviço das Sacramento Monarchs.
Atualmente, após a despedida, a melhor jogadora portuguesa de sempre tornou-se agente e nessa condição foi determinante na decisão de Maria Kostourkova e Carolina Bernardeco de rumarem aos Estados Unidos. “Falei com a Maria e a Carolina, em Matosinhos, no decorrer do Europeu, e coloquei-me à disposição, para as ajudar. Estou por dentro do que se passa nos Estados Unidos e aconselhei-as a virem para cá, caso seja a sua vontade em estudar e jogar basquetebol a sério”, disse-nos Ticha Penicheiro.
Deixar a família, amigos e arriscar uma vida no estrangeiro, para uma jovem de 17 anos, pode ser um inibidor. “A minha história é semelhante. Também arrisquei e elas também têm de arriscar se querem cumprir o sonho. Sei que é difícil, tanto para elas como para os pais, verem partir os filhos, ainda por cima sendo filha única como a Maria, e por isso falei com a Mariana Kostourkova e a Isabel Ribeiro dos Santos. Passou-se o mesmo com os meus pais. É importante que eles lhes transmitam a confiança. Devem estar orgulhosos. Estou muito contente por ver que seguiram os meus conselhos”, salientou a ex-jogadora nascida na Figueira da Foz e que, desde ontem, observa na Hungria algumas jogadoras que disputam a Liga feminina magiar.
Refira-se que Carolina Bernardeco vai ingressar na Old Dominion, a mesma universidade onde Ticha Penicheiro se iniciou em 1994, quando representava, em Portugal, o União de Santarém.
Mariana Kostourkova: «Há talento mas faltam condições»
Mariana Kostourkova, além do cargo de selecionadora nacional de sub-18 feminina, é a responsável pela equipa feminina do CAR Jamor. Para a treinadora, esta emigração de jovens talentos portugueses não constitui uma surpresa, uma vez que conhece bem a realidade do basquetebol português.
“Em Portugal, infelizmente, há talento mas faltam condições para um jovem estudar e jogar basquetebol, quando termina o 12.º ano. É necessário trabalhar muito para se atingir um nível de qualidade, mas os jovens têm de optar em treinar ou estudar. Há muita matéria-prima, mas falta cultura desportiva, além das condições. Quanto à ida de tantas jogadoras para os Estados Unidos, não é uma surpresa. Considero ser benéfico, não só para elas que vão continuar a estudar e a jogar, como para o futuro do basquetebol português”, disse.
Manuel Fernandes, o novo presidente da Federação, aponta o trabalho efetuado nos clubes e nos centros de treino como o principal responsável por este êxito no setor feminino.
“São boas notícias para o basquetebol português. Resulta esta ida de jovens para os Estados Unidos do facto de as gerações de 1993 a 1999 terem realizado um bom trabalho, tanto nos clubes como nos centros treino da Federação”, disse.
CURIOSIDADES
» Segundo o presidente da FPB, Manuel Fernandes, “há apenas um inconveniente” nesta ida das jovens para os Estados Unidos. A alteração do calendário das competições europeias, que decorrem de outubro a fevereiro, impede as jogadoras de representar as seleções nacionais, uma vez que as competições nos Estados Unidos são coincidentes e os College não permitem que viajem.
» A jovem base/extremo do Benfica Jovana “YoYo” Nogic, de 16 anos, que fez toda a formação no clube da Luz, vai também emigrar para os Estados Unidos, aceitando o convite da Providence College. Jovana Nogic, filha do treinador do Benfica, Goran Nogic, embora tenha dupla nacionalidade, optou por representar a seleção da Sérvia, tendo mesmo vencido o Europeu de sub-16 (Divisão B), batendo na final... Portugal.
» O sector masculino português também tem os seus representantes nos campeonatos norte-americanos. São cinco os jogadores nacionais que jogam nos Estados Unidos. Luís Câmara (22Ft Academy), Cândido Sá (San Jacinto College Central), Daniel Relvão (Mt. Mission), jogador que em 2015 vai representar Valparaíso (NCAA), Rúben Silva (South Dakota State) e Óscar Pedroso (Chaminade).
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