Neemias Queta quer colocar "Portugal no mapa" da NBA: «Poderia abrir muitas portas»

Poste português sublinha a sua evolução no capítulo físico, mas ainda diz estar "verdinho"

O português Neemias Queta enalteceu este sábado a robustez física consolidada durante três épocas nos campeonatos universitários norte-americanos, vital para augurar a entrada na NBA.

"Diria que é aquilo que evoluí mais. O meu equilíbrio melhorou bastante. Ao mesmo tempo, é um jogo totalmente diferente. A NBA é um jogo de homens e acho que ainda estou verdinho em termos de força e peso. Tenho de trabalhar muito nisso, sendo que apresentar um lançamento consistente também me pode dar muitas opções no futuro", admitiu à agência Lusa o ex-poste dos Utah State Aggies, em pleno Draft Combine.

O jogador natural de Lisboa despediu-se em março da formação de Logan, no estado do Utah, para apostar no draft, evento anual de recrutamento de novos atletas, aprazado para 29 de julho, na Barclays Centre Arena, casa dos Brooklyn Nets, em Nova Iorque.

"Não me contento com o que já fiz e tento sempre olhar para o que aí vem e ainda posso fazer. De certo modo, tento menosprezar tudo o que já consegui. Penso que é uma boa fórmula para continuar a crescer como jogador e tem estado a funcionar comigo", frisou, em jeito de balanço da passagem iniciada no verão de 2018 pelos Utah State Aggies.

Quetão, como é apelidado Neemias Esdras Queta Barbosa, adolesceu no Vale da Amoreira, no concelho da Moita, e ganhou uma bolsa universitária para realizar o sonho americano, sem ter gastado muito tempo para se evidenciar no outro lado do Atlântico.

"Diria que os melhores momentos foram conquistar os títulos da conferência Mountain West [2019 e 2020] e ir ao 'March Madness' [torneio universitário a nível nacional, em 2019 e 2021]. Sempre foi um sonho jogar nessa atmosfera, além de ter sido muito importante para mim ajudar os colegas de equipa a fazer história na faculdade", notou.

Contente por ter dominado tudo o que estava sob seu "controlo", o poste lembrou ainda o impacto da entorse no joelho esquerdo, com luxação da rótula, sofrida em julho de 2019, em Matosinhos, num inédito triunfo da seleção lusa de sub-20 na Divisão B europeia.

"Tive de trabalhar muito para recuperar [até dezembro desse ano]. Fui-me questionando se voltaria a ser o mesmo, pois tanto há grandes progressos como alturas em que dás passos atrás e ficas em baixo. Lidei muito bem e tentei encarar como uma oportunidade para descansar o meu corpo e, mentalmente, tirar uma pausa do basquetebol", vincou.

Formado entre Barreirense e Benfica, o melhor rookie e defesa de Mountain West em 2019 ainda se declarou elegível para o draft da NBA e estreou-se no 'combine' há dois anos, mas recuou nessa decisão antes do evento de seleção, ao qual acederá este ano.

"Quero que o draft chegue o mais rápido possível para começar o meu périplo na NBA. Seria algo inovador e poderia abrir muitas portas. Metia Portugal no mapa e conseguia trazer um bocado do nosso país para os Estados Unidos. Era o meu sonho", considerou, desejando ser o primeiro português a atuar no campeonato mais prestigiado do mundo.

O crescimento de Neemias Queta tem sido atestado esta semana por observadores das 30 franquias da NBA no Draft Combine, que se realiza até este domingo, na Wintrust Arena, em Chicago, na sequência do vice-campeonato da conferência alcançado em 2020/21.

"Como era um jogador mais velho, tinha de assumir mais responsabilidade nas minhas decisões e ser mais sólido dentro do campo. Fora dele, tive de ser uma espécie de irmão mais velho para os miúdos de primeiro ano, até em prol de um bom espírito de equipa", avaliou o poste, de 21 anos, que deixou de estar ladeado pelo compatriota Diogo Brito.

Recordista de desarmes num só jogo (nove) e na temporada (97) perante as quase 350 instituições do escalão máximo do basquetebol universitário norte-americano (NCAA), esteve ainda no lote de quatro finalistas ao galardão Naismith de melhor defesa do ano.

"Sinceramente, sinto que quando salto é para ir lá desarmar. É sempre assim que tento atacar os lançamentos dos adversários. Se pode ajudar a intimidá-los? De certa forma, sim, mas é relativo. Não diria que é algo especial por ser feito por mim. É tão só o que é expectável perante jogadores com o meu tipo de físico e características", enquadrou.

Neemias Queta, de 2,15 metros de altura e 112,6 quilos de peso, integrou o cinco ideal de Mountain West esta temporada e despediu-se da universidade de Utah State com médias de 14,9 pontos, 10,1 ressaltos, 2,0 assistências e 3,3 desarmes de lançamento.

"Nem sequer tinha hipótese de jogar aqui se não tivesse as notas em dia. Estava a estudar comunicações e acabei bem o terceiro ano de faculdade. Falta um ano para terminar os estudos, mas agora vou congelar a matrícula para tratar o basquetebol como um profissional. A partir daí, tentarei tirar uma ou duas cadeiras por semestre", contou.

A ordem de escolha das 30 franquias no draft foi sorteada na passada terça-feira e os jogadores interessados em ingressar na NBA poderão desistir até 19 de julho, sendo que quem não for selecionado neste recrutamento poderá, ainda assim, ser contratado posteriormente.

"Eu encaro tudo. Tudo o que vier ao meu prato irei encarar com o máximo de seriedade possível para tentar dar o meu máximo, pelo que não descarto a G-League [campeonato oficial de desenvolvimento da NBA]. É uma oportunidade para evoluir perante alta competitividade e só me poderia ajudar a crescer e melhorar individualmente", finalizou.

Por Lusa
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