Cândido Barbosa assistiu, em França, aos seus primeiros Europeus como presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, ele que, como ciclista, foi campeão europeu de esperanças em 1996. Também acompanhou a comitiva nos Mundiais do Ruanda.
Ao nosso jornal fez o balanço da participação portuguesa neste Europeu, onde nenhum dos quatro portugueses terminou, sendo que um deles, António Morgado não alinhou mesmo.
Record: Que balanço se pode fazer destes Europeus para a
comitiva portuguesa?
Cândido Barbosa: Para nós está dentro da nossa linha. Penso que há aqui algumas
agradáveis surpresas, nomeadamente o Lucas Lopes, com o oitavo lugar nos
Sub-23. A própria Raquel Queirós, em acabar, independentemente do posto, é um
ótimo sinal, porque ela está a derivar do BTT para a estrada. Este resultado
significa algo para uma aposta para o futuro. Quanto aos juniores, foi uma
experiência e nós temos que estar cá, porque para estas camadas jovens, é
essencial começarmos a participar com o maior número de atletas, que é isto que
nós temos vindo a apostar.
Quanto aos profissionais, sinceramente se o Pogacar arrancar logo na partida, daqui a pouco, chegam seis ou sete ao fim. A diferença entre estes dois, três ou quatro ciclistas, é imensa. Alguns participaram na Vuelta, e acabaram por manter aqui um nível de forma com o objetivo do Mundial e vieram para o Europeu com o seu máximo. Naturalmente que nós tivemos aqui dois percalços com o João a não estar bem, a não recuperar depois da Volta a Espanha. Sabemos que a última semana do João na Volta a Espanha já foi com alguma doença, com algum estado mais debilitado. Em relação ao Morgado, é algo que quem foi à África sabe que são os reflexos com diarreias e gastroenterites, coisas que acontecem a qualquer ser humano.
Naturalmente que o Tiago Antunes e o próprio Rui Costa fizeram uma excelente corrida e estavam ainda em corrida, mas a posição da organização de encostar os atletas com este tempo de dez minutos, quando só à frente deles iam 18 atletas, não se compreende, mas temos que respeitar. Mas não saímos daqui com nenhum sabor amargo por não termos, com os elites, conseguido terminar. Foi pena que não nos tivessem deixado terminar com o Rui e o Tiago.
Record: O público português tem cada vez mais expectativas em relação à seleção
portuguesa, qual é a mensagem que pode transmitir aos adeptos que não viram
terminar os seus corredores?
Cândido Barbosa: O público português tem que perceber que estamos a 5 de
outubro, é mesmo final da época e final daquilo que é uma
temporada desgastante para todos. Não podemos chegar ao 5 de outubro, às vezes,
no melhor da nossa forma física. Fizemos o nosso melhor. Os atletas deram tudo.
Não foi possível fazer mais. Por isso não se pode penalizar ninguém que, há 20
dias atrás, acabou por fazer pódio numa Vuelta (ndr: João Almeida). O Rui Costa e o próprio Tiago Antunes fizeram uma excelente
corrida e sabemos como foram encostados.