Acórdão de ex-ciclistas e dirigentes da W52-FC Porto adiado para 12 de dezembro

Processo 'Prova Limpa' envolve 26 arguidos

Defesa de Nuno Ribeiro responsabiliza Adriano Quintanilha no caso 'Prova Limpa'
Defesa de Nuno Ribeiro responsabiliza Adriano Quintanilha no caso 'Prova Limpa' • Foto: Ricardo Jr.

Foi adiada esta terça-feira a leitura do acórdão do processo 'Prova Limpa', que envolve 26 arguidos, incluindo ex-ciclistas da W52 Quintanilha, acusados de integrarem um esquema de doping.

O adiamento ficou a dever-se à alteração da qualificação jurídica dos crimes, uma vez que a eventual pena de interdição do exercício da atividade aplicada à Associação Calvário e Várzea - Clube de Ciclismo terá de ser publicitada, conforme referido em audiência pelo juiz presidente.

Perante esta requalificação jurídica, a defesa da associação pronunciou-se e manifestou intenção de recorrer desta alteração, tendo requerido prazo para apresentar a respetiva contestação. A leitura do acórdão ficou assim remarcada para 12 de dezembro, às 14 horas.

O Ministério Público (MP) pediu, em maio, penas suspensas para os arguidos julgados pelo envolvimento no esquema de doping na extinta W52-FC Porto, na condição de todos indemnizarem a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), considerando terem ficado provados "todos os factos e todos os crimes" que constam da acusação.

Em 24 de abril de 2022, no decorrer do Grande Prémio O Jogo, a Polícia Judiciária realizou "várias dezenas de buscas domiciliárias e não domiciliárias em diversas regiões do território nacional", envolvendo cerca de 120 elementos e visando maioritariamente as residências dos ciclistas e dirigentes da W52-FC Porto.

Durante a operação 'Prova Limpa', foram apreendidas várias centenas de seringas e agulhas de vários tipos, material para transfusão de sangue ou mesmo bolsas usadas com vestígios hemáticos, e substâncias dopantes como betametasona, somatropina, menotropina, TB 500, insulina ou Aicar, entre outras.

Os 26 arguidos respondem por tráfico de substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 por administração de substância e métodos proibidos.

Entre estes estão Adriano Teixeira de Sousa, conhecido como Adriano Quintanilha, a Associação Calvário Várzea Clube De Ciclismo -- o clube na origem da equipa -, o então diretor desportivo Nuno Ribeiro e o seu 'adjunto' José Rodrigues.

Nas alegações finais de um julgamento que arrancou em fevereiro de 2024, o procurador, que atribuiu aos arguidos diferentes graus de responsabilidade, considerou Quintanilha, Ribeiro e Hugo Veloso, contabilista da equipa, como "os principais mentores e responsáveis" pelo esquema de doping na W52-FC Porto.

Em julgamento, o ex-diretor desportivo e o 'patrão' da equipa apresentaram versões opostas e contraditórias, com Ribeiro a assumir a existência de doping, financiado e incentivado por Adriano Quintanilha, "mestre da manipulação, que queria ganhar a todo o custo".

O vencedor da Volta a Portugal de 2003 afirmou que era Quintanilha quem financiava o doping na equipa, dando dinheiro aos ciclistas para que adquirissem os produtos ilícitos, algo que o dono da W52-FC Porto negou.

O procurador admitiu que o mais difícil neste processo é determinar as penas a aplicar aos arguidos, entre os quais se incluem farmacêuticos que 'forneciam' as substâncias dopantes, defendendo que, apesar da gravidade dos crimes, e como são primários, estes "não devem cumprir pena efetiva".

João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo Mestre, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, José Neves, Ricardo Vilela, Joni Brandão, José Gonçalves e Jorge Magalhães são os ex-ciclistas da W52-FC Porto julgados por tráfico de substâncias e métodos proibidos, assim como Daniel Freitas, que representou a equipa de 2016 a 2018.

A W52-FC Porto era a melhor equipa do pelotão nacional, tendo vencido ininterruptamente na estrada a Volta a Portugal entre 2016 e 2021. No entanto, as edições de 2017 e 2018, conquistadas por Raúl Alarcón, e 2021, na qual triunfou Amaro Antunes, ficaram posteriormente sem vencedor devido às suspensões por doping impostas aos dois antigos ciclistas devido a anomalias no passaporte biológico.

Por José Santos e Lusa
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