José Poeira criticou regra que levou ao abandono de Tiago Antunes e Rui Costa
José Poeira fez ao nosso jornal o balanço da prova deste domingo do Europeu de fundo, onde o quarteto português não chegou ao fim. O selecionador nacional critica, de resto, a regra que levou ao abandono de Tiago Antunes e Rui Costa.
Record: Que balanço se pode fazer desta prova?
José Poeira: Foi bastante dura sobretudo com esta regra que, quando passa com
dez minutos de atraso na meta, mandam encostar os corredores quando ainda
faltam duas voltas. O que é certo é que só estavam 15 corredores na frente. Não
estamos numa prova em que passamos na 80ª ou 100ª posição. Estou a falar de 15
corredores na frente. É uma regra que não se compreende bem, mas é a regra. Acho que não devia ser assim porque não estamos a falar de grupos muito
atrasados ou já com muitos corredores na frente com grupos de 60 ou 70 ou 80. Não é nada disso, estavam apenas 15 à nossa frente. Acho que a
corrida podia continuar. O grupo onde vinham o Tiago e o Rui, certamente que podia apanhar outros corredores isolados e porque não chegar perto dos dez primeiros,
por exemplo. Numa corrida destas, além dos 10 primeiros, ainda é corrida. Acho
que ali não tinha justificação para mandar encostar o grupo onde estavam os
nossos atletas e fazia sentido acabarem.
Record: Em relação às exibições de cada um dos atletas?
José Poeira: O Tiago entrou na fuga, era o corredor que estava mais à frente,
e, quando atacaram atrás, formou-se um grupo onde ele estava. Depois, já na
parte final da subida, não conseguiu passar com o grupo e ficou sozinho. Nessa
altura devia ser o 19º. Depois, mais atrás vinha um grupo grande com o Rui e
com outros corredores bons. Quanto ao João Almeida também não teve um dia bom
porque já estava aqui um bocado adoentado. No final de época, às vezes os
corredores já não estão com a mesma forma, com o desgaste do ano, e não foi um
dia bom para ele. O António Morgado também não estava bem e não alinhou. Podia
ser uma coisa muito melhor, mas o dia de hoje foi assim, então não há nada a
fazer.
Record: Enquanto selecionador, que balanço faz da temporada da seleção?
José Poeira: O balanço é bom para os nossos corredores com as equipas deles e
connosco. Em termos de Sub-23, que correm mais connosco, ou os juniores, acho
que foi bom porque tivemos um Tour de l’Avenir bom, tivemos um Mundial bom, e
tivemos um Campeonato da Europa bom, muito bom. Noutras provas que fizemos,
tivemos a Corrida da Paz em que entramos nos dez primeiros e a Corrida da
Polónia em que entramos nos vinte primeiros. Os juniores também conseguiram
andar a fazer provas por etapas dentro dos vinte primeiros, portanto isso não
deixa de ser um bom sinal. Agora, aqui, também estamos um bocado limitados em
termos de corredores que podiam participar, por diversas questões. Mas com estes
corredores que alinharam, hoje, e tudo a correr bem, podia ter sido um dia bom,
mas não foi.
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