A Volta a Portugal Feminina Cofidis conheceu esta quinta-feira a terceira camisola amarela diferente, Francesca Hall (DAS-Hutchinson-Brother-UK), em três etapas. Mas também assistiu a algo já visto: a vitória ao sprint da neozelandesa Michaela Drummond (Arkéa-B&B Hotels).

A ligação entre Anadia e Pombal era a mais extensa de toda a competição, 121,9 quilómetros, e foi disputada sob um calor abafado. Seria, no entanto, um furo a ditar alterações significativas na classificação geral.

A vítima foi Mara Roldan (Cynisca Cycling), que partiu de amarelo, mas que se atrasou devido ao percalço mecânico, ocorrido nos derradeiros dez quilómetros. Perdeu o contacto com o pelotão principal, não assistiu a mais uma demonstração de força no sprint de Michaela Drummond, que repetiu o sucesso da primeira etapa, e viu as rivais na luta pela geral passarem por ela.

Numa corrida em que tudo está em aberto, a britânica Francesca Hall subiu ao topo da classificação geral, e até já alterou os objetivos com que iniciou a corrida. "Para ser sincera, não vim com a classificação geral em mente, mas apenas com a ideia de conseguir o máximo que fosse possível para o coletivo. Mas, da forma como temos corrido e com a força que a equipa tem demonstrado, não há razões para não estarmos na luta pela geral até ao último dia", avisa a corredora que foi décima classificada no recente Campeonato Nacional britânico. Ou seja, a mais bem classificada de uma equipa não pertencente ao WorldTour.

A nova comandante parte hoje para a quarta etapa com oito segundos de vantagem sobre Ashley Frye (Cynisca Cycling) e com onze à melhor sobre Daniela Campos (Eneicat-CMTeam). Além de ter passado a ser a melhor jovem da competição, a campeã nacional de fundo e de contrarrelógio está agora mais perto da camisola amarela, tendo sérias hipóteses de lutar pela vitória final, dado que o contrarrelógio de Lisboa, no domingo, favorece as suas caraterísticas.

Antes disso há que disputar a quarta etapa, neste sábado. Será uma viagem de 92,5 quilómetros, com partida do Museu Joaquim Agostinho, Torres Vedras, às 12h45, e chegada prevista para as 15h25, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.

A nova vida de Tiago Machado

Tiago Machado dispensa apresentações para qualquer adepto de ciclismo. Dono de um currículo que inclui vários anos no World Tour e vitórias internacionais, o ex-ciclista é agora diretor desportivo na Academia Efapel, onde trabalha com jovens de formação e com o ciclismo feminino.

"Está a ser um ‘desmame’ aos poucos", conta. Continua não dispensar os passeios de bicicleta, mas garante que o novo papel "é muito gratificante". "Treinar jovens é fantástico e faz-me reviver os momentos em que comecei a correr. Até as desculpas ainda são as mesmas". Porém, mesmo na hora de treinar é na estrada que se sente melhor: "É onde mais consigo ensinar".

O responsável pela equipa feminina da Efapel mostra-se satisfeito por ver em Portugal uma "corrida com o nível da Volta a Portugal Feminina Cofidis", ainda que apele por "mais dias de competição" para o ciclismo feminino em Portugal. "Só nas corridas é que conseguem evoluir e atingir outro nível", conclui.