Conheça as apostas de cada formação e também os seus objetivos
Primeira Grande Volta do ano, o Giro'2023 contará com a presença das 18 formações do World Tour e ainda mais 4 convidadas pela organização (três italianas e ainda uma israelita). Abaixo poderá conhecer um pouco melhor cada uma delas, saber as suas apostas e quais os reais objetivos. Uma análise da autoria do especialista Pedro Filipe Pinto.
O arco íris comanda a alcateia! Depois de, na Vuelta, ter conquistado a sua primeira Grande Volta, Remco Evenepoel sagrou-se campeão do Mundo e, recentemente, revalidou o título da Liège-Bastogne-Liège, mostrando que está em grande forma na antecâmera do Giro. O prodígio belga é um dos dois alvos a abater e a larga quilometragem de contrarrelógio vai beneficiá-lo bastante. Porém, Remco não vai apenas defender-se na montanha, isto porque já provou conseguir deixar os melhores para trás. Para o ajudar terá homens fortes na montanha como Hirt, Van Wilder e Vervaeke, sendo que os restantes também conseguirão dar uma ‘mãozinha’. Veremos se as más memórias da Volta a Itália não lhe voltam à cabeça.
Está ali escrito líder, mas Andrea Vendrame é mais um joker do que um líder. O italiano vai ser o ‘ponta de lança’ da formação francesa, que vai ter nas fugas a principal fonte de rendimento. Daí Vendrame ser o líder, isto porque é um ciclista que sobe muito bem e é rápido em grupos restritos. Aurélien Paret-Peintre também deverá tentar algumas vezes, mas não o vejo com grande capacidade para sair com algo desta competição. De resto não espero grande coisa desta AG2R.
Longe vão os tempos em que a Alpecin só ganhava com Mathieu van der Poel! Kaden Groves veio para substituir Merlier e leva três vitórias esta temporada. Na época estreou-se em Grandes Voltas e saiu logo com uma vitória da Vuelta, pelo que quer picar o ponto na prova italiana e, se a ‘coisa’ estiver a correr bem, se calhar até vai apontar à camisola ciclamino, dos pontos. O comboio é bastante competente, com homens como Sbaragli e Sinkeldam a assumirem papéis preponderantes no lançamento. Stefano Oldani poderá ser a aposta para algumas etapas, intrometendo-se em fugas.
O grande objetivo do ano para Mark Cavendish é ganhar uma etapa na Volta a França de modo a bater o recorde de vitórias (34) de Eddy Merckx no Tour. Por este motivo, é bastante improvável que o britânico de 37 anos faça mais de metade do Giro. Vai disputar as etapas ao sprint contra adversários que não serão os do Tour. Se ganhar, perfeito para a confiança, se não ganhar... veremos se isso o afeta. Não vejo um grande comboio dentro desta equipa que tem estado um pouco ‘às moscas’ esta temporada, por isso Cav terá de trabalhar sozinho muitas vezes. Em relação à geral, veremos como está a forma de Dombrowski. Se esse não for o objetivo (que é o meu feeling), o foco do norte-americano vai ser uma vitória de etapa, foco que também vai ser o de Moscon e Luis León Sánchez.
Coloco Caruso como líder apenas por respeito – é também por isso que a equipa lhe dá o dorsal 1 –, mas vejo Jack Haig e Santiago Buitrago como as armas mais perigosas da Bahrain. O colombiano ainda não ganhou este ano, mas já somou 3 pódios, sendo que o último foi na Liège. O australiano tem tido um ano regular e recentemente sacou um terceiro lugar no Tour dos Alpes que lhe deu bastante confiança. Apesar de tudo nunca se pode descartar Caruso, que ainda no Tour da Romândia mostrou-se a um excelente nível, terminando no terceiro posto. De resto, esta equipa tentará surpreender com Pasqualon nas chegadas em pelotão compacto, enquanto Gino Mader e Jonathan Milan vão tentar a sua sorte através de fugas.
Aleksandr Vlasov é um ciclista super talentoso e já com alguma experiência, mas terá o papel de defender o título que foi conquistado por Jai Hindley na temporada passada. Como pode ver, o russo terá apoio bastante importante com os nomes de Jungels, Kamna e Konrad a saltarem à vista, mas o problema está… na concorrência. Há dois corredores que, no plano teórico (isto nunca é linear), estão acima dos restantes, pelo que o objetivo de Vlasov deverá ser o pódio, o que também seria uma estreia, depois de um quinto lugar no Tour (2022) e de um quarto posto precisamente no Giro (2021). Mas com uma equipa recheada de talento, a formação alemã não se vai cingir a Vlasov, por isso vejo Kamna, Jungels e Aleotti a tentarem a sorte em fugas… principalmente Kamna!
As equipas francesas… sinceramente! Tal como a AG2R, também a Cofidis vai precisar que os astros se alinhem para sair a sorrir desta prova. A grande esperança vai estar depositada em Consonni, que vai tentar intrometer-se nos sprints e, com um bocadinho (bocadão) de sorte, a vitória pode sorrir-lhe. Se se aguentar até ao fim, pode ter uma boa oportunidade. Para as fugas, o homem mais perigoso vai ser Rémy Rochas.
Esta EF tem aqui pano para mangas! Com um líder chamado Hugh Carthy e um sub-líder de seu nome Rigoberto Urán, esta equipa aponta ao top 5, mas não será uma mensagem nada fácil. Contudo, olho para este bloco e vejo muito mais do que classificação geral. Magnus Cort é um caçador de etapas 'premium' e será uma dor de cabeça em muitas fugas; Ben Healy estreia-se em grandes voltas e poderá ser uma das grandes revelações depois de um bom período de clássicas; e Alberto Bettiol... tem dias. Atenção a esta equipa de equipamento... peculiar.
Fresquinho da vitória na Volta às Astúrias, Lorenzo Fortunato, que se mostrou ao Mundo ao vencer a etapa do Monte Zoncolan em 2021, vai tentar colocar a EOLO no top 10 da Volta a Itália. O corredor italiano de 26 anos chega com muita motivação e já com a experiência de duas participações no Giro, por isso acredito que a ambição seja bem elevada esta época. Se o objetivo geral não correr bem, as agulhas viram-se para as vitórias de etapa. Há ali uma ou duas que são boas para Albanese, sendo que a sua melhor oportunidade será através de uma fuga.
Tudo o que seja chegadas em punch, naquelas subidas curtas mas inclinadas, cuidado com Filippo Fiorelli! Provou no Giro da Sicília que é capaz de lutar por vitórias e deverá ser o homem em destaque desta Bardiani. Gabburo fartou-se de estar fugido na temporada passada e poderá tentar surpreender na primeira semana.
Na temporada de despedida do pelotão, Thibaut Pinot tem planeado fazer Giro e Tour e só espero que não tenha nenhum azar, porque já teve muitos ao longo da carreira. Com Gaudu a fazer mira ao pódio da Volta a França, acredito que Pinot aponte à geral em Itália, para depois tentar despedir-se em beleza com uma vitória de etapa na prova gaulesa. Esse era o cenário perfeito. No entanto, considero que Stefan Kung seja a principal arma da equipa. O suíço já bateu Ganna e sempre em contrarrelógios mais curtos, por isso o grande objetivo da Groupama é ser a primeira equipa a vestir a camisola rosa e, depois, tentar novo triunfo na etapa 9.
No papel, a Ineos chega ao Giro com dois líderes. Um tem feito uma temporada bastante regular, com triunfos e resultados de relevo; o outro… ainda não apareceu. Tao Geoghegan Hart vem fresquinho de duas vitórias de etapa e da geral do Tour dos Alpes, isto depois de fazer terceiro no Tirreno Adriático. Por isso, vejo o campeão de 2020 como a grande arma da formação britânica, contando com a ajuda preciosa de trepadores como Sivakov, Arensman e de Plus, que também se mostraram a um excelente nível nos Alpes. O grande problema de Geoghegan Hart será mesmo a grande quilometragem de contrarrelógio. Aí será Geraint Thomas mais forte entre os dois líderes, mas não vejo o galês a fechar no top 10 final.
Com 9 vitórias nesta temporada, a Wanty pode muito bem aspirar a um triunfo na Volta a Itália e tem alguns candidatos a essa proeza. Bonifazio ganhou na Sicília e chega em boa forma, podendo ameaçar nas chegadas em pelotão compacto. Já Lorenzo Rota será o homem mais perigoso no que toca à montanha. Poderá entrar a pensar na geral, mas acho que vai perceber que conseguirá muito mais deste Giro se se aventurar nas fugas para tentar festejar uma vitória.
Do desemprego… para a liderança de uma equipa no Giro. Aos 40 anos, Pozzovivo não deverá representar uma grande ameaça aos candidatos ao top 5, mas é sempre uma pedra no sapato para quem sonha com o top 10. Se perder tempo nas primeiras montanhas (o que é normal devido ao pouco ritmo de corrida – só tem 11 dias de competição este ano), poderá apostar numa fuga para recuperar o tempo perdido e tentar uma vitória. De resto, só vejo Simon Clarke e Mads Wurtz Schmidt com capacidade para sonharem com algo nesta corrida.
Com o poleiro do Tour entregue a Jonas Vingegaard, Primoz Roglic volta a virar agulhas para o Giro, prova na qual fez pódio em 2019. É, a par de Evenepoel, o principal favorito e traz uma equipa apenas focada em si. Contudo, o azar bateu à porta da Jumbo-Visma, com dois dos principais homens de montanha a terem de ficar em casa devido à Covid-19. Robert Gesink e Tobias Foss foram substituídos à última da hora por Rohan Dennis e Jos van Emden. Todos nos lembramos do que Dennis fez no Giro de 2020 naquela etapa em que João Almeida perdeu a camisola rosa, por isso acaba por ser um substituto à altura.
Em forma, é o melhor sprinter deste pelotão, a dúvida é mesmo saber se Fernando Gaviria está em forma. Com duas vitórias esta temporada, o colombiano de 28 anos será o ganha-pão da Movistar neste Giro e terá um bom comboio com Will Barta e Rojas a abrirem caminho e Max Kanter a lançar. Veremos como responde aquele que, em tempos, já foi visto como o ciclista mais rápido do Mundo. A concorrência não era a mais forte, mas o triunfo no Tour da Romândia deu-lhe confiança. Nas montanhas, atenção a Einer Rubio, que tem vindo a crescer bastante nos últimos tempos. Nas Astúrias só ficou atrás de Fortunato.
Mais uma equipa francesa e muito pouco por onde se pegar. Barguil é sempre um perigo à vista para o ataque às etapas de montanha ou mesmo à camisola azul, se estiver para aí virado, claro. Contudo, o grande objetivo do trepador francês é fazer o pleno de vitórias nas grandes voltas. Já venceu no Tour e na Vuelta e agora estreia-se no Giro. Bouet é bastante experiente, mas já não o vejo com capacidade para ser uma ameaça, por isso aponto Alessandro Verre como um corredor ativo na sua estreia em Grandes Voltas e logo em ‘casa’. Já David Dekker tem uma oportunidade de se mostrar como o sprinter principal numa Grande Volta.
Em tempos chegou a falar-se que Nairo Quintana iria assinar por esta equipa italiana e, se isso tivesse acontecido, a Corratec estaria no Giro com outras ambições. Como isso não se sucedeu, Valerio Conti é a principal carta a ser jogada por esta formação que nasceu no ano passado. Attilio Viviani pode querer seguir as pisadas do irmão Elia, mas terá de ser em condições perfeitas, ou seja, em fugas. Ah, e uma coisa é certa, vamos ver muitas vezes estas camisolas cor de vinho na frente da corrida.
Andreas Leknessund é o líder da DSM? Sim. Vai lutar pelo top 10? Não. Vai tentar etapas em fugas? Sim. Tirando a parte do líder, responderia de forma igual em relação a todos os ciclistas desta equipa. Marius Mayrhofer tem alguns resultados interessantes este ano, mas daí até achar que vai conseguir algo relevante no Giro vai uma distância muito grande. Dainese acaba por ser a carta mais segura e, mesmo assim, num sprint ‘normal’ fica fora do top 5.
Michael Matthews é daqueles corredores cheios de classe que consegue ganhar em situações que às vezes ninguém espera. Em forma, o corredor australiano tem neste Giro duas ou três etapas que lhe assentam na perfeição e, por isso, traz uma equipa pronta para endurecer a corrida de forma a deixar homens mais rápidos para trás. Se calhar o seu grande rival será Mads Pedersen (Trek). De resto, Alessandro de Marchi é um especialista em fugas e já ganhou duas vezes no Giro; Postleberger também já ganhou e já vestiu a rosa; e Zana vai querer mostrar a sua camisola de campeão italiano.
Não são muitos os corredores que conseguem bater Roglic e Evenepoel no mano a mano. Ciccone conseguiu isso esta temporada e... a Covid-19 tirou-o do Giro, deixando um buraco gigante na Trek. Sim, esta equipa ainda terá o super Mads Pedersen, principal candidato à camisola dos pontos, e Bauke Mollema, corredor super experiente que é sempre candidato a uma vitória, mas não é a mesma coisa. Atenção a Daan Hoole para os contrarrelógios...
Será este o ano de João Almeida? Todos esperamos que sim. As peças estão lá, só falta trabalharem todas no mesmo sentido. Esse é que tem sido o grande problema. Em corridas em que não está Pogacar, a UAE parece algo anárquica, por isso veremos como responde a equipa em torno do corredor português. McNulty, Formolo e Vine são excelentes trepadores e o melhor apoio que, teoricamente, João Almeida já teve. O português já bateu de frente com Evenepoel e Roglic e só ficou atrás deles, por isso o objetivo passa pelo pódio. Será possível algo mais? Como os jogadores da bola dizem: jogo a jogo. Mas o foco não vai ser só a geral, isto porque o sprinter Pascal Ackermann também foi chamado e será dos principais nomes a lutar pelas etapas com finais em pelotão compacto.
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