Joaquim Agostinho é nome incontornável

Joaquim Agostinho é nome incontornável

Falar da participação portuguesa no Tour é falar de Joaquim Agostinho. O "Tino", como ficou conhecido o melhor ciclista nacional de sempre nas estradas francesas, é uma figura incontornável da Volta a França, com as suas 13 presenças na prova - apenas por uma vez não chegou ao final -, as 8 classificações no "top-10" (com 2 terceiros lugares) e as 5 vitórias em etapas, entre elas o triunfo no mítico L'Alpe d'Huez, em 1979. No entanto, o pioneiro foi António Alves Barbosa, que se estreou em 1956 com uma surpreendente 10.ª posição final, como integrante da seleção do Luxemburgo. Depois, o ciclista nascido na véspera de Natal de 1931 voltou a participar mais 3 vezes na "Grand Boucle" mas sem o mesmo sucesso - abandonou em 1957 e foi posteriormente 76.º (1958) e 65.º (1960).

Em 1957 assistiu-se a novo momento alto da história velocipédica nacional, com o jovem e malogrado José Manuel Ribeiro da Silva - então com 22 anos - a terminar no 25.º lugar na sua primeira e única participação na mais importante competição internacional de ciclismo. Num ano em que conseguiu o brilharete de passar na frente no alto do Tourmalet (2.113 metros), o ciclista de Lordelo confirmou as credenciais que lhe permitiram ganhar a Volta a Portugal em 1955 (com 20 anos) e 1957, além de uma 4.ª posição na Vuelta, neste mesmo ano. Porém, um estúpido acidente de motorizada, a 9 de abril de 1958, roubaria a vida ao jovem Ribeiro da Silva e retirou a Portugal, talvez, o sua maior figura da modalidade.

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Era de sucesso

Depois dos bons resultados iniciais, Portugal só voltaria a brilhar no Tour com a chegada de Joaquim Agostinho, em 1969, pois Antonino Baptista e José Sousa Cardozo passaram sem honra nem glória pelas estradas francesas - o primeiro registou 3 desistências e o segundo também não terminou na sua única participação. Mas Agostinho entrou em cena de forma estrondosa: integrado na equipa Frimatic, arrancou um 8.º lugar final numa edição em que ganhou também duas etapas, surpreendendo toda a gente.

Os anos foram de sucesso para o ciclista natural de Brejenjas, que surgia sempre na luta pelo "top-10" - o seu pior resultado foi um 15.º posto, em 1975, exceptuando o abandono de 1981, já com 38 anos. E, depois das "ameaças" de 1971 (5.º) e 1974 (6.º), o popular "Tino" conseguiu com reconhecido mérito chegar ao pódio nas edições de 1978 e 1979, anos em que apenas perdeu para o francês Bernard Hinault (vencedor de 5 edições do Tour) e para o holandês Joop Zoetemelk - ainda o recordista de participações na prova francesa (16, chegando sempre ao fim), de segundos lugares (6) e vencedor logo no ano seguinte (1980).

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Durante a "era" Agostinho, vários outros ciclistas nacionais o acompanharam. De todos, foi José Freitas Martins aquele que mais se aproximou dos feitos do maior ciclista português de sempre. Depois de um 33.º lugar na estreia, em 1973 - nesta edição, Fernando Mendes esteve também em destaque, concluindo a prova em 18.º, terminou em 12.º na edição de 1976, ano em que Joaquim Agostinho esteve ausente. Aquele foi outro dos emigrantes de sucesso do ciclismo português, averbou depois uma 16.ª posição em 1977, seguindo-se um 22.º lugar no ano seguinte.

A trágica morte impediu Joaquim Agostinho - com 41 anos, em 1983, ainda foi 11.º (!) - de cumprir o sonho de liderar a equipa do Sporting no Tour de 1984. No entanto, os seus companheiros de então estiveram em França para honrar a sua memória. E apesar dos resultados finais não serem brilhantes (Marco Chagas foi o melhor, na 77.ª posição), fica para história o brilhante triunfo de Paulo José Ferreira na 5.ª etapa, entre Béthune e Cergy-Pontoise, tornando-se no segundo português a conseguir tal feito.

Acácio da Silva

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Em 1986 inicia-se a era de Acácio da Silva, outro emigrante de sucesso. Embora sem grandes classificações finais - o melhor que conseguiu foi um 61.º lugar, em 1992, no último ano que correu a Volta a França -, o transmontano que despontou para o ciclismo no Luxemburgo entrou também para história ao vestir a camisola amarela durante 5 dias, depois de vencer a 1.ª etapa na edição de 1989. Antes, já havia ganho outras duas tiradas (1987 e 1988), aproveitando as suas qualidades de sprinter.

As participações nacionais no Tour tornaram-se mais esporádicas a partir da década de 80 e, depois de Acácio da Silva, foi a vez de entrarmos no período de Orlando Rodrigues. Ao serviço da Banesto, assumiu-se sobretudo como um grande ciclista de equipa, surgindo em 1996 ao lado de um Miguel Indurain que procurava a 6.ª vitória na prova francesa. A tentativa do espanhol não foi bem sucedida mas não se pode queixar da falta de apoio do português, que estaria mais 3 vezes na Volta a França, obtendo em 1997 o seu melhor resultado, com um 33.º lugar final.

Azevedo

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Depois de Orlando Rodrigues chegou José Azevedo. O vila-condense, à semelhança de Agostinho, entrou em grande estilo na alta roda, arrancando um notável 6.º lugar na estreia, em 2002, então ao serviço da equipa espanhola ONCE. No ano seguinte não seria tão feliz (foi 26.º), mas o seu valor inquestionável valeu-lhe a passagem para a US Postal, onde teria papel fundamental no apoio a Lance Armstrong. Em 2004 e 2005 esteve ao lado do norte-americano, contribuindo para a 6.ª e 7.ª vitória do mais bem sucedido ciclista na Volta a França. Apesar do esforço dispendido a defender o chefe-de-fila, isso não impediu Azevedo de garantir um fantástico 5.º lugar em 2004.

Depois de terminar 30.º em 2005, após a retirada de Armstrong na sequência do 7.º triunfo, José Azevedo surgiu em 2006 como líder da Discovery Channel (que sucedeu à US Postal), envergando mesmo o dorsal 1. Mas, apesar das fortes expectativas, o português não conseguiu repetir resultados anteriores e terminou em 19.º, naquela que foi a sua última participação na "Grande Boucle".

2010: Trio nacional

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Este ano, Portugal conta com três ciclistas no pelotão que parte de Roterdão para a 97.ª edição do Tour. Sérgio Paulinho, de 30 anos, é o nome em maior destaque. Estreou-se em 2007, com uma 65.ª posição, ao serviço da Discovery Channel, contribuindo para o triunfo final de Alberto Contador. O espanhol voltou a vencer o ano passado, agora na Astana, e sempre com Paulinho ao seu lado, tendo o português ficado em 35.º lugar. Os seus desempenhos motivaram o convite de Lance Armstrong para integrar a RadioShack e o heptacampeão do Tour espera agora que Paulinho o ajude a regressar às grandes conquistas, naquela que será a sua última participação na prova.

As cores nacionais estão também representadas por uma jovem esperança, Rui Costa (23 anos), que integra a Caisse d'Epargne e faz a sua segunda presença na Volta a França. O ano passado, pela primeira vez na "Grande Boucle", acabou por ser obrigado a desistir na segunda semana devido a uma queda. Espera-se melhor sorte este ano, numa equipa que não vai poder contar com Alejandro Valverde. Chega a frança moralizado, com o titulo nacional de contrarrelógio.

O outro português, este em estreia absoluta, é Manuel Cardoso. O sprinter da Footon-Servetto, de 27 anos, aspira a ganhar uma etapa por uma equipa que vai usar bicicletas douradas.

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PARTICIPAÇÕES DOS CICLISTAS PORTUGUESES

Joaquim AGOSTINHO (13)
1969 8.º
1970 14.º
1971 5.º
1972 8.º
1973 8.º
1974 6.º
1975 15.º
1977 13.º
1978 3.º
1979 3.º
1980 5.º
1981 abandono
1983 11.º
José AMARO (1)
1975 83.º
Joaquim ANDRADE (2)
1972 abandono
1973 64.º
José AZEVEDO (5)
2002 6.º
2003 26.º
2004 5.º
2005 30.º
2006 19.º
António ALVES BARBOSA (4)
1956 10.º
1957 abandono
1958 76.º
1960 65.º
Antonino BAPTISTA (3)
1958 abandono
1959 abandono
1960 abandono
Firmino BERNARDINO (1)
1975 abandono
José SOUSA CARDOSO (1)
1959 abandono
Joaquim CARVALHO (1)
1975 abandono
Marco CHAGAS (2)
1980 41.º
1984 77.º
Eduardo CORREIA (1)
1984 118.º
Acácio DA SILVA (6)
1986 82.º
1987 64.º
1988 92.º
1989 84.º
1990 108.º
1992 61.º
José Manuel RIBEIRO DA SILVA (1)
1957 25.º
Benedito FERREIRA (1)
1984 abandono
Fernando FERREIRA (1)
1975 61.º
Paulo José FERREIRA (1)
1984 abandono
Carlos MARTA (1)
1984 122.º
José MARTINS (4)
1973 33.º
1976 12.º
1977 16.º
1978 22.º
Fernando MENDES (4)
1972 abandono
1973 18.º
1975 abandono
1977 27.º
Herculano de OLIVEIRA (2)
1973 45.º
1974 abandono
Sérgio PAULINHO (2)
2007 65.º
2009 35.º
Orlando RODRIGUES (4)
1996 54.º
1997 33.º
1998 abandono
2000 87.º
Manuel SILVA (1)
1975 abandono
Rui COSTA (1)
2009 abandono
José XAVIER (1)
1984 119.º
Manuel ZEFERINO (1)
1984 94.º

VITÓRIAS DE ETAPAS (11)


1969 Joaquim AGOSTINHO 2 (Nancy - Mulhouse (5.ª); La Grande-Motte - Revel (14.ª))
1973 Joaquim AGOSTINHO 1 (Bordeaux - Bordeaux (16.ª-2))
1977 Joaquim AGOSTINHO 1 (Voiron - Saint-Etienne (18.ª))
1979 Joaquim AGOSTINHO 1 (Les Menuires - L'Alpe d'Huez (17.ª))
1984 Paulo José FERREIRA 1 (Béthune - Cergy-Pontoise (5.ª))
1987 Acácio DA SILVA 1 (Karlsruhe - Stuttgart (3.ª))
1988 Acácio DA SILVA 1 (Le Mans - Evreux (4.ª))
1989 Acácio DA SILVA 1 (Luxembourg - Luxembourg (1.ª))
2004 José AZEVEDO 1 (Cambrai - Arras (4.ª))
2005 José AZEVEDO 1 (Tours - Blois (4.ª))

Nota: Em 1989, Acácio da Silva andou 5 dias com a camisola amarela vestida. As duas vitórias de José Azevedo ocorreram no contra-relógio por equipas.

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