Investigação revela que equipas de ciclismo estão a usar monóxido de carbono para maximizar treino em altitude

Portal 'Escape Collective' conta que Visma-Lease a Bike, UAE Team Emirates e Israel-Premier Tech recorrem a esta técnica

• Foto: EPA

Segundo uma investigação do portal 'Escape Collective', várias equipas de ciclismo que participam na Volta a França estão a recorrer a uma prática potencialmente perigosa de inalação de monóxido de carbono, um gás que pode ser letal, com o intuito de maximizar o treino em altitude dos seus corredores. A publicação fala na Visma-Lease a Bike, de Jonas Vingegard, a UAE Team Emirates, de Tadej Pogacar e João Almeida, bem como da Israel-Premier Tech.

Estas equipas terão acesso a um aparelho denominado 'rebreather de monóxido de carbono', que permite a aplicação de uma dosagem precisa daquele gás nos pulmões, uma técnica usada em ambientes de pesquisa médica e científica, mas que chega agora ao ciclismo.

E ao que parece pode ser usada de duas formas, ainda de acordo com o 'Escape Collective': a primeira é denominada 'reinalação de monóxido de carbono', que permite analisar com rapidez e precisão os principais valores sanguíneos e otimizar os benefícios fisiológicos do treino em altitude; a segunda, mais agressiva, chamada 'inalação de monóxido de carbono', utiliza os mesmos equipamentos e técnicas, mas é muito mais arriscada, pois visa a inalação do gás com o intuito de melhorar o desempenho. Segundo a mesma publicação, recentes pesquisas científicas sugerem que a inalação de monóxido de carbono pode ter grande impacto nas medidas de capacidade aeróbica, como o volume de oxigénio consumido pelo atleta durante a realização de uma atividade física aeróbica ou consumo máximo de oxigénio.

A técnica não é proibida, mas pode entrar em conflito com as regras da Agência Mundial Antidopagem relativas à manipulação artificial de sangue. As três equipas em causa confirmaram ao 'Escape Collective' que têm acesso a um dispositivo de reinalação e que utilizam a técnica para fins de medição do impacto do treino em altitude. "Não é uma terapia, é uma ferramenta de diagnóstico que usamos para descobrir essencialmente qual é a fisiologia dos nossos atletas", explicou à publicação Adriano Rotunno, diretor clínico da Emirates. A Visma-Lease a Bike deu a mesma justificação.

O portal 'Escape Collective' refere, no entanto, haver estudos que sugerem que a inalação de monóxido de carbono pode proporcionar efeitos semelhantes aos do treino em altitude ao induzir um estado de privação de oxigénio.

Por Isabel Dantas
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