Ministro dos Negócios Estrangeiros adianta, no entanto, ser uma decisão que compete à UCI e não ao Governo espanhol
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, disse ser partidário da expulsão da Volta a Espanha da equipa Israel-Premier Tech, mas que é uma decisão que compete à União Ciclista Internacional (UCI) e não ao Governo.
Questionado se a equipa israelita deveria ser expulsa da Volta a Espanha em bicicleta (Vuelta), o ministro respondeu: "Compreendo-o e eu seria partidário disso".
O ministro acrescentou que, porém, é "uma decisão que não corresponde ao Governo de Espanha, corresponde à União Ciclista Internacional" e, portanto, o executivo espanhol "não teve nada a dizer" sobre a participação da equipa israelita na competição.
José Manuel Albares deu como exemplo a expulsão da Rússia de competições desportivas por causa da invasão da Ucrânia, em 2022, e considerou que não é possível "continuar a ter uma relação de normalidade com Israel como se nada estivesse a acontecer".
"Porque temos de mandar a mensagem a Israel, à sociedade de Israel. Têm de compreender que a Europa e Israel só se podem relacionar, como diz o artigo 2 do Conselho de Associação [acordo bilateral Israel-UE], quando se respeitam os direitos humanos", acrescentou o ministro, que falava numa entrevista à rádio pública espanhol (RNE).
A presença da equipa Israel-Premier Tech na Vuelta tem originado protestos desde o início da competição, em 23 de agosto, que provocaram alguns problemas, como quedas ou a paragem da Israel-Premier Tech no dia do contrarrelógio por equipas.
Na quarta-feira, a 11.ª etapa, com partida e chegada a Bilbau, terminou mesmo sem vencedor e com os tempos contabilizados a três quilómetros da meta, devido à presença massiva de manifestantes na meta, onde protestavam contra a situação no território palestiniano de Gaza e a presença da Israel-Premier Tech numa das três principais Voltas.
Nesse dia, o diretor técnico da Volta a Espanha, Kiko García, sugeriu que a equipa Israel-Premier Tech deveria abandonar a prova.
"Vamos tentar, todos juntos, forçar... que as pessoas entendam que a situação não é fácil e que, juntos, possamos encontrar uma solução. Para mim, só há uma, que seria a própria equipa Israel perceber que estar aqui não facilita a segurança de todos os outros", disse Kiko García.
A equipa respondeu que iria continuar a competir na Volta a Espanha, descartando a possibilidade de se retirar.
"A Israel-Premier Tech é uma equipa profissional de ciclismo e, como tal, continua comprometida em participar na Volta a Espanha. Qualquer outra alternativa abriria um precedente perigoso no ciclismo, não apenas para a Israel-Premier Tech, mas para todas as equipas", afirmou o conjunto israelita, em comunicado.
Num comunicado, a UCI condenou, no mesmo dia, as ações que motivaram a neutralização da 11.ª etapa da Volta a Espanha e reafirmou "o compromisso com a neutralidade política, a independência e a autonomia do desporto".
"O desporto, e o ciclismo em particular, têm um papel a desempenhar na união das pessoas e na superação de barreiras entre elas, e não deve, em nenhuma circunstância, ser usado como ferramenta de punição. A UCI expressa toda a sua solidariedade e apoio às equipas e aos seus funcionários, assim como aos ciclistas, que devem poder exercer a sua profissão e paixão em ótimas condições de segurança e serenidade", reconheceu.
A 80.ª edição da Vuelta começou em 23 de agosto, em Turim, na Itália, e decorre até 14 de setembro, em Madrid.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do grupo islamista Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez mais de 63 mil mortos.
Em 22 de agosto, a ONU declarou oficialmente a fome na cidade de Gaza, depois de os especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontram numa situação catastrófica.
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