Atleta parte com confiança para a jornada em Tóquio
Aos 25 anos, Margarida Silva, nutricionista, vai estrear-se nos Jogos Surdolímpicos Tóquio2025, que começam no sábado, competindo em três provas de atletismo de meio-fundo, com a ambição de "trazer, pelo menos, uma medalha"
"Quero representar Portugal e a comunidade surda portuguesa. E um dos meus maiores objetivos é trazer pelo menos uma medalha para o nosso país", referiu à Lisa a atleta, que competirá nas provas de 800, 1.500 e 5.000 metros.
Margarida Silva chegou ao atletismo aos 13 anos, depois uma passagem pela natação, modalidade na qual a integração "foi desafiante", porque "não conseguia ouvir as indicações nem fazer leitura labial, por não usar óculos graduados, o que dificultava a compreensão das tarefas".
"Acabei por abandonar a natação e, aos 13 anos, comecei a fazer corridas com o meu pai e a participar em corta-matos do desporto escolar. Destaquei-me a nível regional, e os meus pais inscreveram-me na secção de atletismo do Vitória de Setúbal. E foi assim que comecei a praticar atletismo", explica.
Depois de ter mudado do curso de Química Aplicada para o de Ciências da Nutrição, que concluiu em 2024, Margarida Silva trabalha atualmente como nutricionista na área de nutrição comunitária e saúde pública.
Assume que a conciliação de treino, competição e trabalho é gerível: "Competir é o principal objetivo do treino, pelo que as duas coisas se completam na perfeição. Por outro lado, o trabalho é uma variável que entendo como sendo necessária para um futuro pós carreira desportiva. A minha profissão de nutricionista e sobretudo a instituição onde trabalho, a NOVA Medical School, permitem-me ter flexibilidade para conciliar estes dois universos, o universo do desporto de alto rendimento e a vida profissional".
Margarida Silva, uma das duas representantes femininas da comitiva de 13 atletas lusos nos Jogos Tóquio2025, assume que foi o desporto que a consciencializou para a surdez.
"Desde muito nova, recorri à leitura labial. Contudo, nas competições de atletismo, as partidas não são feitas com contacto visual direto com o juiz de partida. Assim, a minha performance física acabava por ser condicionada pela minha audição", refere.
Margarida Silva conta que quando começou a obter "alguns resultados de relevo" o pai entrou em contacto com a Federação Portuguesa de Atletismo, mas "o receio da opinião dos outros" acabou por influenciar a sua preparação.
"A verdade é que foram precisos 10 anos para aceitar a minha surdez e para a expor. Só integrei o projeto de preparação em 2024. Hoje, estou de partida para os meus primeiros Jogos Surdolímpicos e acredito que isso reflete anos de trabalho --- não só físico, mas sobretudo psicológico e de aceitação da minha surdez", conta.
A meio-fundista, que competirá no Estádio Nacional de Tóquio, acredita que pode ser uma inspiração para outros atletas com deficiência auditiva, que não integra o programa dos Jogos Paralímpicos.
"Eu sou surda severa, e existiu um grande investimento por parte dos meus pais para que eu tivesse acesso a todas as ferramentas necessárias para aprender a comunicar com pessoas verbais. O medo de ser diferente e a sensação de que a sociedade coloca rótulos por uma eventual incapacidade, levou de certo modo a esconder esta condição (...) Acredito que dar abertura para as pessoas conhecerem a minha história, é desmistificar o rótulo que é colocado à partida [o de incapacidade]", explica.
Nos Jogos Surdolímpicos Tóquio2025, Portugal vai estar representado por 13 atletas, que competem em cinco modalidades: atletismo, ciclismo, judo, natação e tiro.
Esta edição marca o centenário desta competição multidesportiva, criada em 1924. Tóquio acolherá aproximadamente 3.000 atletas de cerca de 80 países, que competirão em 21 modalidades distribuídas por 17 arenas.
Portugal somará a sua nona participação em Jogos Surdolímpicos, competição na qual já conquistou 17 medalhas.
Prova juntará a partir de sábado 3 mil atletas
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