Portugal no Mundial WAKO no meio da incerteza: «Kickboxing volta a estar em xeque. E se isto fosse futebol?»

Selecionador Raúl Lemos lamenta que a situação de incerteza na modalidade se arraste

Raúl Lemos, aqui com Catarina Dias, alerta para a situação atual da modalidade
Raúl Lemos, aqui com Catarina Dias, alerta para a situação atual da modalidade

Com de mais uma presença portuguesa numa competição internacional da WAKO - no caso o Mundial -, o kickboxing português continua num cenário de incerteza. Apesar da decisão governamental em retirar o estatuto de utilidade pública à Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai, a situação continua a arrastar-se nos bastidores e será sem estar oficialmente reconhecida que a equipa que compete pela FNKDA (a federação vinculada ao organismo que tutela a modalidade a nível global) irá disputar a partir de segunda-feira os Mundiais em Abu Dhabi.

"Tenho muita fé e crença na verdade. Percebi que o governo deixou, e bem, de reconhecer uma federação nacional que a Federação Internacional (WAKO) não reconhece. Isto faz sentido, até porque estamos a falar de contratos programa e dinheiros públicos aplicados numa federação que internacionalmente não é reconhecida - tem apenas um contrato assinado com uma empresa de eventos chamada ISKA. Agora vi que houve recursos e que o kickboxing volta a estar em xeque. Temos algumas hipóteses de medalhas nesta prova, uma prova oficial de federações reconhecidas pelo Comité Olimpico e não sabemos como vai ser. Aqui lutamos todos por uma bandeira e por um país, aconteça o que acontecer. Estão aqui 21 bravos atletas prontos para tudo", garantiu Raúl Lemos.

Ainda assim, pela situação de incerteza que se vive, o selecionador nacional lança uma questão a Margarida Balseiro Lopes, a Ministra da Cultura, Juventude e Desporto. "A minha pergunta é só uma: se isto fosse futebol, deixaria que a Seleção Nacional não estivesse inscrita na FIFA? Apoiaria uma seleção que diz estar federada numa empresa comercial, com um contrato comercial? Eu acho que não".

Um Mundial cada vez mais competitivo

No meio desta incerteza, os 21 portugueses vão enfrentar-se perante os melhores do mundo, num campeonato que baterá recordes de inscritos. "Este Mundial está carregado de atletas. Deve ser dos que tem mais, não estávamos à espera. Temos muitos atletas por cada categoria, especialmente naquelas em que os nossos atletas competem. Mas espero uma boa prestação. É tudo muito imprevisível - os combates são mesmo assim. Mas acho que vai correr bem", anteviu o técnico nacional.

2025 já teve um sucesso internacional para o kickboxing português, com o ouro de Catarina Dias nos World Games, um feito que Raúl Lemos espera que sirva de inspiração para todos. "Vai ser uma motivação extra para ela, mas também para os colegas. Todos treinaram para dar o máximo. Temos potencial, agora os combates são sempre imprevisíveis".

A fechar, como selecionador, Raúl Lemos partilhou ainda algumas dicas para os mais novos, especialmente os estreantes nestes Mundiais. "É evidente que vão ter receio - e até é bom, porque os mantêm alerta. Mas, independentemente do resultado, estar num palco destes, num Mundial assim, será sempre uma excelente experiência. Têm de dar o máximo e aproveitar ao máximo. Só vão aprender, ganhem ou percam."

Por Fábio Lima
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