A SEGURANÇA no karting voltou à ordem do dia, na sequência da trágica morte de um jovem de 20 anos, no kartódromo de Porto Luzio, em Carapinheira, freguesia de Montemor-o-Velho. Num desporto em que os riscos, não assumindo um carácter particularmente alarmante, são reconhecidos por todos os que o praticam, as condições macabras em que decorreu o incidente deixou chocados os amantes da modalidade: Paulo Jorge Caracitas foi decapitado, quando o lenço que trazia à volta do pescoço se enrolou no veio de transmissão do kart que conduzia.
Natural de São Silvestre (Coimbra) e ali residente, o jovem deslocara-se, no final do mês passado, ao recinto de Porto Luzio na companhia de alguns amigos, uma situação que se repete cada vez mais, dada a crescente expansão de pistas para a prática da disciplina, apesar dos preços proibitivos que a maioria pede por escassos minutos de adrenalina pura.
Um gesto simples - prender um lenço ao pescoço - viria a custar a vida a Paulo Jorge. Uma atitude irreflectida, reveladora de um gritante desconhecimento das mais elementares normas de segurança, mas que também não faz esquecer o incrível azar do malogrado "piloto". O lenço em causa era bastante maior que os convencionais e uma das pontas prendeu-se no veio de transmissão do veículo, resistindo, sem se rasgar, à força que o motor desenvolvia.
De acordo com o relato de uma testemunha, a cabeça do jovem foi "literalmente arrancada" em poucos segundos. Grande apreciador de motos, Paulo Jorge era, acima de tudo um entusiasta da velocidade, e frequentava, com alguma regularidade, o traçado de Porto Luzio. Uma paixão que se revelou fatal, da forma mais inacreditável e estúpida possível.
ADESÃO TARDIA MAS INCONDICIONAL
Os portugueses só recentemente despertaram para os desportos radicais, mas a adesão fez-se em força. Apesar de envolver custos elevados, o karting não fugiu à onda de entusiasmo.
O "boom" na procura gerou igual "explosão" na oferta. Por todo o lado nascem novos kartódromos, quer ao ar livre (alguns dos quais constituem réplicas perfeitas de conhecidos circuitos mundiais) quer em recintos fechados, onde as emoções se reduzem na proporção da sensação de liberdade.
O maior crescimento deu-se, precisamente, neste tipo de pistas, que são, por norma, mais pequenas, não estão sujeitas aos condicionalismos dos traçados ao ar livre e envolvem menos despesas. São recintos feitos exclusivamente a pensar no lucro proveniente de aluguer dos carros e os que mais dúvidas levantam no capítulo da segurança (por exemplo, a ausência de escapatórias), apesar de estarem obrigados a respeitar a legislação em vigor para o sector.
Se a isto se acrescentar a tentação natural de "pisar o risco" que um kart suscita a quem se senta ao volante, pronto a libertar as tensões acumuladas no dia-a-dia, estão reunidos os ingredientes para um "cocktail" de efeitos nefastos.
O maior risco de um acidente de karting assumir proporções mais graves, dá-se quando os carros tocam rodas, o que pode provocar o capotanço. É por isso que a maioria dos veículos estão especialmente protegidos na zona das rodas (uma preocupação relativamente recente dos fabricantes), com o propósito de evitar este tipo de despistes.
Acidentes como o que vitimaram Paulo Jorge até custam a acreditar, mas, no kart, como em qualquer desporto motorizado, quem facilita pode pagar caro a ousadia.
TROFÉUS PROMOVIDOS PELAS EMPRESAS
Os principais responsáveis pelo espectacular desenvolvimento que a modalidade conheceu nos últimos anos são os denominados troféus de empresas, competições promovidas por diversas empresas, nos quais participam os seus próprios funcionários e outros convidados. Representam um meio privilegiado de divulgação entre as pessoas que não pensam em enveredar pela via da competição e que apenas procuram algumas horas (minutos) de divertimento.
Muitos kartódromos sobrevivem quase exclusivamente do dinheiro proveniente do aluguer da pista para este tipo de troféus, os quais, por norma, conhecem uma divulgação na Comunicação Social bastante superior à do Campeonato Nacional.
A evolução da modalidade resume-se, na prática, ao crescimento na adesão dos privados, uma vez que este desenvolvimento não tem conhecido paralelo a nível da competição, como se prova pelo facto de uma das mais importantes provas do Nacional da época passada, a Fórmula A, ter sido suspensa a meio da época por falta de pilotos.
Isto apesar de as alterações introduzidas esta temporada pela FPAK terem trazido uma maior vitalidade ao karting.
ORGANIZAÇÃO DO MUNDIAL REVELA RECONHECIMENTO INTERNACIONAL
O aumento dos índices de segurança tem sido, nos últimos anos, a grande preocupação dos organismos que tutelam o desporto automóvel. Uma preocupação que a Federação Internacional do Automóvel leva muito a peito (como se pode observar nas inúmeras alterações, algumas das quais contraproducentes, que se têm registado na Fórmula 1), à qual a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) não ficou alheia.
A atribuição ao nosso país do Campeonato do Mundo, nas classes de Fórmula A e Super A, que terá lugar entre 8 e 10 de Setembro no remodelado kartódromo de Braga, é reveladora da confiança que as entidades internacionais depositam nos organizadores nacionais.
Palmela, Leiria, Poiares, Fátima, Pombal e Évora são os circuitos que já receberam ou vão receber provas do Campeonato Nacional e todos eles estão obrigados a cumprir à risca o exigente regulamento federativo em matéria de segurança. Não é, por isso, de estranhar que estas pistas sejam consideradas das mais seguras a nível nacional.
Como a FPAK não possui "jurisdição" sobre a maioria dos traçados, em especial, os denominados "indoor", localizados em recintos fechados, os requisitos para estas pistas são muito menos exigentes.
CÉSAR CAMPANIÇO
César Campaniço foi um dos poucos pilotos portugueses a conquistar títulos fora do país. Em 1998, foi campeão da Europa na categoria de Fórmula A, no mesmo ano em que outro representante luso, Álvaro Parente, também se sagrou campeão europeu, mas na classe Júnior/Cadete. O actual piloto da Baviera Júnior Cup não perdeu a paixão pelos karts e, apesar de não considerar a modalidade perigosa, admite que os riscos estão sempre presentes, principalmente para quem descura a segurança.
"Não é, por si só, um desporto perigoso. Envolve alguns riscos, é certo, mas estes, muitas vezes, resultam da falta de cuidado das pessoas em matéria de segurança e do entusiasmo excessivo com que entram para uma pista. Andar com um lenço ao pescoço... Bom, no mínimo, revela uma grande ignorância das normas de segurança", considerou Campaniço, que confessou nunca ter "tido conhecimento de algo semelhante" ao acidente registado em Montemor-o-Velho.
"O maior perigo num acidente de karting é que este capote. Nesse caso, a única protecção é o nosso corpo, além de podermos ainda levar com o carro em cima", admitiu o antigo campeão europeu.
O episódio mais grave que teve conhecimento foi o falecimento de Pedro Mathias, em 1995, mas este caso não pode ser imputado a falta de condições de segurança: "O Tiago sofreu um ataque cardíaco enquanto guiava, como, aliás, se percebeu pela forma descontrolada como o kart se comportou antes do despiste", lembrou.
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