Tomás Bessa esteve perto, mas não conseguiu fechar o ano no top-5 do Alps Tour, uma das terceiras divisões do golfe profissional europeu, pelo que teve de adiar um dos seus grandes objetivos da época, o de ascender em 2023 ao Challenge Tour, a segunda divisão europeia.
Trata-se, contudo, de um alvo adiado, mas não cancelado, pois há ainda mais duas oportunidades de alcançar esse desiderato, seja através da Corrida para Maiorca (o ranking do Challenge Tour), seja mediante a Escola de Qualificação do DP World Tour, estando ainda bem presente em ambas as frentes.
"Neste momento estou em 111.º no ranking do Challenge Tour, ainda vou jogar mais um torneio para a semana e o top-120 já me garante uma categoria melhor do que aquela que tenho por ter terminado a época no top-10 do Alps Tour, pelo que esse é o objetivo no curto prazo", disse Tomás Bessa a Record.
"E tenho ainda a Escola de Qualificação do DP World Tour. Apurei-me diretamente para a segunda fase. Claro que um grande objetivo seria chegar ao DP World Tour (a primeira divisão europeia) anda este ano – esse seria o objetivo primordial e o secundário o Challenge Tour. Está tudo em aberto. Falta pouco para acabar o ano, mas há ainda muito golfe para se jogar e muitas decisões importantes", acrescentou o campeão nacional de 2020.
Diferente é a posição de Vítor Lopes, o outro português a competir no Alps Tour em 2022, que já tinha sido eliminado na primeira fase da Escola de Qualificação do DP World Tour, antes de concluir agora o Alps Tour, também fora do top-5. Para ele resta-lhe uma esperança – a ‘Road to Mallorca’, onde ainda tem uma cartada para jogar.
Os dois portugueses estiveram esta semana na Emilia Romagna Alps Tour Grand Final, o torneio de 50 mil euros em prémios monetários, que reuniu os 45 melhores jogadores desta terceira divisão europeia no Modena Golf & Country Club, em Itália.
Terminada a prova, Tomás Bessa encerrou a temporada no 8.º lugar da Ordem de Mérito do Alps Tour (melhorando em relação ao 28.º posto do ano passado), enquanto Vítor Lopes fechou a época na 48.ª posição (depois de ter sido 9.º em 2021).
Vítor Lopes, ao contrário do ano passado, chegou à final sem quaisquer hipóteses de terminar a temporada entre os cinco primeiros do ranking que recebem o passaporte automático para o Challenge Tour. Como ele próprio tinha dito a Record há poucas semanas, durante o Open de Portugal at Royal Óbidos, esta final seria para manter-se em competição e, como profissional que é, para ganhar algum prémio monetário.
Já Tomás Bessa via-se pela primeira vez esta semana a jogar uma final com o estatuto de ser um dos candidatos ao tal top-5, depois de ter chegado a andar no 2.º lugar do ranking a meio da temporada.
Terminaram ambos empatados no grupo dos 30.º classificados, com outros dois jogadores, com um agregado de 216 pancadas, a Par do campo, Tomás com voltas de 71, 74 e 71, Vítor com rondas de 76, 69 e 71. Qualquer um deles levou para casa um prémio de 440 euros.
Estiveram sempre longe dos lugares da frente, pois o melhor que Tomás fez foi o 21.º posto (-1) no final do primeiro dia, mas aos 36 buracos já tinha tombado para 35.º (+1), enquanto Vítor fez uma prova de trás para a frente, dado ter começado como 44.º (+4), subindo depois para 35.º (+1).
"Infelizmente não joguei o meu melhor golfe, houve partes do meu jogo que não estiveram a 100%, mas foi uma boa aprendizagem", reconheceu Tomás Bessa, após a sua participação no torneio italiano.
O irlandês Jonathan Yates venceu a Emilia Romagna Alps Tour Grand Final e conquistou o seu primeiro título no Alps Tour, ao somar 202 pancadas, 14 abaixo do Par, após voltas de 67, 66 e 69. Arrecadou um prémio de 10 mil euros e saltou para o 10.º lugar da Ordem de Mérito. Também ele não alcança o tão desejado top-5.
Yates bateu por 2 pancadas o italiano Stefano Mazzoli (-12) e por 3 o francês Julien Sale (-11), jogadores que, pelo contrário, lograram a subida ao Challenge Tour em 2023. Note-se que Julien Salle tornou-se profissional há três semanas.
Eis o top-5 da Ordem de Mérito do Alps Tour de 2022 que garantiu a ascensão ao Challenge Tour na próxima época: 1.º o italiano Gregorio de Leo (campeão em dois torneios, no Memorial Giorgio Bordoni e no Roma Alps Open), 2.º o francês Julien Sale (com seis top-3 esta época), 3.º o amador francês Tom Vaillant (vencedor de dois torneios, no Open de la Mirabelle d'Or e no Aravell Golf Open by Credit Andorra), 4.º o italiano Stefano Mazzoli (coroado no Ein Bay Open) e 5.º o irlandês Gary Hurley (impôs-se no Alps de Andalucia).
Tomás Bessa andou grande parte do ano no top-5 do ranking, pois venceu logo o terceiro torneio do ano, ainda em março, quando o circuito andava pelo Egito, no New Giza Open. Foi um momento histórico, pois, foi a primeira vez que um português ganhou um torneio do Alps Tour.
"Não consegui o meu objetivo que era ficar no top-5, mas foi uma época bastante consistente. Falhei apenas um cut em 17 torneios e esse foi (falhado) por uma pancada e um jogador", salientou, ao jeito de balanço, o profissional da Cigala.
"Para o top-5, que era o objetivo principal, deveria ter feito mais top-3 e mais top-5, porque a diferença de pontos é tão grande, até mesmo para um top-10, que um jogador com aspirações ao top-5 (final do ano), tem de vencer pelo menos uma vez e fazer muitos top-5. Eu, tirando a vitória, só fiz dois top-5", lamentou-se o português de 26 anos.
Em 18 torneios disputados, para além da vitória no Egito, Tomás Bessa registou ainda mais seis top-10, além um 11.º lugar e dois em 12.º.
"A meio do ano perdi um bocado a confiança no jogo e (depois disso) nunca consegui meter três voltas boas num mesmo torneio. Nestes dois últimos torneios ainda tinha boas hipóteses, mas necessitava de bons resultados. No penúltimo torneio ia em 4.º lugar para a penúltima volta e tive uma má última volta, caindo para 10.º lugar. Neste torneio, na final, era um quase vale tudo, teria de fazer um 3.º lugar ou melhor e mesmo assim esperar por combinações que me dessem o acesso ao top-5", explicou o jogador da Zurich.
Uma temporada no Alps Tour bem superior à de 2021, na qual apenas lograra dois top-10 mais outros quatro top-20.
O inverso passou-se com Vítor Lopes, que no ano passado tinha sido um dos protagonistas do Alps Tour, com cinco top-10 e outros três top-20. E se em 2021 Vítor Lopes disputou 14 torneios, esta época ficou-se pelos 11, porque, a dada altura, investiu mais no Challenge Tour. O melhor que fez o algarvio no Alps Tour de 2022 foram dois top-20. Em contrapartida, no circuito profissional português, ganhou dois torneios este ano.
Tanto Tomás Bessa como Vítor Lopes deverão ser convidados pela FPG para jogarem o Portugal Masters, do DP World Tour, de 27 a 30 de outubro, em Vilamoura.
Antes disso, estarão ambos no English Trophy, já para a semana, onde procurarão consolidar o seu estatuto de top-120 na Corrida para Maiorca e garantirem uma categoria para o Challenge Tour de 2023. Para já, Tomás Bessa é o 111.º classificado na hierarquia da segunda divisão europeia, enquanto Vítor Lopes é o 116.º.
No English Trophy estarão igualmente Tomás Melo Gouveia e Pedro Figueiredo. Melo Gouveia é o 134.º na Corrida para Maiorca e procura integrar o tal top-120 para manter-se no Challenge Tour em 2023. Figueiredo é o 82.º do ranking e procura uma vitória para ascender ao top-45 e qualificar-se à queima para a Rolex Challenge Tour Grand Final em Palma de Maiorca.
Por Hugo Ribeiro