A ‘menina-prodigio’ francesa, Louise Uma Landgraf, venceu no Penina Hotel & Golf Resort
A portuguesa Amélia Gabin fez-nos sonhar durante três dias com uma primeira vitória portuguesa desde 1963, mas acabou por ser Inês Belchior a cotar-se como a melhor golfista nacional, arrancando um bom top-20, entre as 90 participantes de 23 países, do Campeonato Internacional Amador Feminino de Portugal.
Trata-se do torneio feminino de golfe mais importante do nosso país, sobretudo desde que deixámos de contar com torneios internacionais para jogadoras profissionais. É uma organização da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), conta para o ranking mundial amador e para o ranking da Associação Europeia de Golfe (EGA) e realizou-se no Sir Henry Cotton Championship Course, do Penina Hotel & Golf Resort, no concelho de Portimão.
A francesa Louise Uma Landgraf sagrou-se campeã da 95.ª edição do torneio, com o resultado de 287 pancadas, 5 abaixo do Par deste campo que já acolheu o Open de Portugal do DP World Tour. Desde 1990, tratou-se da sétima vez que uma francesa triunfou na prova e a França dominou em 2025, uma vez que a 2.ª classificada foi igualmente gaulesa, Sara Brentcheneff, com 3 abaixo do Par.
É verdade que na Nations Cup a França terminou no 2.º lugar (-3), a 1 pancada da campeã, Itália (-4), mas esta classificação não espelha bem o torneio, porque a classificação por países (menos importante) conta apoenas os resultados dos três primeiros dias e foi na quarta e última jornada que a campeã mais se destacou.
Aliás, Louise Uma Landgraf – uma ‘menina-prodígio’ do golfe internacional – partiu para a última volta no 6.º lugar, empatada com outras jogadoras, entre as quais, a portuguesa Amélia Gabin. A diferença é que se a gaulesa arrancou uma volta final de 67 (-6) que veio a ser o melhor resultado do dia, a algarvia da seleção nacional amadora da FPG afundou-se com um cartão de 79 (+6), que fê-la tombar para o 24.º lugar (+7), empatada com outra francesa, Laura Nepper.
Um 24.º lugar entre 90 jogadoras é uma boa classificação e Amélia Gabin só pode estar orgulhosa de um início de temporada bem positivo, uma vez que, mesmo antes deste Internacional de Portugal, já tinha ido ao Penina vencer o 1.º Torneio do Circuito Aquapor da FPG.
Simplesmente, o percurso simplesmente arrepiante que vinha fazendo nos três primeiros dias, levou-nos a acreditar que seria possível voltarmos a ter uma campeã portuguesa, algo que não sucede desde Bárbara de Brito e Cunha, em 1963!
Note-se que Amélia Gabin começou esta 95.ª edição no 8.º posto a Par do campo. Depois, no final do segundo dia, subiu ao 6.º lugar com 1 pancada acima do Par e nessa altura estava a apenas 3 ‘shots’ da liderança. E após a terceira e penúltima volta foi capaz de segurar a 6.ª posição, com o mesmo resultado de +1, somente a 4 pancadas do topo da classificação.
A atleta da Associação da Quinta do Lago é ainda muito jovem. Ainda no ano passado sagrou-se campeã nacional de sub-16, pelo que tem uma enorme margem de progresso e esta experiência dolorosa do último dia, de ver a francesa – com quem jogou ao lado – ser capaz de sublimar-se e vencer, enquanto ela foi perdendo terreno, poderá vir a ser preciosa no futuro. Às vezes, são nestes momentos que as jogadoras aprendem as mais importantes lições para o futuro.
O melhor exemplo é de Inês Belchior, que este ano foi 16.ª (+4), assinando uma prestação bem positiva. Vale a pena recordar que, no ano passado, carimbou uma das melhores épocas de sempre de uma golfista amadora portuguesa, mas, em declarações a Record, ao fazer o balanço da temporada, confessou que ficara com uma espinha atravessada na garganta – exatamente o Campeonato Internacional Amador Feminino de Portugal, já então, em 2024, realizado no Penina, onde não passou o cut e terminou com o resultado negativo de 12 acima do Par.
Um ano depois, é outra jogadora. Em 2024 obteve grandes resultados em torneios em Espanha (uma vitória e um top-3), teve uma boa prestação nos Estados Unidos, no prestigiado Orange Bowl (14.ª), e em competições internas foi esmagadora, vencendo tudo o que havia para ganhar: Campeonato Nacional Absoluto KIA, Taça da FPG/BPI, Campeonato Nacional de Sub-18, todos os torneios do Circuito Drive em que participou.
Essa experiência competitiva, essa segurança nas suas capacidades, faz da ainda ‘teenager’ da Aroeira (agora renomado PGA Aroeira) uma jogadora capaz de lutar por um top-20, um top-30 em qualquer torneio da EGA. Nesta 95.ª edição, o contraste com a participação do ano passado foi gritante, até porque as coisas nem começaram da melhor maneira, mas transmitiu a ideia de já sentir uma certa calma, que permitiu-lhe ir subindo na classificação, dia após dia.
A dupla campeã nacional absoluta iniciou a prova no 33.º lugar com 3 acima do Par aos 18 buracos. Aos 36 buracos tinha ascendido ao 30.º posto com 7 acima do Par. Aos 54 buracos logrou um primeiro grande marco pessoal, ao passar o cut, e continuou a progredir para a 25.ª posição, mantendo o resultado de +7. E depois, no último dia, não fraquejou e, pelo contrário, mostrou a sua classe: arrancou uma volta final de 70 (-3)! Foi o sexto melhor resultado do dia e permitiu-lhe um salto para o 16.º lugar (+4).
Não é por acaso que a Mississippi State já a ‘contratou’ para rumar aos Estados Unidos no próximo verão.
Não é também por acaso que a FPG conseguiu um convite para que Inês Belchior vá já jogar, daqui a dois dias, com o estatuto de amadora, a Lalla Meryem Cup, o Open de Marrocos feminino, integrado no Ladies European Tour, a primeira divisão do golfe profissional europeu.
Este 16.º lugar de Inês Belchior é a melhor prestação de uma portuguesa na prova desde que Sofia Barroso Sá foi 12.ª em dois anos consecutivos, em 2021 (-3) e 2022 (+3), quando a prova ainda decorria no Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela.
O selecionador nacional da FPG, Afonso Girão, só pode estar satisfeito com as suas jogadoras. Houve um evidente progresso este ano e não tem sido habitual haver três portuguesas a passarem o cut. Sim, três jogadoras, porque, para além de Inês Belchior e de Amélia Gabin, também Francisca Ferreira da Costa logrou meter-se no top-44 que disputou a última volta.
A jogadora do Club de Golf de Miramar empatou no 33.º lugar com duas inglesas, Ellie Monk e Lucy Jamieson, com 301 (+9).
Repare-se que, a título de comparação, há um ano, já neste campo do Penina, Francisca Rocha (+10) tinha sido a melhor portuguesa e não passara o cut. E em 2023, ainda no Montado, Ana da Costa Rodrigues (+14) fora a melhor golfista nacional, não passando também o cut. Em 2022 e 2021, Sofia Barroso Sá (12.ª) fora a única a passar o cut nessas duas edições.
É preciso recuarmos a 2020 para vermos a última vez que três portuguesas tinham passado o cut como este ano: Sofia Barroso Sá (22.ª, +4), Leonor Medeiros (29.ª, +7) e Rita Costa Marques (43.ª, +16).
Esta participação bem positiva de Portugal na 95.ª edição – à qual acresce um bom 5.º lugar (+8) na Taça das Nações, entre 21 equipas – é, seguramente, um bom incentivo para a nova Direção da FPG, que colocou no seu programa eleitoral o regresso a Portugal de torneios internacionais profissionais, seja no Ladies European Tour (LET), seja no Ladies European Tour Access Series (LETAS), como em tempos aconteceu com o Portugal Ladies Open e com o Azores Ladies Open.
E por falar em LETAS, a campeã deste 95.º Campeonato Internacional Amador Feminino de Portugal fez história nessa segunda divisão do golfe profissional europeu. Repare-se no que escreveu o ‘press officer’ da FPG, Rodrigo Cordoeiro: "Com 16 anos feitos a 27 de janeiro, e já com um palmarés impressionante, a gaulesa Louise Uma Landgraf (…), nascida em Phuket, na Tailândia, e detentora de dupla nacionalidade, destacou-se pelo triunfo em 2023, com 14 anos e 2 meses, no Terre Blanche Ladies Open, do Ladies European Tour Acess Series. Tornou-se, então, na mais jovem de sempre a ganhar uma prova da segunda divisão do golfe profissional europeu feminino. E em 2024, conquistou o importante British Girls U16 Amateur Golf Championship, organizado pelo R&A".
É, pois, uma autêntica estrela em ascensão que foi coroada campeã no Penina. Iremos um dia vê-la no topo do golfe feminino profissional como aconteceu com outras antigas vencedoras do torneio como as espanholas Carlota Ciganda e Maria Parra, ou a irlandesa Leona Mguire?
Os resultados do top-3, as únicas a baterem o Par do campo após quatro voltas, foram os seguintes:
1.ª Louise Uma Landgraf (França), 287 (75+72+73+67), -5
2.ª Sara Brentcheneff (França), 289 (76+70+71+72), -3
3.ª Matilde Partele (Itália), 291 (75+76+65+75), -1
3.ª Tiphani Knight (Chéquia), 291 (74+71+73+73), -1
Os resultados das jogadoras portuguesas que passaram o cut, após a terceira volta, e integraram o top-44, foram os seguintes:
16.ª Inês Belchior, 296 (76+77+73+70), +4
24.ª (empatada) Amélia Gabin, 299 (73+74+73+79), +7
33.ª (empatada) Francisca Ferreira da Costa, 301 (80+73+75+73), +9
Os resultados das jogadoras portuguesas que não passaram o cut após a terceira volta, fora do top-44, foram os seguintes:
Luciana Reis, 234 (80+79+75), +15
Francisca Salgado, 245 (81+81+83), +26
Eva Silva, 254 (86+85+83), +35
Rafaela Pinto, 256 (86+86+84), +37
Maria Francisca Santos, 282 (93+103+86), +63
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