Inês Belchior: «Sabia que tinha fortes possibilidades de ganhar»

Esmagou no Campeonato Nacional Absoluto KIA, prova que venceu pela segunda vez em três anos, desta feita na Quinta do Peru

• Foto: Fernando Correia / FPG

Inês Belchior sagrou-se campeã nacional absoluta pela segunda vez nos últimos três anos e exerceu um domínio tão avassalador que ganhou com uma diferença como não se via há sete anos no torneio feminino.

A jogadora do Clube de Campo da Aroeira liderou o 91.º Campeonato Nacional Absoluto KIA do início ao fim e foi sempre aumentando a vantagem para as adversárias de dia para dia.

Terminou a prova organizada pela Federação Portuguesa de Golfe com 296 pancadas, 8 acima do Par, do Quinta do Peru Golf & Country Club, no concelho de Sesimbra, após voltas de 72, 79, 71 e 74.

Acumulou, assim, o título nacional absoluto, com o de campeã nacional amadora, sendo ainda a atual campeã nacional de sub-16.  

Inês Belchior foi a única das 15 participantes, todas amadoras, a bater o Par o Par do campo numa volta de 18 buracos. Aconteceu na terceira jornada, de 71 (-1), e arrasou a concorrência como pode ver-se pelo facto das duas jogadoras que empataram no 2.º lugar terem ficado a 13 pancadas de distância!

Francisca Rocha, do Oporto Golf Club, com voltas de 78, 78, 79 e 74, e Ana da Costa Rodrigues, do Club de Golf de Miramar, com rondas de 79, 76, 75 e 79, concluíram a prova com 309 pancadas, 21 acima do Par.

É preciso recuarmos a 2018 para vermos um desnível maior. Nesse ano, o torneio jogou-se em Benavente, no campo do Ribagolfe-1, e Leonor Bessa, na altura ainda amadora, ganhou com 5 acima do Par, enquanto Sara Gouveia, também amadora na altura, foi vice-campeã nacional com 27 acima do Par.

Este ano, com duas jogadoras empatadas no 2.º lugar, a atribuição do estatuto de vice-campeã nacional absoluta (e amadora) fez-se mediante o recurso ao sistema de desempate. Segundo o ‘press officer’ da FPG, Castro Martins, "Francisca Rocha teve um melhor resultado nos últimos 36 buracos, sendo esse o primeiro critério de desempate", pelo que foi a jogadora de Espinho a ser coroada vice-campeã.

Um aspecto importante, pois permitiu a Francisca Rocha somar 540 pontos para o Ranking Nacional BPI e fixar-se no 2.º lugar. Está a apenas 55 pontos da n.º1 amadora portuguesa, Francisca Salgado, que neste Nacional Absoluto terminou no 5.º lugar (+28). Inês Belchior, por seu lado, com os 600 pontos da vitória na Quinta do Peru, ascendeu ao 4.º lugar do ranking da FPG para amadoras.

Inês Belchior beneficiou muito do bom conhecimento que tem do campo. É verdade que desde Janeiro representa a Aroeira, mas foi sempre atleta da Quinta do Peru e mantém-se ainda como sócia. Mas é curioso que o seu primeiro título de campeã nacional absoluta foi alcançado no Aroeira Pines Classic, quando na altura jogava na equipa da Quinta do Peru. Em dois anos a situação inverteu-se.

A agora dupla campeã nacional absoluta explicou porque razão se sentia desde o início como uma das favoritas ao título, lamentou que algumas das melhores jogadoras portuguesas não tenham participado (Sofia Sá, por exemplo, não veio defender o título por estar lesionada) e comparou as suas duas vitórias na prova.

Eis as suas respostas, as duas primeiras perguntas efetuadas pelo diretor técnico nacional da FPG, João Coutinho, e as restantes numa curta entrevista concedida a Record:

FPG – Teve algum sabor especial a vitória no Campeonato deste ano?

IB – Ganhar qualquer torneio é sempre relevante, mas o Campeonato Nacional Absoluto tem uma grande importância. É um torneio pelo qual espero o ano todo e treino para conseguir ganhá-lo. No ano passado fiquei em 2.º lugar (atrás de Sofia Sá), há dois anos ganhei-o (batendo Sofia Sá) e este ano voltei a ganhá-lo. É uma grande motivação para o resto da época.

FPG – Que desafio ofereceu-te a Quinta do Peru? Na terceira volta ganhaste ao campo.

IB – Por jogar neste campo, desafiei-me, não no sentido de ter a obrigação de vencer, mas no sentido de dar o máximo em todas as voltas no campo onde aprendi a jogar golfe. Na penúltima volta joguei bem e consegui bater o campo. Na última volta também ia com 2 pancadas abaixo do Par após os nove primeiros buracos, mas, depois, nos segundos nove buracos, senti o campo mais desafiante.

Record – Este Campeonato Nacional foi preparado de modo especial para tentares alcançar um pico de forma? Era um grande objetivo da época? Ou era só mais uma prova (obviamente) importante que tinhas de disputar, mas como tantas outras?

IB – Devido à importância do torneio, era, sim, um dos objetivos para esta época. No entanto, como a minha época é extensa, devido aos torneios internacionais, é imprescindível manter um treino constante ao longo do ano. Para este torneio em particular, o único cuidado que tive foi descansar mais durante a semana anterior e fazer apenas 9 buracos em cada volta de treino, para não cansar-me muito com o calor.

R – Vejo que representas agora a Aroeira, mas lembro-me de teres sido da Quinta do Peru durante muito tempo. Estás a representar a Aroeira há quanto tempo? E quem é o(a) seu(sua) treinador(a)?

IB – Aprendi a jogar golfe na Quinta do Peru e desde então mantive-me sempre sócia do clube. Represento a Aroeira desde o início do ano, mas o meu local central de treino mantém-se o Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor, porque tem condições únicas de treino. À FPG agradeço as condições únicas de treino que proporciona-nos. Nos últimos dois anos tenho treinado com o Afonso Girão (o selecionador nacional) e também tenho tido um grande apoio do mental coach Luís Almeida (‘mental coach’ da FPG).

R – O Pedro Figueiredo (campeão nacional absoluto) considerou o resultado de 64 que ele fez no primeiro dia como uma das melhores voltas que já fez na Quinta do Peru. E no seu caso? A volta de 71 foi obviamente o ponto alto do torneio feminino. Tendo em conta o Campeonato que é, com a importância que tem, tendo em conta a altura em que fez esse 71, também considera ter sido uma das suas grandes voltas em torneios?

IB – Os meus parabéns ao Pedro Figueiredo pela vitória e aos restantes rapazes pelas voltas excelentes que realizaram. No meu caso, considero uma boa volta, mas fica sempre um sabor amargo pois joguei bem ao longo dos dias e não consegui materializar (esse bom jogo) em resultado. Considero que poderia ter feito menos pancadas. Para as condições perfeitas que estavam, um resultado excelente teria sido uma volta de 3 ou 4 abaixo do Par, como fiz há dois anos na Taça da FPG/BPI. 

R – Ficaste surpreendida pela diferença em relação às 2.ª classificadas? Foi uma vitória um pouco arrasadora! E a Ana é boa jogadora, enquanto a Francisca costuma ser bastante competitiva. Não seria, talvez, de esperar mais equilíbrio? É que, de +8 para +21, foi uma margem enorme. 

IB – Nós sabemos que a Ana e a Francisca têm estado mais dedicadas aos estudos. A falta de tempo tem, naturalmente, as suas consequências. Por outro lado, nem sempre se consegue jogar bem nos torneios e isso pode explicar alguma da diferença que ocorreu.

R – Consegues comparar esta vitória com a de há dois anos? Comparar em termos de satisfação. Se calhar, a primeira, com apenas 14 anos, poderá ter sido mais surpreendente, enquanto nesta vitória já tiveste de lidar mais com a pressão de ser uma das grandes candidatas.

IB – Ganhar qualquer torneio é sempre importante e este não foi exceção. Tenho pena de que algumas das melhores jogadoras nacionais não tenham estado presentes, em particular a Sofia Barroso Sá, por lesão. A primeira vitória nesta competição foi há dois anos e foi muito especial, não só por todas as jogadoras (amadoras) terem estado presentes, mas também porque havia profissionais. Nesse torneio fiz um dos melhores resultados do ano (-4), o que também contribuiu para um torneio muito bem conseguido. Essa foi uma época muito importante para mim, porque o meu treinador da altura, o Hugo Pinto (então diretor do CNFG do Jamor), foi um elemento fundamental, fazendo-me sempre acreditar que era possível… e foi! Já este ano, foi um torneio em que eu sabia que tinha fortes possibilidades de ganhar e fui a líder desde o primeiro dia até ao final.

Por Hugo Ribeiro/FPG
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