Caloiros Daniel da Costa Rodrigues e Pedro Cruz Silva vão provar o seu valor nos Estados Unidos
Ser caloiro nunca é fácil e exige sempre um período mais ou menos longo de apropriação a uma nova vida que se depara pela frente. Quando o estudante é simultaneamente um atleta, cuja bolsa de estudo de valor elevado depende de bons registos escolares e grandes resultados desportivos, a pressão é ainda maior. E se a isso acrescentarmos a ida para uma universidade estrangeira, sobretudo norte-americana, o abalroamento emocional é frequentemente inevitável.
Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia, dois dos golfistas portugueses que competem regularmente em circuitos profissionais europeus, licenciaram-se há uns anos e cotaram-se como estrelas em duas universidades norte-americanas. "Figgy" e "Melinho", como eram conhecidos quando rumaram aos Estados Unidos, são agora profissionais há oito e sete anos, respetivamente, mas têm bem fresca na memória essa experiência única que moldou as suas vidas e carreiras.
Os craques do golfe nacional identificam-se com o novo desafio que os jovens amadores Daniel da Costa Rodrigues e Pedro Cruz Silva têm enfrentado desde agosto, no seu primeiro ano de estudantes e membros das equipas de golfe em duas universidades do outro lado do Atlântico.
Daniel da Costa Rodrigues está na Texas A&M University, onde joga pelos Aggies, enquanto Pedro Cruz Silva integra os Bulldogs da Mississippi State University. Quando há cinco meses abraçaram uma nova vida e carreira eram craques do golfe amador português.
Em 2019 "Dani" foi campeão nacional amador e o vice-campeão foi o Pedro, num ano em que ambos fizeram história ao passarem o cut no Open de Portugal at Morgado Golf Resort, um evento profissional do Challenge Tour, a segunda divisão europeia.
Os sites oficiais das suas equipas, apresentaram-nos no verão do ano passado como reforços de peso e percebeu-se o orgulho dos seus treinadores norte-americanos ao assegurarem os seus contributos, mediante aliciantes bolsas de estudo.
No entanto, na chamada "Fall Season", cada um tentou três vezes apurar-se para a equipa principal e só Daniel da Costa Rodrigues logrou ser titular numa única ocasião. Foi 54.º classificado (+8) no Jerry Pate National Intercollegiate, nos arredores de Birmingham, no estado do Alabama, uma prestação que nem é negativa, mas que não agradou totalmente ao português de 18 anos.
Daniel da Costa Rodrigues e Pedro Cruz Silva já regressaram aos Estados Unidos neste mês de janeiro, depois de algum tempo de férias natalícias em Portugal. As competições do circuito universitário norte-americano irão regressar em fevereiro e Pedro recuperou da lesão nas costas que tanto o afetou no outono.
Os "Aggies" de Daniel vão reaparecer no All-American Intercollegiate, de 14 a 16 de fevereiro, em Humble, no Texas, enquanto os "Bulldogs" de Pedro voltam à competição no Gator Invitational, de 12 a 14 de fevereiro, em Gainesville, na Florida.
Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia aconselham os dois jovens que em Portugal representam o Club de Golf de Miramar a não desanimarem, a manterem a motivação, a continuarem a acreditar, porque é normal um "freshman" não garantir logo à partida a sua titularidade.
Faz tudo parte de um processo de crescimento enquanto homens e jogadores. Um trajeto que, mais tarde, ou mais cedo, dará os devidos frutos, desde que continuem a trabalhar.
«Um "freshman" tem muitas vezes dificuldades em impor-se na equipa. A maioria dos outros jogadores está lá há um, dois ou três anos. Os outros estão mais habituados às rotinas, aos métodos de treino, aos campos, aos estudos, daí que os jogadores que já lá estejam há mais tempo tenham mais facilidade em integrar a equipa. Para o caloiro é tudo novo», sublinha Pedro Figueiredo à Tee Times Golf, em exclusivo para Record.
«Não há uma altura específica para um "rookie" ser encarado como um elemento válido da equipa. Tem tudo a ver com a personalidade da pessoa, com os resultados que apresenta, com a sua ambição, determinação, vontade de trabalhar, de melhorar a equipa com o seu contributo. Esse tipo de mentalidade é que vai tornar esse jogador num exemplo a seguir, sendo dessa forma encarado pelo treinador e pelos outros jogadores da equipa», acrescentou Ricardo Melo Gouveia.
Figueiredo já venceu um torneio do Challenge Tour e Melo Gouveia conta com três troféus nessa segunda divisão do circuito profissional europeu, mas ambos recordam-se de que nem tudo foram rosas quando iniciaram a aventura universitária nos Estados Unidos.
«Para mim foi uma adaptação complicada, porque uma pessoa sai do conforto de casa em que tem tudo mais ou menos feito pelos paizinhos e passamos a ter responsabilidades totais a todos os níveis. Ao mesmo tempo, é importantíssimo para a nossa formação termos essa vivência. No primeiro semestre tive essa dificuldade, mas depois adaptei-me bem à nova realidade e foi aí que também comecei a jogar melhor golfe», contou Ricardo Melo Gouveia que, dois anos depois de ter-se licenciado pela UCF como um dos "Knights" da Florida já estava entre os cem primeiros do ranking mundial e a representar Portugal nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Para Pedro Figueiredo levou mais tempo a reencontrar o seu elevado rendimento habitual e a tornar-se numa referência dos "Bruins" da UCLA na Califórnia: «Lembro-me de que nos primeiros dois anos não joguei especialmente bem, e só no terceiro e quarto anos já consegui jogar o meu jogo e ter resultados mais consistentes».
«É, sem dúvida, uma adaptação difícil, é uma realidade completamente diferente, não só em termos golfísticos, mas também em termos pessoais. Mudamo-nos para o outro lado do mundo, para longe da nossa família, dos nossos amigos, da nossa equipa golfística. É normal que haja um período de adaptação durante o qual as coisas nem sempre correm como nós queremos. Encontramos também um ambiente muito competitivo. É normal que nos primeiros tempos os resultados não sejam propriamente como queremos», acrescentou o atleta do Sport Lisboa e Benfica, que dois meses depois de regressar da Califórnia já estava a ganhar o Campeonato Nacional de profissionais da PGA de Portugal.
Com o passar do tempo, Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia acabaram por fixar-se como estrelas das suas equipas, jogando a fase final do famoso Campeonato da NCAA (primeira divisão).
Claro que há predestinados. «Há casos e casos. Há "rookies" que são estrelas desde o início. Na minha universidade tive o Patrick Cantley que rapidamente chegou a n.º1 da equipa e a n.º1 amador do Mundo logo no seu primeiro ano da universidade. Lembro-me também do Justin Thomas, do Jordan Spieth, do Jon Rahm, mas esses são jogadores excecionais, que aparecem de vez em quando. São uma raridade», disse Pedro Figueiredo, referindo-se nestes últimos três exemplos a jogadores que depois do percurso universitário atingiram a primeira posição do ranking mundial.
Mas esses são a exceção e não a regra. «Nos casos mais normais, há numerosos exemplos de jogadores que chegam à universidade já com algum valor, mas levaram um ou mais anos até conseguirem mostrar o seu nível na equipa. Comigo foram dois anos. Isso não quer dizer que, no final dos quatro anos de universidade, não se tornem em grandes jogadores amadores e, no futuro, grandes profissionais», concluiu "Figgy".
Daniel da Costa Rodrigues e Pedro Cruz Silva são jovens de 18 anos com enorme potencial. Integram ambos o programa de Esperanças Olímpicas da Federação Portuguesa de Golfe e do Comité Olímpico de Portugal, a par de Pedro Lencart, que também já estudou e competiu nos Estados Unidos mas decidiu regressar a casa.
Devem dar tempo ao tempo, ouvir os conselhos de outros que passaram pela mesma experiência, seguros de que, mais tarde ou mais cedo, o seu valor será recompensado com a titularidade nas equipas universitárias que integram. Ser caloiro nunca é fácil, mas também não dura para sempre.
Autor: Hugo Ribeiro / Tee Times Golf (teetimes.pt) para Record
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