ADN Turquel para abater o bicampeão FC Porto: ‘Aldeia do hóquei’ voltou em grande

Emblema da aldeia do hóquei regressou à 1.ª Divisão mantendo-se fiel à aposta na formação

Turquel bateu FC Porto na 2.ª jornada do campeonato
Turquel bateu FC Porto na 2.ª jornada do campeonato • Foto: Lucas Luís / HC Turquel

Há um título que Turquel exibe com mais orgulho do que qualquer outro: o de ‘aldeia do hóquei’. E nem a elevação desta localidade a vila, em 1997, alterou a famosa alcunha que o clube do distrito de Leiria exibe no pavilhão e nas suas redes sociais.

Se um bebé nasce em Turquel, o mais provável é que vire atleta do Hóquei Clube de Turquel. Foi assim com Tiago Mateus, o capitão, que começou a patinar com apenas 2 anos. “O meu sonho sempre foi jogar na equipa sénior. Desde pequeno que os meus ídolos eram jogadores da Turquel”, conta a Record.

O clube procura agora estabilizar-se no Campeonato Placard, depois de ter andado num sobe e desce nas últimas temporadas. Após a derrota na Luz frente ao Benfica, por 5-0, na 1ª jornada, os turquelenses bateram (4-3) em casa o bicampeão FC Porto e com um pavilhão cheio com mais de mil adeptos. Mas o técnico André Luís mete água na fervura.

Tiago Mateus é o capitão do Turquel
Tiago Mateus é o capitão do Turquel

“É uma vitória que só vale 3 pontos. Não ganhámos nada e ainda faltam 24 jornadas. A nossa luta normalmente não é com estas equipas, mas queremos chegar a este patamar”, sublinha.

André Luís carrega o ADN Turquel nas veias. Começou em criança a patinar e só conheceu um clube durante a carreira. Feitas as contas, foram 30 anos desde as primeiras ‘stickadas’ até pendurar os patins em 2015.

“Mais de 50% do nosso plantel é formado por jogadores da casa. São atletas que têm um sentimento de pertença muito grande ao clube. O facto de ter esta gente chama mais adeptos ao pavilhão. Na minha altura era 100% do plantel, mas os tempos agora são outros. Isto faz com que os familiares venham todos e tenhamos um ambiente fantástico em casa”, explica André, professor de educação física na Benedita. “Os objetivos passam pela permanência, mas gostávamos muito de morder os calcanhares das equipas de playoff.”

André Luís treina o Turquel
André Luís treina o Turquel

A irreverência da juventude

O Turquel tem uma das melhores formações do país. Diogo Rafael, capitão do Benfica, é o caso de maior sucesso. Mas na equipa sénior, o clube aposta também em jovens talentos fora da vila. “Sinto-me confortável a treinar jogadores jovens”, admite André Luís. Frente ao FC Porto, o argentino Francisco 'Panchi' Briggs e Martim Costa, reforços com apenas 19 anos, conseguiram marcar, assim como Daniel Passos (24) e o capitão Tiago Mateus (26), produtos da ‘cantera’.

“Em Portugal temos este problema. Estamos um bocadinho formatados para formar jogadores muito táticos, com pouca criatividade, e estes jogadores trazem-nos essa irreverência. Vão para cima do adversário sem medo, algo que não tínhamos muito no plantel”, explica o técnico.

Turquel teve forte apoio no primeiro jogo em casa no campeonato
Turquel teve forte apoio no primeiro jogo em casa no campeonato

Os passos do amigo Zé e o ídolo Nicolía

Martim Costa chegou esta época cedido pelo Benfica, mas mostra-se bem adaptado à nova vida. Vivia em Lisboa com os pais e divide agora casa com os argentinos Francisco Briggs e Ezequiel Funes: “São muito divertidos e damo-nos muito bem. Estou bem ambientado, gosto das pessoas e do carinho que me dão. Vou na rua e as pessoas falam sempre”, conta ao nosso jornal antes de mais um treino. “Foi uma estreia incrível. Tivemos um ambiente que dificilmente outra equipa tem em casa. Ganhar a um grande tem sempre um sabor especial. E marcar um golo, fazer um bom jogo, foi muito bom para mim”, admite.

Martim é um dos grandes talentos do Benfica. Começou no Paço de Arcos, passou pelo Oeiras, mas cedo foi ‘pescado’ pelo clube da Luz, onde já atuou na equipa principal. Depois de duas épocas nos sub-19 e equipa B, tem agora em Turquel a primeira experiência no Campeonato Placard, sempre com o objetivo de um dia voltar pela porta grande ao Benfica. Tem como exemplo Zé Miranda, defesa que é hoje titular dos encarnados da Seleção Nacional, mas que na época 2022/23 rodou no Murches para ganhar os minutos necessários no principal escalão.

Os reforços Francisco 'Panchi' Briggs e Martim Costa
Os reforços Francisco 'Panchi' Briggs e Martim Costa

“O Zé é um exemplo e um grande amigo que eu tenho no hóquei. Falamos muitas vezes e é um exemplo que todos devem seguir pelo que já conquistou no Benfica e na Seleção. É um exemplo de trabalho, humildade e ambição”, conta o jogador que sonha voltar à Luz: “Claro que sim, quero ter o meu espaço na primeira equipa. O Turquel é um clube onde posso ganhar minutos e ter a adaptação de 1.ª Divisão que nunca tive.”

Martim Costa descreve-se com um “jogador humilde e com vontade de aprender” e tem em Carlos Nicolía a sua grande referência no hóquei: “Apanhei o Nicolía na equipa sénior do Benfica e sempre demonstrou um carinho muito grande por mim. Ainda hoje falo com ele para pedir conselhos. Para além da sua capacidade técnica que foi única, era um jogador que não se escondia e dava sempre a cara. É algo que tento aplicar no meu jogo.”

Por Rafael Godinho
1
Deixe o seu comentário

Últimas Notícias

Notícias
Newsletters RecordReceba gratuitamente no seu email a Newsletter Geral ver exemplo

Ultimas de Hóquei em Patins

Notícias
Notícias Mais Vistas