A cerca nove meses dos Jogos do Rio, Luís Costa tem a decorrer uma campanha de angariação de fundos no seu Facebook (Luis Costa – Paraciclista), a qual reverte para "fazer um grande upgrade na handbike", a qual terá um novo quadro de carbono, mudança que tornará a sua "máquina" mais leve e, por isso, poderá ajudar o português a obter melhores resultados. Contudo, a busca pelo apoio necessário não está a ser fácil. "Ao contrário do que sucedeu em 2013, quando mal tinha começado a competir e angariei 9 mil euros em 30 dias para pagar a atual handbike, desta vez a adesão tem sido escassa. Ironicamente, agora que sou um atleta de nível mundial, não consigo captar a ‘simpatia’ do público. Sinto que o facto de ser atleta do Sporting poderá ter dado a ideia às pessoas de que agora já não preciso de mais apoios, o que é completamente errado, pois isto é um tipo de despesa que clube nenhum do mundo iria suportar na totalidade", explica, revelando necessitar de 12.100 euros, quando ainda só tem perto de três mil. "O quadro vai ficar pronto em finais de janeiro e vou ter de o pagar no ato da entrega, recorrendo a empréstimo bancário se necessário", assegura.
Dos 5 aos 18 mil euros
Os (sempre) necessários apoios
No caminho para o Rio de Janeiro, mas também naquele que fez até chegar aqui, Luís Costa não esquece quem lhe deu a mão e o apoiou, nomeadamente os seus patrocinadores. A G-Ride, uma loja de bicicletas em Portimão, "que gratuitamente faz a manutenção e substituição da maior parte do material de desgaste", um parceiro que considera "fundamental na carreira desportiva", visto estar consigo "desde os primeiros quilómetros". Ainda a nível de apoios, Luís Costa agradece a ajuda da Seaside e Orica, destacando o facto de a primeira empresa ter "contribuido generosamente para a compra da atual handbike, em 2013".
O que falta...
A melhorar fica também a questão dos apoios. Considerando que os valores pagos deveriam ser "maiores", Luís Costa admite não compreender por que razão, "ao contrário da maior dos países da União Europeia, ainda existe discriminação a nível de apoios económicos aos atletas, quando comparamos os atletas deficientes com os não-deficientes", lançando uma série de questões a quem tutela estas situações. "Qual é a justificação plausível para que o valor das bolsas dadas mensalmente aos atletas integrados no projeto de preparação paralímpica seja 50% do valor das bolsas para os atletas integrados no projeto olímpico? Por acaso o atleta não-deficiente gasta mais dinheiro na sua preparação? Não será antes ao contrário, um atleta deficiente não terá mais necesidades e despesas? O mesmo sucede com os valores a atribuir pelo estado a um atleta medalhado. Se um atleta paralímpico ganhar uma medalha no Rio em 2016, só irá receber metade do valor que recebe um atleta olimpico que ganhe a mesma medalha. E isto são só dois exemplos do que é preciso mudar a nível de apoios concedidos aos atlelas paralímpicos. É preciso mudar a legislação que fundamenta estas injustiças", pede Luís Costa.
Ao lado do ídolo
Ainda que o paraciclismo não seja uma atividade nova, a mesma ganhou uma dimensão diferente quando por essas andanças surgiu Alessandro Zanardi. Antigo piloto de Fórmula 1, o italiano superou um grave acidente e tornou-se figura da modalidade, mas também ídolo de uma geração. Luís Costa não foge à regra. "Grande referência" para o português, Zanardi foi a inspiração para se aventurar na modalidade. E, naturalmente, o primeiro "embate" entre ambos não se esquece. "Quando competi com ele pela primeira vez, apenas 3 meses depois de me ter iniciado nesta modalidade, senti uma enorme satisfação. Hoje em dia, tendo evoluído ao ponto de em algumas provas discutir a vitória com ele e outros atletas em chegadas ao sprint, competir ao lado dele é agora uma situação normal. É mais um que tenho de tentar bater, sem sentir qualquer tipo de nervosismo ou emoção especial por ele ser quem é, pese embora o enorme respeito que tenho por ele", explica. Além de Zanardi, o algarvio mostra admiração pelo holandês Johan Reekers, "que aos 58 anos continua a ser um dos melhores, tendo inclusive no último Campeonato do Mundo conquistado o bronze! Impressionante!".