Grande referência e esperança para a natação portuguesa nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, David Grachat admite a Record que os apoios aos atletas com deficiência continuam a não ser os ideais, mas confessa que na sua modalidade tem a possibilidade de fazer a preparação da melhor forma. 

"Nós, desportistas, todos gostávamos de ter muito mais apoios do que aqueles que temos. É uma realidade e não fujo a isso. Não vou mentir e dizer que os meus apoios são ótimos e que tenho tudo e mais alguma coisa. Neste momento, o nosso trabalho, juntamente com o meu treinador e a FPN, acho que está a ser o mais correto. Claro que gostava de ter mais uma ou duas provas para poder competir, mas derivado ao facto de não termos possibilidade económicas, do nosso apoio e bolsa de preparação, do IPDJ à FPN, é de 8750 euros. Com esse dinheiro temos de fazer aquilo que é mais conveniente para a minha preparação. E, até ver, está a correr tudo bem", confessa.

Como grande parte dos restantes atletas paralímpicos portugueses, David Grachat tenta também apoiar-se em empresas que estejam dispostas a apoiá-lo, mas admite que a busca por suporte financeiro não é fácil. "Eu também tenho muita vontade de os fazer [crowdfundings] e tentar arranjar apoios. Todos os dias mando imensos emails com o meu currículo, com uma apresentação toda bonita, para me patrocinarem. Só que a crise é uma grande desculpa e ninguém apoia. É claro que gostaria de ter mais apoios. Não fujo à regra. Tento orientar-me com a bolsa do CPP, tento ser poupado ao longo do mês. Depois pagando a faculdade… A bolsa que recebemos para a faculdade foi das melhores coisas que aconteceu no desporto nacional. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em conjunto com o CPP, fez um protocolo, também com o COP, no qual ajudam a financiar os estudos dos atletas. Estou muito agradecido, tanto ao CPP como à Santa Casa. Tem sido uma ajuda imensa. Só tenho de me preocupar com gasolina, algum material, e mesmo assim a FPN ajuda nos materiais, por isso tento com o dinheiro que tenho encaminhar e fazer a melhor preparação possível", admite, destacando ainda o papel da GoldNutrition, a nível de suplementação nutricional, e da ForPhysio, que apoia a nível de prevenção de lesões e recuperação muscular.

Treinos conciliados com as aulas

Estudante universitário, atualmente no terceiro do curso de Desporto e Educação Física no Instituto Superior Ciências Educativas, David admite que a sua vida é em constante movimento. "Treino duas vezes por dia dentro de água e uma vez por dia fora dela. Isto durante uma semana inteira. Treino ainda ao sábado de manhã. Concílio os treinos com a universidade. Por isso é que ainda estou a acabar (risos)", refere.

E como são os treinos? Apoiado pelo seu treinador de sempre, Carlos Mota, David Grachat diz-se agradecido pelo clube que representa. "Graças a Deus, o GESLoures é dos únicos clubes a nível nacional que tem um treinador só dedicado à natação adaptada. Vive 24 horas para isso. Aprendo com ele. Já estou com ele desde os 2000, já são 16 anos com o mesmo treinador. Por isso, fazemos o treino consoante… Ele manda fazer, eu faço, tenho sido cumpridor dos treinos e mais alguns. Não é para me gabar, mas sou o atleta que todos os treinadores gostavam de ter, porque sou um atleta que entra na agua e da tudo ate ao fim. E tenho estado a fazer assim. Treinando imenso, para preparar melhor os Jogos".