Angélica André frisou, esta quinta-feira, ter ficado "bastante contente" com o 12.º lugar em águas abertas nos Jogos Olímpicos, o melhor resultado de sempre de Portugal na categoria. A nadadora, que terminou a prova a 2.42 minutos da frente, assumiu ainda que a forte corrente do Rio Sena não ajudou as atletas.

12º lugar, está satisfeita? "Estou bastante contente. Era o meu principal objetivo. Consegui chegar aqui e estar a lutar de igual para igual com as nadadoras. Perdi um bocadinho o grupo da frente, mas obviamente que o objectivo principal estava feito, que era fazer o melhor resultado de sempre, melhor que Tóquio".

A meio da prova, perdeu algum tempo para o grupo da frente. O que é que aconteceu? "Basicamente foi no abastecimento em que eu tento tirar a garrafa e ela fica presa. E como a corrente depois está a favor, logo aí, perco muitos lugares. Mas depois, quando chegamos lá em baixo, como a corrente está contra, a gente consegue recuperar alguns lugares. Mas foi aí que eu perdi um bocadinho o grupo, mas mantive-me ali no segundo e tentar fazer o melhor resultado possível e alcançar os melhores lugares no final".

Ficou a seis segundos do diploma olímpico. Alguma frustração por isso? "Não. Claro que o desejo é sempre tentar, primeiro, fazer melhor do que o que já fizemos, depois um diploma e depois, quem sabe, uma medalha. Claro que 6 segundos é coisa pouca em dez quilómetros, mas estou bastante contente com o resultado que tive".

Houve um ataque forte das australianas sempre a comandarem. Estava à espera disso? "É assim o que nós planeamos, nem sempre é o que acontece, mas temos de estar preparadas para tudo. Eu já adivinhava que a australiana ia para a frente, porque é uma característica dela. Ela tenta ir para a frente nas outras provas, às vezes corre bem, outras vezes corre mal. Hoje correu muito bem. Por isso estávamos mais ou menos a contar que isso pudesse acontecer, mas sobretudo, era tentar estar com o grupo e tentar fazer o melhor lugar possível".

Havia muita corrente no Rio Sena? "Foi bastante visível. Ontem viemos aqui fazer a volta ao percurso para reconhecer. Vimos a Sharon van Rouwendaal, que ganhou, a fazer testes contra a corrente, mas isso estava igual para todas".

Como é que foram estes últimos dias com esta questão da água do Sena? "Claro que há sempre algum receio e ainda por cima são dez quilómetros e engoli bastante água. Não sei o que é que me vai acontecer a seguir, mas tomei todas as precauções para que a seguir a esta prova possa estar bem e tranquila. Mas sobretudo chegar ao dia de hoje com a mente tranquila e poder nadar e desfrutar o momento".

Depois da prova vai haver alguma preocupação específica para avaliar o seu estado de saúde? "Claro, claro. O Comitê Olímpico está em cima, está obviamente mais preocupado conosco que nadamos aqui no Sena e vão estar com atenção em nós".

Esta experiência aqui, diferente de Tóquio? "Claro que sim, é uma emoção ter aqui a minha família, ter aqui o meu treinador, ter o carinho das pessoas, ter este público todo aqui, é bastante bom. Nunca tinha vivido algo do género e por isso estou bastante contente por estar aqui também".

Ouvem-se os aplausos das pessoas? "Não se ouve, mas dá para ver as pessoas. Se olharmos um bocadinho mais para cima, víamos as pessoas, mas ouvir muito pouco mesmo. Não dá para ouvir nada"

Estava ali a fazer uma recuperação incrível no final. Sabia em que posição estava? "Não. Eu não tinha noção da posição em que estava, mas tinha assim alguma noção de que estavam ali boas atletas, atletas fortes, que possivelmente até podiam ser elas a ganhar medalhas. E sabia que podia estar ali, entre o resultado que eu esperava, que era fazer melhor do que o 17ª, e tentar recuperar o máximo possível de lugares até ao final para ter um bom lugar".