O lixo já não parece ser um problema, pelo menos ali à vista desarmada. Mas ainda há trabalho para fazer na Marina da Glória a dois dias do arranque das competições de vela. Nos meses que antecederam os Jogos, muito se falou do local, pelo lixo acumulado e pela qualidade da água, que muitos especialistas dizem ser perigosa para os atletas que, por estes dias, tentam que a questão não seja um problema.

Lixo vê-se essencialmente no acesso ao pequeno areal da Marina e algum na água, esverdeada e com cheiro. Nas redondezas, vários operários vão fazendo acabamentos de última hora no complexo, enquanto os atletas vão também dando os derradeiros retoques nas suas embarcações.

"Se a rampa ainda não funciona, se a água está suja, se existe lixo... tudo o que eu faço é contornar o problema e vou à minha vida. Estou abstraído de tudo para começar os Jogos", diz-nos Gustavo Lima no local. A experiência de quatro Jogos Olímpicos (a caminho dos quintos) dá-lhe a tranquilidade necessária para não olhar para "os pequenos detalhes" organizativos com que se depara, como nos explica. Até porque o nosso representante na classe Laser encontra muitas melhorias na Marina.

Gustavo está calmo, mas nem todos os atletas conseguem ‘fechar-se’ e não pensar nos imprevistos que podem surgir no mar. "É preciso ser forte, ter uma cabeça especial, abstrair e filtrar todos esses problemas porque quem não conseguir filtrar esse tipo de coisas vai misturar as emoções. Como são os meus quintos Jogos consigo estar aqui como se estivesse em Portugal. Mas os atletas que vem cá a primeira vez ou a segunda ainda são um pouco afetados por isto, que pode levar a um rendimento desportivo volátil. O resultado final muitas vezes depende da nossa cabeça", explica.

Fator sorte será essencial na competição