Alex Santos cumpre sonho na canoagem

Canoísta conquistou vaga lusa para os Jogos de Tóquio e não esqueceu percurso de quatro anos

Alex Santos viveu um momento há muito sonhado e garantiu a presença nos próximos Jogos Paralímpicos. O canoísta, de 38 anos, assegurou a última vaga portuguesa na categoria de KL1, na Taça do Mundo da Hungria, juntando-se a Norberto Mourão, que o tinha conseguido nos Mundiais de 2019. A Record, Alex, que aos 6 anos se mudou do Brasil para Portugal, sublinhou a importância do feito.

"Fui com as expectativas muito altas para a prova, porque era a última oportunidade para ir aos Jogos. Tive de saber gerir bem alguma ansiedade e controlar bem as emoções. Dediquei-me ao máximo para conseguir esta vaga. Tive de treinar a partir das 6 horas, depois ir trabalhar e voltar a treinar ao fim do dia. Foi complicado, mas tive o apoio do meu treinador, Nuno Henriques, que me motivou sempre", assumiu o canoísta, que disputou a vaga restante com o compatriota Floriano Jesus. Alex acabou por levar a melhor e considerou que a concentração foi a chave para o sucesso. "No dia da final tens de estar psicologicamente bem, pois o nível entre os atletas é semelhante. O que faz diferença é o aspeto mental. Consegui controlar bem o ritmo e a posição. Sabíamos que um de nós acabaria por ficar triste após a final, mas existe grande respeito", garante.

Emocionado por ter conseguido garantir a presença em Tóquio, Alex Santos não deixa de lembrar o percurso que teve no passado recente. Apaixonado pelo surf, Alex ficou paraplégico aos 16 anos e decidiu ingressar na paracanoagem há cerca de quatro anos. Desde aí, colocou na mente que o grande objetivo seria chegar o mais longe possível, tendo alcançado agora os Jogos. "Lembro-me que fiquei em último na primeira prova que fiz na canoagem. A partir daí, ganhei outra motivação. Comecei a estudar muito a modalidade e a dedicar-me, para ir passo a passo. Um ano após a minha estreia consegui vencer uma prova nacional e depois tentei sempre subir a nível internacional. Até que consegui agora o apuramento", vinca o atleta do Clube de Canoagem de Amora.

Aponta às medalhas

Já com os Jogos Paralímpicos no horizonte, Alex Santos deixa claro que espera lutar por chegar pelo menos ao pódio na competição. "Nesta fase vou analisar os meus adversários e penso numa medalha nos Jogos. Pensar na medalha de ouro é complicado, pois há um atleta húngaro que é muito forte, mas nunca se sabe como vamos lá chegar. Mas aponto principalmente a uma medalha de bronze", garante.

Empresa onde trabalha montou ginásio para treinar

Ao mesmo tempo que faz o seu percurso na canoagem, Alex Santos desempenha também a profissão de designer. O luso-brasileiro confessa que não é fácil gerir o seu horário "muito sobrecarregado", mas conta com a ajuda da empresa onde trabalha, a Logoplast, que até montou um ginásio para o ajudar nos treinos. "Eu vivo do meu trabalho, não da canoagem. É extremamente difícil conciliar, pois temos de fazer projetos muito complexos. O Filipe de Botton [CEO da empresa] ajuda-me muito quando estou em estágio. Dá-me alguns dias de folga ou saio mais cedo por causa dos treinos, o que nunca me prejudicou. Eles ajudam-me em tudo e até criaram um ginásio na empresa para que pudesse treinar nos dias de chuva. É de louvar o que fizeram por mim", frisa.

Por Filipe Balreira
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