Piloto orgulhoso com o talento do filho de 11 anos
O piloto Tiago Monteiro, o único português a pisar os pódios da Fórmula 1, manifestou hoje orgulho pela progressão do filho Noah, de 11 anos, virtual campeão nacional de kartings em juvenis, a quem deteta talento inato.
"Não é que tenha material diferente dos outros, antes pelo contrário. Nesta fase, tentamos gastar o menos dinheiro possível, preservando chassi e motor e trocando ao mínimo de pneus. Só que ele adapta-se e as coisas têm corrido muito bem. Tem de ter algum jeito, porque todos os miúdos arrancam com a mesma base", contou à Lusa o portuense.
Noah Monteiro praticou várias atividades desde tenra idade até se entusiasmar de vez pelos desportos motorizados e seguir as pisadas dos pais na paixão pela velocidade, já que a mãe, a modelo Diana Pereira, chegou a disputar provas de todo-o-terreno e ralis.
"Indiretamente, tenho um peso grande. Se não estivesse envolvido neste mundo, de certeza que ele não teria esta vontade e paixão. Com poucos meses de vida já viajava connosco para assistir às minhas corridas. Ainda por cima um sobrinho meu corria em kartings, por isso houve aquela coisa natural de experimentá-los muito cedo", recordou.
O acesso do Monteiro júnior aos karts, pequenos veículos de competição, sem caixa de velocidades, carroçaria ou suspensão, jamais testados pelo seu progenitor na caminhada até à classe rainha do automobilismo mundial, aconteceu com "quatro ou cinco anos".
"O karting estava agarrado a uma corda e eu ia a correr atrás dele agarrado à corda para que ele não fosse demasiado rápido. Foi uma experiência gira, engraçada e cansativa, mas o Noah adorou. Uns meses depois, voltou a andar já sozinho. Com aquela idade, quando se gosta e não há medo, a evolução é muito rápida", atestou Tiago Monteiro.
A competir desde os sete anos, Noah venceu em 2020 o Open de Portugal e a primeira edição do Prémio Ética pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), aguardando pela homologação do título da categoria juvenil do Campeonato de Portugal.
"Mais do que as vitórias, gosto da atitude dele. É lutador em pista, mas sempre foi muito correto. Fora dela, dá-se bem com todos e tem um feitio simpático. É competitivo, sem ser muito agressivo. Aliás, procuro evitar isso nos pilotos que vou formando. O nosso objetivo é que eles evoluam como atletas e, sobretudo, como pessoas", vincou.
Tiago Monteiro, de 44 anos, assume partilhar com o filho, que completou 11 anos em novembro, alguns traços de personalidade, seja na concentração e na forma como se procura isolar um pouco antes da corrida", além de "rotinas de condução agressivas".
"É muito forte no arranque, desenrasca-se bem nas primeiras curvas e percebe logo onde tem de atacar para ganhar várias posições. Depois, e era também o meu caso, mostra confiança em condições mais difíceis, de pneus frios, muita chuva e frio ou pouca visibilidade, tendo tendência a desmarcar-se ainda mais dos outros carros", observou.
A aprendizagem de Noah também se faz de despistes, realidade patente na carreira de Tiago, que sofreu lesões cerebrais, cervicais e problemas de visão cruzada em setembro de 2017, ao embater a alta velocidade nos pneus de proteção do circuito da Catalunha.
"Agora percebo bastante a reação dos meus pais quando as coisas se complicavam. Tenho muito mais stress ao ver o meu filho correr do que quando estou a competir. Uma vez, ele bateu com muita força. Não sendo grave, foi injetado para fora do carro, dizia não sentir a perna e estava aos gritos. Foi assustador e ninguém gosta de ver isso", notou.
Durante a recuperação do acidente, que interrompeu a liderança da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) a quatro provas do fim da época, o Monteiro sénior lançou o programa Skywalker Young Guns, focado na evolução de talentos jovens nos kartings.
"Quero que se divirtam ao máximo, porque nem todos podem fazer o que gostam e eles têm a chance de fazer algo pelo qual são apaixonados. Digo para não pensarem muito no futuro e desfrutarem do momento, sempre com respeito, 'fair-play' e profissionalismo, porque há muita gente envolvida para que eles se divirtam ao fim de semana", apontou.
Noah é piloto desse programa há quase três anos e compete pela Cabo do Mundo Karteam, sob alçada do ex-membro de Jordan, Midland e Spyker na Fórmula 1, a evoluir desde 2007 na WTCR, ao serviço da Honda, após ter abandonado a Seat em 2012.
"Sou um privilegiado por ter conseguido competir tanto em 23 anos. Tive muita sorte e oportunidades, mas também trabalhei e esforcei-me muito. Sei as dificuldades que tive para manter esta carreira. Um pai se calhar não quer que os filhos sofram da mesma forma. Ao mesmo tempo, adoro o que faço e não trocaria a minha vida por nada", frisou.
Ciente da "pirâmide tão íngreme" prévia à entrada e permanência duradoura num "meio competitivo e exigente" como a elite do desporto automóvel, Tiago Monteiro, gestor da carreira de 12 pilotos profissionais, admite "sensações mistas" sobre o futuro de Noah.
"Adorava que ele seguisse as minhas pegadas, até porque adorava um dia fazer umas corridas com ele e é bom que se despache [risos]. Por outro lado, penso se será mesmo isto que ele quer. Se tiver jeito, vontade, dedicação e quiser esforçar-se, cá estarei, em conjunto com a minha estrutura, para ajudá-lo a chegar o mais longe possível", afiançou.
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