Alonso dá nome a acidente misterioso

Alonso dá nome a acidente misterioso
Alonso dá nome a acidente misterioso • Foto: GETTY IMAGES

Mal deixou o habitáculo do seu Ferrari, Sebastian Vettel deslocou-se à garagem da vizinha McLaren, disponibilizando-se para partilhar o que viu quando seguia atrás de Fernando Alonso, nas curvas 3 e 4 do Circuito da Catalunha, na altura em que o espanhol sofreu o acidente que ainda o mantém internado, em observação, numa unidade hospitalar da área de Barcelona.

Na conversa com responsáveis da McLaren e da FIA, o piloto alemão poderá ter adiantado mais ao que disse aos compatriotas jornalistas da revista "Auto Motor und Sport", mas o que fica na memória é a sua curta declaração: "A velocidade era relativamente baixa, talvez uns 150 quilómetros por hora, ele foi para a direita e bateu no muro. Pareceu-me estranho."

O esclarecimento só contribui para acentuar a aura de mistério que envolve aquele momento, ocorrido às 12H35 de domingo, numa altura em que Alonso já começava a "espremer" o McLaren-Honda, depois da equipa ter passado a madrugada, e parte da manhã, a configurar o motor híbrido do construtor  japonês, para solucionar os problemas da unidade de recuperação de energia cinética (MGU-K).

Sem ter presente o esclarecimento de Vettel, a observação dos danos sofridos pelo carro, conjugada com os esclarecimentos em relação ao estado de Alonso e com a decisão de manter o piloto em observação por 48 horas, são motivos mais do que suficientes para criar um mistério.

Um problema na traseira do carro pode ajudar a explicar o choque no muro, mas não é isso que transparece das palavras do piloto alemão da Ferrari, nem das imagens que foram captadas pelo jornal "Marca".

O vento, explicação avançada por Luis García Abad, representante de Alonso, dificilmente colhe, devido à velocidade reduzida a que o carro seguia, como comprovou Vettel, e à ausência de testemunhos de outros pilotos. Só Carlos Sainz Jr. é que começou por admitir essa possibilidade à Sky Sports Italia, para de imediato interromper a conversa: "Descupem, tenho de falar primeiro com o Fernando..."

Mas é preciso contextualizar a explicação de García Abad, cujo objetivo foi afastar de imediato a suspeição quanto a um possível desmaio, ou outro qualquer tipo de mal-estar, de Alonso, que teria provocado o acidente. Foi esta a primeira especulação que correu pelo "paddock" em Montmeló, entre jornalistas e outros agentes do Mundo da F1.

E essa primeira explicação oficiosa encaixou na declaração que Fabrizio Borra, fisioterapeuta de Alonso, fez na tentativa de retirar importância ao facto do piloto ter sido evacuado de helicóptero. Depois de dizer que a medida era mera precaução, Borra acrescentou que Alonso foi sedado porque se encontrava "muito agitado" quando a equipa médica o assistiu.

As perguntas que muitos fizeram através do Twitter e em fóruns em que se debateu o acidente do espanhol na derradeira sessão da segunda série de treinos de pré-temporada, foram: se o piloto estava "consciente e ok", porquê sedá-lo? E para quê as 48 horas de internamento?

Para responder a esta segunda questão houve quem recordasse o aparatoso acidente que o espanhol sofreu em Interlagos, em 2003, quando não evitou destroços do carro de Mark Webber e bateu de frente numa barreira de pneus a alta velocidade - Alonso não foi ao pódio (3.º lugar), porque estava no centro médico a ser observado, mas saiu do carro pelos próprios meios.

Para a discussão veio ainda a decisão da McLaren-Honda de tapar e "esconder" as peças e componentes que se soltaram do carro, o que poderia contribuir para o mistério. Mas trata-se de um procedimento normal nestas situações, para proteção de todos os envolvidos.

Por fim, surgem as análises específicas ao acidente, que dão destaque ao ângulo do impacto do carro no muro, à velocidade relatada por Vettel, o qual será na ordem dos 30 graus, valor que, segundo especialistas que debateram o tema logo no domingo, não pode resultar em forças G para o piloto como as que foram avançadas.

De resto, marcas de travagem indicam que o McLaren ainda desacelerou antes do embate  - a ação sobre os travões não tira validade à tese de possível desmaio do piloto, como provam outros acidentes, nos quais, tendo existido perda de consciência, ocorreram travagens.

García Abad, entretanto, já colocou uma foto de Alonso, sorridente e de polegar levantado, na cama do hospital, na sua conta na rede social Twitter, acompanhada pela frase: "Hora de almoço, obrigado pelo vosso apoio."

A recuperação de Alonso, que irá continuar no hospital, é o mais importante, mas a seguir têm de vir as necessárias explicações e esclarecimentos.

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