Na rua, um rapaz pergunta num português bem aceitável se "está tudo fixe". Explico-lhe que o rali terminou para nós e oiço um "para a próxima" novamente na língua de Camões
Não é uma prova, mas é algo que está presente em todas elas. A equipa de Elisabete Jacinto começou esta terça-feira o caminho para casa, seguida de bem perto por Record, um dia após a desistência do Libya Rally, forçada por um acidente nas dunas. Há dois camiões para levar até Nador, fazer a travessia para a Europa e seguir até Lisboa.
Havia alguma desconfiança sobre as garantias do motor do camião de competição, o que levou a Oleoban a deixar a prova. O veículo terá agora de aguentar-se na estrada – foi assim que veio até Marrocos, dado que a equipa de Elisabete Jacinto não dispõe de um trailer para transporte.
O dia começou sem a habitual pressa. A caravana do rali partiu do acampamento em Mhamid e, com toda a experiência que tem, a equipa decidiu ficar ‘por sua conta’. Deixámos o ‘bivouac’ por entre os miúdos que pediam canetas e bonés e fomos até Zagora para lavar o camião. A oficina é pequena mas bem conhecida nestas andanças e o dono cumprimenta efusivamente Jorge Gil, diretor da equipa.
Na rua, um rapaz pergunta num português bem aceitável se "está tudo fixe". Explico-lhe que o rali terminou para nós e oiço um "para a próxima" novamente na língua de Camões.
Dois empregados limpam o camião da Oleoban cá fora, enquanto o dono nos convida para um chá numa pequena mesa em plena oficina. José Marques, navegador de Elisabete, explicou-me que deve beber-se em três copos.
"O primeiro é doce como o amor; o segundo é suave como a vida e o terceiro amargo como a morte", revela. Faz sentido: quanto mais tempo estiver na chaleira, mais intenso se torna o sabor.
O dono da oficina vai buscar então um álbum de fotografias, onde aparece o camião e a equipa de Elisabete, em anos anteriores. Estão em casa.
Tagine e areia
A hora de almoço aproxima-se e, mais uma vez, somos recebidos por rostos familiares no restaurante. Todos pedem frango mas insistem para que prove um tagine e acabo por aceitar. Um prato tradicional de borrego guisado, do qual pouco ou nada restou no prato. Prontos para mais quase 400 quilómetros.
O destino é Merzouga, cidade às portas (literalmente) do deserto, e onde o rali também vai pernoitar. A viagem faz-se por cenários deslumbrantes, com montanhas infinitas e vales dignos de filme. "A Múmia" foi gravado ali, por exemplo. Num desfiladeiro encontramos um oásis verdejante, nada comparado ao tom acastanhado da tempestade de areia que encontrámos antes de chegar a Merzouga.
Vamos dormir a poucos metros de dunas gigantescas, quase tão grandes como a viagem que ainda falta à equipa de Elisabete. O Libya Rally já ficou para trás.
O holandês, aos comandos do camião Renault, da Mammoet Rallysport, fez mesmo o melhor tempo entre todas as classes de veículos.
Marrocos é um país relativamente seguro, mas o mesmo não se pode dizer dos vizinhos Argélia e Mauritânia.
Para além das danificações exteriores, que começaram no choque da primeira etapa com o holandês Van den Brink, o camião apresenta problemas no motor.
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