A Ângelo Felgueiras já só falta plantar a bandeira de Portugal no cume de Vinson, na Antártida, para atingir os "Seven Sumitts", meta a que se propôs em honra de uma causa nobre. O comandante da TAP de profissão e alpinista de coração alcançou o topo do Mundo na madrugada de segunda-feira, quando deu por si no alto dos 8.848 metros do Monte Everest.

Foi a sexta conquista de quem se comprometeu escalar o mais alto dos cumes de cada continente, e a cada passo e por cada metro conquistado há alguém que beneficia. Tudo porque cada metro, dos milhares já conquistados pelo alpinista português, será vendido ao preço da chuva. O Projecto Escalar por uma Causa lança o desafio:cada 100 centímetros vencidos por Ângelo Felgueiras valem um euro e o montante final reverte a favor da Escolinha de Rugby da Galiza, sediada em Cascais.

Armadilhas

Para tocar o céu nos Himalaias o alpinista português teve de medir forças com condições atmosféricas tais, que personificavam adversários de respeito e, por vezes, capazes de o fazerem tremer. "A subida foi muito dura", admitiu Ângelo Felgueiras, que na última quarta-feira se viu impedido de sair do campo base para regressar ao campo 2. O vento forte teimava em tornar a peripécia do português ainda mais fantástica. E foi só por alturas da passada sexta-feira que conseguiu abeirar-se do campo 3, onde descansou até sábado, o dia em que partiu à conquista do campo 4, situada a "apenas" 848 metros do cume.

Na madrugada de ontem conseguiu finalmente mirar o planeta do alto do seu pico mais elevado. E apesar de todas as armadilhas que a dura Natureza lhe semeou pelo caminho, fê-lo em tempo, alcançando o objetivo dentro do prazo previsto.

É por esta, e pelas outras cinco, que ao português só lhe falta o pico mais alto da Antártida, depois de já ter dado boa conta de si na duras missões anteriores. Pelas costas já viu o africano Kilimanjaro, o sul-americano Aconcágua, o europeu Elbruz, o norte-americano Denali, as Pirâmides de Carstensz, na Oceânia, e agora o asiático Evereste.