Judo: João Neto suspenso pela Federação

"É necessário fiscalizar quem ''mete'' produtos aparentemente inócuos no mercado. Os atletas têm de ter mais cuidado", considerou Fausto Carvalho, treinador do ACM, que acredita na inocência do judoca

UM CASO inédito de "doping" no judo nacional. João Neto acusou nandrolona num controlo realizado (25 de Novembro de 2001) a todos os campeões nacionais, sendo a presença do esteróide anabolizante confirmado numa contra-análise a 6 de Fevereiro. Como consequência, a Federação (FPJ) suspendeu o atleta, sem revelar publicamente o seu nome, enviando o processo para o respectivo Conselho Disciplinar, que emitirá proximamente um parecer.

João Neto, uma das grandes revelações da presente temporada (categoria de menos 73 kg), está, agora, à espera dos resultados de uma análise, encomendada na Bélgica, à creatina que consumiu, comprada num ginásio e suspeita de conter nandrolona e bicarbonato de sódio.

Apesar dos esforços, não foi possível contactar o atleta da ACM

(Torres Novas), mas fontes ligadas a João Neto acreditam na inocência do jovem judoca (21 anos), que revelou níveis baixos da substância proibida. "Segundo me contou, ele declarou, no momento do controlo, que tomou a creatina [ndr: por iniciativa própria], não fazendo ideia de que a substância podia estar adulterada. É necessário fiscalizar quem 'mete' produtos aparentemente inócuos no mercado. Os atletas têm de ter mais cuidado", considerou Fausto Carvalho, treinador do ACM.

Creatina gera controvérsia

O suplemento de mono-hidrato de creatina tem gerado uma crescente controvérsia, desde que foi lançado para o mercado, em 1993, tendo as suas vendas subido vertiginosamente, apesar de os estudos sobre a substância não serem conclusivos.

É prometido aos atletas uma maior resistência física, maior

capacidade para recuperar do esforço e melhor "performance" desportiva, mas também há quem se queixe de que a creatina não melhora o rendimento, sendo até nefasta em alguns casos da história, provocando a morte a três lutadores do Michigan (EUA), numa altura em que tentavam perder grandes quantidades de peso (9 a 11 kg) para entrarem numa competição.

Face às circunstâncias, todo o cuidado é pouco. Sendo a creatina produzida por, apenas, seis fabricantes mundiais, os distribuidores da substância são aos milhares, muitos deles recorrendo a composições "potenciadas" para o mercado da cultura física, onde o consumo de anabolizantes é prática corrente. Se é certo que muitos atletas de alta competição tomam creatina, ela deve ser ingerida, apenas, através da receita de um médico nutricionista, para evitar dissabores...

Nuno Delgado pede mais investimento e apoio na informação aos atletas

Nuno Delgado (medalha de bronze em Sydney 2000) revelou-se particularmente triste por se ter registado um caso de "doping" no judo lusitano, depois de conhecidos os casos do francês Bouras (1997) e do romeno Longu (2000).

"Deve haver mais investimento e apoio na informação aos atletas, pois todos os casos de 'doping' no judo se devem ao desconhecimento das substâncias ingeridas. Há marcas de creatina que não são credíveis."

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