Record- Está na antecâmara de mais uma experiência mas não parece viver num mundo de excitação. Esta imagem corresponde à verdade ou já é uma questão de rotina?João Garcia - Não é uma rotina. Cada montanha é uma montanha. São desafios diferentes, as equipas também são diferentes e não deixa de ser um trabalho que levo muito a sério, que requer muita sorte, muita determinação, muita preparação. Mas já não sinto, lá está, a tal excitação do primeiro acampamento dos escuteiros. Isto acontece porque já não é a primeira vez...
R - Antes era como se fosse um brinquedo novo?JG - Era. Mas também há sempre brinquedos novos. Se me meter numa prova, se calhar como treino para o alpinismo, que é a minha profissão, como a BTT-Aventura, uma coisa do género, é uma surpresa para mim, com novas regras, novos desafios, coisas que me motivam.
R - Como se organiza para estas expedições?JG - Sou minimamente organizado. Às vezes, para certas pessoas, pode parecer desorganizado mas eu sei onde estão e onde encontrar as coisas. Sempre fui uma pessoa que tenta ser no mínimo prática, juntando o útil ao agradável às vezes. Não usar um elevador e optar por uma escada para estar a treinar ao mesmo tempo, treinar no interior quando chove e ao ar livre quando o tempo está bom. Enfim, tento sempre organizar a minha vida de forma racional. Logo, dá-me a ideia de que está subjacente uma certa organização.
R - A pergunta referia-se mais ao fazer a mala, a esse momento...JG - A mala... Já lá vai o tempo em que tinha uma lista e fazia um check-list. Já não faço. Agora é tudo de cabeça. E atenção que tenho cada vez mais complexidade nos apetrechos e nos equipamentos que tenho de levar, porque já há outra parte que tenho de levar, que é parte da cobertura mediática, que me obriga a levar painéis solares, baterias, transformadores, câmaras, carregadores e cartões, mil e um acessórios que não têm nada a ver com a função base de escalar uma montanha, que é o alpinismo.
R - Está a falar de quantos quilos?
JG - Não consigo calcular porque oitenta por cento do meu equipamento já estava em Katmandu.
R - E quando sai da capital nepalesa quantos quilos são?JG - Equipamento meu, até ao campo base, faço transportar cerca de 100 quilos. São cinco cargas de 20 quilos ou quatro de 25. Para escalar a montanha precisava apenas de metade. A outra metade é a tal obrigação de dar o retorno mediático aos patrocinadores.
R - E sente-se bem nesse papel?JG - Foi uma evolução. Acho que toda a gente gosta de evoluir e não de regredir. Na minha vida sempre fui evoluindo e sinto que, mesmo a escalar montanhas não tão altas como um K2 ou o Evereste, continua a ser uma evolução, porque há um valor acrescentado em tudo aquilo que eu faço. Já não pode ser, se calhar, aquele feito alpinístico, porque entendi que iria escalar a via normal, pela face norte do Annapurna - é mais baixo do que outros - mas há sempre forma de me superar a mim próprio com outras inovações. Neste caso, como a minha profissão não é só escalar montanhas mas também enviar imagens, tento sempre arranjar apetrechos e dar parte do meu tempo para pesquisar o que é possível fazer melhor. Desta vez vou levar um geoposicionador que permite às pessoas, em casa, de 20 em 20 minutos, ver onde é que eu estou. Vou também enviar fotos do cume para o campo base que depois serão retransmitidas via satélite para Portugal. Este é o tipo de coisas que, se calhar, outros alpinistas não fazem, talvez porque se concentram apenas na escalada. Eu consigo, não só encontrar espaço para me concentrar para a escalada, como tento, também, caprichar nesta minha obrigação paralela que tenho com os patrocinadores.
R - Não sente que, dessa forma, também está a ocupar mais o seu tempo?JG - Sim. E são os tais brinquedos novos, que também motivam. Se existem ferramentas, não devemos deixar de acompanhar as tendências e as possibilidades. É isso que tento fazer na minha profissão, utilizar, a esse nível, o melhor que há e até o que não há...
R - Mas também sabe que é a sua imagem que beneficia...JG - Neste caso até vou revelar o fundo de verdade do transmissor de vídeo. De facto, o ano passado cometi uma proeza que ninguém sabe avaliar de ir ao cume, regressar até ao último acampamento e no mesmo dia descer até ao campo base, correndo riscos desnecessários só por causa da obrigação de trazer as imagens e de as transmitir para Portugal a tempo de passarem no telejornal nessa noite.
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