Caro leitor de Record, sou o alpinista João Garcia e escrevo desde o acampamento base do monte Manaslu, que tem 8.163 m de altitude. Esta expedição faz parte do projeto de tentar subir as 14 montanhas mais altas do Mundo e temo nome de "João Garcia à conquista dos picos do Mundo", com o Millennium BCP.
A nossa viagem começou na capital do Nepal, Kathmandu, que é bastante agitada, muito poluída, mas ao mesmo tempo descontraída e de culturas variadas. É a primeira vez que o meu amigo Vítor Baía está no Nepal e ficou impressionado com a maneira como se conduz por estas bandas. Não há prioridade, não existem sinais de trânsito, mas não é por isso que há acidentes, pois com esta falta de regras e muito trânsito não se conseguem atingir velocidades acima dos 50 km/h.
Após as démarches e burocracias, da aquisição da logística, alimentação e licença de escalada junto do Ministério do Turismo, o trekking de 180 quilómetros a pé começou normalmente, mas os carregadores que contratámos deformaram o plano original, para pernoitarmos sempre em localidades onde houvesse movimento à noite - pinga e mulheres -, embora por aqui já não circulem mais do que animais de duas ou quatro patas.
O trekking decorreu num vale estreito e encaixado, muito bonito e de reduzido acesso ao turismo, em que passámos por aldeias que vivem ainda numa época quase medieval, com casas construídas em pedra e madeira, e em que os únicos sinais dos nossos tempos são mangueiras de água e umas pontes himalaianas com cabos de aço.
Dizia eu que vos escrevo do acampamento-base do Manaslu, a 4.850 metros. Para aqui chegarmos demorámos nove dias, partindo dos 500 metros de altitude. Isto porque é necessário
aclimatar à altitude, quer dizer, darmos tempo ao organismo para se adaptar a esta altitude onde temos cerca de metade da pressão atmosférica e respiramos metade do oxigénio que temos em Lisboa, por exemplo. A teoria da aclimatação é relativamente simples: não subir mais de 400 metros de desnível em média, por dia, e ir controlando alguns sintomas como a dor de cabeça, a falta de apetite e noites agitadas ou mal dormidas. Se estes sintomas evoluírem para dor de cabeça intensa, falta de apetite com vómito ao odor de comida e as noites mal dormidas forem mais de três consecutivas, estes são sinais claros de que o indivíduo não deverá continuar a subir, ou deverá mesmo descer uns dias até recuperar. Como o programa de aclimatação para este trekking foi desenhado corretamente, ninguém do nosso grupo teve problemas e estamos todos em forma no acampamento-base, desejosos do que estará para vir. Entretanto, eu desci à aldeia de SAMU, para despedir-me de dois amigos, um português e um francês, que vão continuar o trekking da volta ao Manaslu, que durará mais seis dias e passará ainda num local chamado LARKEN'S, a mais de 5.000 metros de altitude. Aproveitei para comprar uma cabra, que foi abatida na aldeia, pois o nosso cozinheiro, de etnia sherpa, diz que não se deve matar animais no acampamento-base, pois dá azar.
O Manaslu, com os seus dois cumes, e visto da aldeia de Samu, situada a 3.500 mde altitude, parece mais bonito e imponente do que o Manaslu que temos aqui ao lado, pois o pináculo que é o seu cume secundário parece-nos mais alto do que o cume verdadeiro, mas não deixa de ser uma inspiração para todos os membros da expedição, ainda para mais por sermos os únicos aqui, até à data. Esta noite nevou um pouco e fizeram 12 graus negativos de temperatura mínima.
Vamos em breve planear a cerimónia punja, de origem budista, que consiste no pedido de autorização de escalada e proteção, na montanha dos espíritos.
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