Layne Flack é um apaixonado pelo poker que bebeu os conhecimentos deste jogo, da sabedoria transmitida pelos seus avós. Uma paixão que se desenvolveu depois de ter trabalhado alguns anos num casino, de onde saía no final do seu turno para se dirigir a outro para jogar.
O ritmo alucinante a que vivia, obrigou-o a deixar a sua atividade profissional e entregar-se ao poker de corpo de alma. Foi nessa altura que conheceu Johnny Chan, um chinês vencedor de dez braceletes e mundialmente conhecido por "The Orient Express", com quem aprendeu mais um pouco sobre o jogo. Huck Seed, um norte-americano de sucesso nas mesas mais prestigiadas, é outro amigo a quem reconhece muita importância no desenvolvimento do seu estilo de jogo.
Apesar dos seus 39 anos, Layne Flack foi presença assídua nos melhores torneios durante mais de duas épocas, numa aventura que começou em Billings, Estados Unidos, aos 18 anos, e se desenrolou pelos anos seguintes. Trabalhou como "dealer" num casino onde, findo o seu turno, saltitava de mesa em mesa, apurando o seu jogo.
A mestria com que ía arrecadando as fichas dos seus adversários haveria de ser reconhecida por Huck Seed, na altura já campeão de um Main Event das WSOP. Depois de ver o jovem Layne Flack varrer por completo as mesas de um torneio, abordou-o com a garantia de que este poderia ganhar muito mais dinheiro se resolvesse tentar a sua sorte em Las Vegas.
Foi o que fez em 1997 quando se mudou em definitivo para a capital mundial do jogo, uma cidade de onde nunca haveria de sair. "Parece que cercaram a cidade desde que cheguei aqui. Simplesmente não me deixam ir embora", revela o jogador.
Com algumas vitórias importantes no seu primeiro ano em Las Vegas, Layne Flack decidiu lançar-se a nível mundial, contando, para isso, com a preciosa ajuda de Johnny Chan que cedo reparou no potencial do norte-americano.
Reza a lenda que Flack, depois de vencer um torneio, nem deu tempo ao dinheiro para respirar no seu bolso. Saltou para uma mesa de "cash-game" e espatifou quase por completo a boa maquia que tinha ganho. Foi então que Chan se aproximou e o aconselhou a descansar um pouco, oferecendo-se para lhe pagar a entrada no torneio do dia seguinte.
Escusado será dizer que Flack não enjeitou a oferta do "Expresso do Oriente". Mais fresco e com a mente mais aguçada, arrebatou o prémio final do torneio em questão, confirmando a boa aposta de Chan e despertando o interesse do mundo do poker.
Em 1999 saltou em definitivo para a ribalta ao vencer a sua primeira bracelete nas WSOP, num feito que viria a repetir mais duas vezes em 2002. Um ano depois, superou o seu melhor registo ao vencer dois torneios de seguida, arrebatando outras duas pulseiras, o que lhe garantiu a alcunha de "Back to Back".
Apesar de tudo, Layne Flack viveu momentos verdadeiramente insólitos. Das cinco braceletes conquistadas não guarda nenhuma, num enredo que envolve "amigos do alheio", ofertas aos familiares mais próximos e desaparecimentos misteriosos.
Lançado no auspicioso mundo do poker, "Back to Back" parecia apontado à conquista das braceletes que se lhe pusessem ao caminho. Um pensamento que o destino do jogador haveria de contrariar, depois de um período em que substituiu as cartas por autênticos "all-in's" ao mundo das drogas e do álcool.
"Havia alturas em que poderia estar prestes a desmaiar em plena mesa de jogo, mas, ainda assim, era capaz de dar-me conta do que se estava a passar. A minha capacidade de ler as jogadas e o pensamento dos adversários mantinha-se intacta. Eu não perdia nada, mas agora imagine os outros a tentarem ler o pensamento de um bêbedo", justifica Layne Flack que sublinha sempre ter "gostado de beber durante os jogos".
A ilusão do álcool como impulsionador de um bom jogo não é uma crença única de Layne Flack. Muitos são os jogadores que acreditam no poder da bebida e exemplos como Bill Smith, campeão do mundo em 1985, ou Mike Laing, um famoso jogador que um dia revelou ter "deixado de beber, à excepção da tequilla", são apenas alguns deles.
Submerso num período decadente, Flayne piorou tudo quando fez um "buy-in" no mundo das drogas. Phill Hellmuth, vencedor de onze braceletes e amigo do norte-americano, sabe ao pormenor a altura em que Flack teve mais uma "bad beat".
"Desviou-se do seu caminho em 1999", adianta Hellmuth. Nesse ano, Flack embarcou para um torneio em Viena na companhia de Hellmuth, Jack Fox e Ted Forrest. Findo o certame austríaco, a comitiva preparava-se para vooar rumo a Paris quando Layne Flack decidiu fazer um "fold" à viagem e seguir rumo a Amsterdão, numa rota a que Phil Hellmuth haveria de dar o nome de "actividades extracurriculares".
Em claro desatino e prometendo uma queda semelhante à de Stu Ungar, um enorme talento que se desperdiçou pelas mesmas razões de Flack, Layne foi alvo de uma "intervenção". Um fenómeno muito popular nos Estados Unidos, onde um grupo de amigos se reúne inesperadamente com o "desviante", afim de o chamar à razão. Uma situação bastante idêntica à superiormente apresentada por Jerry Seinfeld num dos episódios da sua brilhante série.
Já mais seguro de que teria de mudar de rumo, Layne Flack entregou-se nas mãos de um clínica de reabilitação, antes de regressar ao circuito profissional, em setembro de 2004. De volta às mesas de jogo, surpreendeu ao arrecadar os 500 mil dólares, resultantes de um segundo lugar do UltimateBet do WPT Poker Classic.
Contudo, quando parecia encaminhado para um final feliz, a velha máxima "sorte ao jogo, azar no amor", fez-se valer e um desentendimento com a sua namorada quase deitou tudo a perder.
"O poker já nem era uma prioridade. Tudo o que passei com as drogas, a situação com a minha namorada, os êxitos e os fracassos, são coisas que não são fáceis de suportar. Ter de fazê-lo em simultâneo foi ainda mais duro", considera Layne Flack.
(continua...)
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