João Silva aproveitou a primeira passagem do PokerStars European Poker Tour por Portugal para consolidar o seu estatuto no panorama nacional e dizer ao mundo do poker que podem contar com ele para o futuro. O algarvio, de 27 anos, acabou a sua prestação num quinto lugar muito saboroso e arrecadou mais de 78 mil euros no EPT de Vilamoura.

Sendo natural de Lagos, teve direito a um público especial, ou não estivesse ele a jogar em casa e num Casino onde já havia sido feliz: "Tive dois bons resultados neste casino e não escondo que jogar aqui conta muito. Aqui tenho sempre o apoio dos meus amigos e é a eles que tenho de agradecer. Sem eles não teria chegado onde cheguei."

Já na Final Table, onde representou Portugal em conjunto com António Matias, o grande vencedor, João Silva protagonizou um dos melhores momentos dos seis dias mais importantes da história da modalidade no nosso país. Com um par de reis na mão, mergulhou num all in seguro à partida, mas viu o canadiano Jeff Sarwer igualar e desvandar um par de ases. Depois de um flop angustiante e um turn desesperante, "profpanik" saltou de alegria ao ver outro rei surgir de mão dada com o river. A plateia não se conteve e explodiu de alegria, enquanto Sarwer respirava fundo e se queixava aos deuses.

"Sempre acreditei que podia sair um rei naquele river. Sempre! E quando saiu parecia que tinha sido golo da seleção portuguesa. Foi realmente o momento alto da minha participação neste torneio", considera João Silva, a propósito de um momento mágico que marcará para sempre a passagem do maior circuito do poker europeu por Portugal.

João Silva haveria de sair eliminado por Sarwer pouco depois. O português levou consigo um prémio invejável e uma ajuda importante para consolidar o seu profissionalismo, conseguido à base dos patrocínios e dos prémios que já amealhou: "Aqui em Vilamoura, consegui pagar o meu buy in através de uma promoção da PokerPT.com. Eu jogo noutra sala online, pela qual sou patrocinado. Ao jogar lá, o rake, ou a percentagem que eles tiram, é-me devolvido em 30 por cento todos os meses. Esse valor dá-me para pagar a entrada nestes torneios ao vivo. Já no verão passado tive no WSOP em Las Vegas, joguei noutros torneios em Praga e em Budapeste e espero poder visitar ainda mais países para jogar poker."

Pela primeira vez no curto historial do poker português, oito jogadores meteram a mão na massa e levaram uma fatia do chorudo prizepool. Para João Silva, "é importante observar estes resultados", já que "os portugueses mostraram que podem competir com qualquer um dos melhores jogadores do mundo".

No entanto, apesar do seu brilhante quinto lugar, "profpanik" admite que talvez pudesse ter ido mais longe, prometendo desde já maior entrega nas suas próximas aventuras ao vivo: "Neste torneio até nem fiquei muito contente pela maneira como joguei. Tive sempre poucas fichas. Tratava-se sempre da mesma questão: ou fazer all in ou foldar. Penso que posso evoluir muito mais e vou trabalhar para isso."

Após o desfecho da Final Table, João Silva posou ao lado de António Matias, "o português que era preciso apoiar". Contudo, ainda antes da consagração do setubalense, o algarvio não escondia uma maior admiração pelo adversário que o eliminou, referindo-se a Jeff Sarwer, de 31 anos, num tom bastante elogioso, ao mesmo tempo que deixava uma alfinetada nas estrelas: "O mais forte penso que foi o Jeff Sarwer, um senhor que aos seis anos já era um mestre do xadrez e que se dedicou ao poker há cerca de um ano. Penso que tem todas as condições para ser um dos melhores do mundo a curto prazo. Gostei muito dele. É uma pessoa muito simpática, ao contrário da maioria dos jogadores que são arrogantes e têm a mania que são estrelas. Gostava que ele ganhasse, mas como temos um português é por ele que torço."