O velho ditado "quem tudo quer com nada fica" não se aplica ao surf em Peniche. Ao longo desta primeira semana completa de Rip Curl Pro Search muito se viu, menos as condições desejadas para a onda mais cobiçada do evento: Supertubos. Um brasileiro há muito cá radicado espantava-se: "Estamos na terra das nortadas e não há uma nortadazinha quando precisamos dela?!"

É verdade, mas não se pode ter tudo, pois não? O conceito de prova itinerante do The Search tem já no seu currículo quatro campeonatos épicos. Mesmo tentando reduzir ao mínimo as variáveis de algo que está, em primeira e última instância, dependente da Natureza, o senso comum mandava aceitar que alguma vez a sorte haveria de falhar. É verdade que isto ainda não acabou, mas quando temos um campeonato onde os tubos são o mote e três dos melhores "tube riders" do Planeta - Kelly Slater, o brasileiro Bruno Santos e o nosso Tiago Pires - já foram eliminados antes de sequer os vislumbrarem, é inevitável um certo amargo de boca.

Mesmo assim, pela sua versatilidade, ao longo destes dias Peniche provou tratar-se da melhor localidade de surf da Europa para a realização de uma prova destas. Poucos sítios há onde a mera existência de uma ondulação garanta condições acima do satisfatório num raio tão curto.

Venha o vento que vier, havendo ondas - e por cá, salvo raríssimas ocasiões, há sempre qualquer coisinha a mexer no mar -, será sempre possível encontrar um trecho de costa, uma praia, uma laje onde se possa encontrar surf de qualidade acima da média. E isto é muito mais do que qualquer dos principais destinos de surf da Europa se pode orgulhar. Em Peniche, quem tudo quer pelo menos com alguma coisa fica.

 

Diretor da "Surf Portugal"

 


Diretor da "Surf Portugal"

 

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