O surf sem aspas


Apesar de os novos dicionários da língua portuguesa já incluírem a grafia "surfe", a generalidade dos meios de comunicação nativos continuam a empregar o original anglo-saxónico. E, sendo um estrangeirismo, muitos são os que aplicam o itálico ou aspas cada vez que referem o nome do desporto, tal como acontecia há mais de vinte anos, quando a visão de surfistas dentro de água em pleno inverno ainda espantava tanto como um disco voador a aterrar na Praça do Comércio.

A partir do Rip Curl Pro Search, tal deveria deixar de acontecer, pois o ancestral desporto dos havaianos entrou definitivamente no léxico comum. Os últimos dez dias puseram o surf num nível de evidência inédito no país, o que veio finalmente fazer alguma justiça face ao tempo de antena que as modalidades alternativas ao futebol - talvez o único desporto verdadeiramente mainstream em Portugal - recebem na imprensa generalista e desportiva.

Apesar de em Portugal algumas modalidades terem mais tradição do que o surf, quantas delas apresentam os mesmos níveis de adesão e de influência? Quantas têm cadeias de lojas direcionadas exclusivamente para o seu segmentos? Quantas têm tantas publicações especializadas, tantos programas de televisão, tanta visibilidade? Portanto, seja através da nova grafia, seja no original anglo-saxónico, vamos, por favor, retirar as aspas ao surf!


 

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