O pior Search de sempre



Os meus receios não tinham tanto a ver com a qualidade da onda, afinal, como alguém que vem regularmente a esta península do oeste, conheço bem o potencial daquela que apelidam de Pipeline europeia. O problema é que, precisamente, por conhecer Peniche, também sabia que mesmo com período de espera mais ou menos generoso, os Super podiam, envergonhados, envergonhar-nos a todos também.



Os meus receios não tinham tanto a ver com a qualidade da onda, afinal, como alguém que vem regularmente a esta península do oeste, conheço bem o potencial daquela que apelidam de Pipeline europeia. O problema é que, precisamente, por conhecer Peniche, também sabia que mesmo com período de espera mais ou menos generoso, os Super podiam, envergonhados, envergonhar-nos a todos também.


E, na verdade, os primeiros dias deste campeonato nada fizeram para me tranquilizar. Antes pelo contrário. Os Super tardavam em funcionar como se pretendia e as escolhas da organização faziam-me desesperar. Ora davam o arranque no Molhe Leste sem ondas dignas de um WQS, quanto mais uma prova do WT, ora começavam a competição no Lagido com metro mole enquanto alguns quilómetros de areal mais a norte batiam tubos de dois metros...



E, na verdade, os primeiros dias deste campeonato nada fizeram para me tranquilizar. Antes pelo contrário. Os Super tardavam em funcionar como se pretendia e as escolhas da organização faziam-me desesperar. Ora davam o arranque no Molhe Leste sem ondas dignas de um WQS, quanto mais uma prova do WT, ora começavam a competição no Lagido com metro mole enquanto alguns quilómetros de areal mais a norte batiam tubos de dois metros...


 


"O pior Search de sempre". O título matraqueava-me insistentemente na cabeça como uma enxaqueca que ia crescendo dia após dia. Como português e amante das ondas nacionais, aquilo estava a dar-me a volta ao estômago.


Até que... os Super zangaram-se. Como se as ondas da que já foi chamada Praia de Medão (a placa ainda lá está) também estivessem tocadas no seu orgulho patriótico e, por isso, decidissem aparecer. E, senhores, como apareceram. Para um leigo, ouvir falar em "tubos de três metros" pode nem parecer muito impressionante. Mas repitam essa frase a um iniciado na arte de correr ondas e a expressão dele dir-vos-à muito mais do que qualquer latim que possa aqui gastar. São casas de água senhores. Cilindros de água e espuma e areia e tudo, que rolam praia abaixo até bater com estrondo, no areal, mas também, se calhar, nas costas de algum infeliz que não tenha conseguido remar até lá fora.



Até que... os Super zangaram-se. Como se as ondas da que já foi chamada Praia de Medão (a placa ainda lá está) também estivessem tocadas no seu orgulho patriótico e, por isso, decidissem aparecer. E, senhores, como apareceram. Para um leigo, ouvir falar em "tubos de três metros" pode nem parecer muito impressionante. Mas repitam essa frase a um iniciado na arte de correr ondas e a expressão dele dir-vos-à muito mais do que qualquer latim que possa aqui gastar. São casas de água senhores. Cilindros de água e espuma e areia e tudo, que rolam praia abaixo até bater com estrondo, no areal, mas também, se calhar, nas costas de algum infeliz que não tenha conseguido remar até lá fora.


 


Quando alguém como Joel Parkinson, candidato ao título mundial e veterano de uma terra que tem das ondas mais incríveis do planeta (Austrália) diz à beira da água que fez "um dos tubos da minha vida..." como português amante de ondas, eu quase me comovo.


 


O pior Search de sempre virá um dia. Mas graças aos Supertubos, este será um rótulo que não se colará a Peniche.



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