Aproveitei um dos estágios da selecção masculina sub_18 e combinei com Fernando Leite, seleccionador nacional, para conversarmos sobre o actual momento do polo aquático português e das múltiplas iniciativas em curso relativas às diversas seleccões nacionais. Conversa longa, produtiva e elucidativa do dinamismo actual. Aqui fica o essencial do que foi dito.
À conversa com o seleccionador nacional Fernando Leite
"Estamos de regresso à normalidade. Finalmente. O impacto foi expressivo, em Portugal e internacionalmente, e um pouco por todo o lado o esforço é de recuperar e investir na modalidade. A esse propósito acho importante salientar, por exemplo, o que aconteceu no campeonato absoluto masculino esta época. Um campeonato bem disputado, competitivo, oito equipas com oito treinadores com vasto conhecimento de polo aquático, bem preparados, equipas jovens, muitos jogos disputados com resultados muito nivelados (diferenças de 1 a 2 golos), emoção e imprevisibilidade. Acho que foi um forte sinal de vitalidade da modalidade.
Antes de falarmos das iniciativas associadas às selecções, gostaria de começar por focar um ponto muito importante e crítico do que está a ser feito relativamente à captação, à formação de novos atletas e divulgação do polo aquático como modalidade de interesse para crianças e jovens. Em termos competitivos, o polo aquático disputa um mercado de potenciais praticantes com outras modalidades que oferecem alguns elementos atrativos e diferenciadores. Temos assim um obstáculo a ultrapassar que se chama relevância. O polo aquático tem que ser relevante em termos de captação. O que podemos oferecer? Primeiro é preciso perceber que a nossa mensagem se dirige simultaneamente a crianças e jovens, mas também aos respectivos pais. Isto é, o esforço de captação, persuasão dirige-se a dois alvos com, potencialmente, interesses diferentes. Simplificando. Hoje é comum e frequente os pais de crianças tomarem a decisão "eu quero que ele/ela aprenda a nadar". A partir daqui temos um momento chave em que podemos disputar o interesse dos pais e das crianças. Que mensagem temos para lhes dar? Internacionalmente discute-se qual promessa se quer fazer a estes potenciais atletas "se jogares polo vais…". Na minha opinião, há dois momentos chave: Primeiro, vem "brincar" com uma bola e aprender o básico das actividades aquáticas (note-se que temos uma vantagem competitiva já que pedagogicamente está provado que até aos 11, 12 anos a primazia do interesse de uma criança é brincar em grupo). Segundo momento, os praticantes de polo são "atletas especiais". Fazem o que mais ninguém consegue fazer. Logo, junta-te a nós e transforma-te num atleta sobredotado, num super-herói com poderes. A vantagem desta mensagem é que ela potencia a captação, mas igualmente reforça a retenção já que os praticantes podem e devem sentir orgulho por fazerem parte deste grupo selecto e restrito de super atletas. Já agora e à imagem do que acontece por exemplo no Rugby, falta cá e lá fora uma narrativa complementar sobre afinal o que é isso de ser jogador de PA. O Rugby soube explorar bem a ideia de que quem joga Rugby vive de outra maneira, veste-se de outra maneira, frequenta locais de convívio próprios, etc. O Jogador de PA pode e deve sentir orgulho em fazer o mesmo, porque na verdade estes miúdos nem sempre percebem que são um grupo atletas de elite à parte.
Todavia, não estamos sós já que no contexto das actividades aquáticas há outras disciplinas. Ainda bem. Nem todos querem e podem jogar PA. Quando maior for o catálogo da escolha, maior a probabilidade de uma criança optar por uma das várias modalidades sem forçosamente "deixar de ir à piscina". Esta complementaridade de oferta no contexto de uma piscina e das escolas de atividades aquáticas é a pedra de toque para esta nova iniciativa que a FPN, no âmbito do programa Portugal a Nadar, está a desenvolver designado por "Modelo de ensino multidisciplinar: ensino conjunto da natação pura, natação artística e polo aquático". O que este modelo irá permitir é potenciar a maximização da captação e retenção de crianças para actividades aquáticas, evitando-se níveis de drop-off associados a uma especialização precoce que pode ser um ponto de atrito na adaptação das crianças a uma vida ligada a desportos aquáticos. Espera-se, naturalmente, que este projecto possa ampliar ainda mais o número de potenciais praticantes de PA nos escalões iniciais da modalidade. No entanto, é preciso perceber que, a montante, há um outro obstáculo que tem ser rapidamente ultrapassado e que diz respeito ao número limitado de recursos humanos qualificados para o treino de PA. Para finalizar, falta também implementarmos modelos mais efectivos de gratificação e reconhecimento perante os atletas, que passa por atribuição de prémios, medalhas, certificados de presença, etc. Numa sociedade de gerações X, Y e Z, focada cada vez mais na publicitação do reconhecimento público do mérito, o PA tem que se aproximar de modelos que glorificam o esforço e a dedicação destes atletas, que sacrificam pela paixão desta modalidade, horas incontáveis, noites mal dormidas, cheiro a cloro, etc. Já agora, acrescentaria ainda um aspecto muito relevante. Para os pais, é importante perceberem que terem os filhos e filhas a praticarem este exigente desporto é despertar e desenvolver neles um conjunto de skills atléticos, mas não só, já que o PA os prepara para uma sociedade competitiva em que o trabalho em equipa, paciência e resiliência são trunfos determinantes.
Relativamente às selecções masculinas, temos previsto nos próximos três meses várias importantes participações em eventos internacionais. É um momento de forte dinamismo que pretendemos aproveitar.
Começaria pela selecção Masculina Absolutos que irá participar no Torneio das Nações de 24 a 26 de junho em Brno, na República Checa. Até lá realizaremos um conjunto de estágios que visam a preparação da nossa presença, tendo em conta que os atletas estão a ter uma época longa e bastante desgastante. Esta participação tem como objectivo final a preparação para a qualificação para o Europeu a disputar na próxima época.
Em seguida destacaria igualmente a participação da selecção nacional sub-18 nos Jogos Mediterrânicos. Na edição deste ano, os organizadores alteraram os escalões a considerar nos mesmos, criando o espaço para a participação desta selecção. A presença de Portugal será de 25 de junho a 2 de julho em Oran Argélia, sendo que a responsabilidade técnica ficará a cargo do treinador Gonçalo Abrunhosa acompanhado pela Patrícia Magalhães. Um agradecimento à FPN e ao Comité Olímpico Português por esta oportunidade dada ao Polo Aquático.
Por fim, uma importante novidade. Em boa hora estes Centros de Treino que temos realizados incluíram atletas sub18, mas também atletas sub_16 que tinham estado no Europeu de Loulé. Isto porque iremos participar no mundial da FINA de sub_16 a realizar em Agosto na Grécia, participação inédita num evento inédito e uma oportunidade para que os nossos atletas mais novos possam desde cedo começar a participar e competir em torneios eventos internacionais uma aposta decisiva da direção que contou com a colaboração de alguns mecenas".
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