A surfista Yolanda Hopkins, primeira portuguesa a qualificar-se para o circuito principal da Liga Mundial de Surf (WSL), revelou esta terça-feira que acredita que vai conseguir bons resultados nas provas da elite em 2026.
"Estou bastante confiante, acho mesmo que não só eu, mas toda a gente que me vê a surfar, e mesmo a WSL, em si, está confiante que eu vou fazer estragos no CT [Championship Tour]", lançou aos jornalistas a olímpica lusa à chegada ao aeroporto de Lisboa, num voo proveniente do Rio de Janeiro.
No sábado, 'Yoyo' conquistou o Saquarema Pro, no Brasil, quinta e penúltima etapa das Challenger Series (CS), a sua primeira vitória numa prova do circuito de acesso à primeira divisão do surf mundial, seguindo agora na liderança do ranking e já com uma vaga no CT garantida para a próxima época.
"Tive muito apoio [dos portugueses], recebi muitas mensagens, nem sequer conseguia acompanhar todas, foi muito emocional para mim", revelou, acrescentando que também foi muito acarinhada pelo público brasileiro.
"Os brasileiros estavam malucos. Os nossos companheiros, acho que foi quase como se um deles tivesse ganho. Eles foram muito carinhosos comigo e não podia ter pedido nada mais", vincou a campeã nacional de 2019.
Sobre a tão ambicionada qualificação para a elite mundial, depois de já ter estado perto algumas vezes, a atleta de 27 anos, que já disputou dois Jogos Olímpicos (Tóquio2020, 5.ª classificada, e Paris2024, 9.ª), considerou que chega no momento certo da sua carreira.
"O surf é igual, é mesmo só a cabeça. Chegamos a um nível em que toda a gente surfa bem, toda a gente surfa top mundial, mas depois a diferença é como a cabeça gere o stress. Não foi nos outros anos, e estive tão perto, mas talvez não tenha entrado porque não estava pronta mentalmente para dar aquele passo para a frente. E acho que agora não há dúvida", sublinhou a algarvia.
Antes de entrar no CT, que arranca em Bells Beach, na Austrália, de 01 a 11 de abril, Yolanda Hopkins ainda tem duas provas das CS para disputar, a próxima em Pipeline, no Havai (Estados Unidos), entre 29 de janeiro e 09 de fevereiro, e a última etapa do circuito secundário em Newcastle, na Austrália, de 09 a 15 de março.
"Vamos para o Havai de qualquer maneira fazer as Challengers, porque, já que estou em número um, quero ganhar o troféu também. Meter esse ali na prateleira dos troféus, por isso quero continuar no número um. Poder mudar o meu 5.º lugar, que tenho como 'backup' [apoio], por um 2.º ou um 1.º em Pipe seria incrível. Especialmente porque vamos depois voltar no final do ano [para a última etapa do CT de 2026]", assinalou.
Até à próxima competição, Yolanda quer aproveitar o raro tempo que tem em casa para treinar, descansar e visitar a família no sul do país, enquanto já sonha com as condições de excelência proporcionadas pelas etapas do circuito mundial.
"Ondas melhores, ondas maiores. O meu treinador diz que o meu surf foi feito para o CT e, nas CS, eu já tinha sempre um bocadinho de dificuldade, porque as ondas são muito mais de dia a dia, não são mesmo aquelas ondas grandes do tipo que o meu surf funciona muito bem", realçou a bicampeã europeia (2022 e 2023).
John Tranter, que treina Yolanda a 100% há sensivelmente sete anos, destacou a grande evolução da atleta, sobretudo, a nível mental, nos últimos dois anos, reforçando a ideia de que a portuguesa vai beneficiar do maior potencial de ondas oferecido no circuito mundial.
"Nas CS é mais difícil em termos de ondas, às vezes o mar está super mau. Agora, no CT, ela vai encontrar muitas ondas de qualidade, a maior parte delas ela já surfou, ainda só não surfou na piscina de ondas em Abu Dhabi e em Cloudbreak [Fiji]. Mas ela é muito forte em Pipeline, Teahupo'o [Taiti] e J-Bay [África do Sul] e tem sérias possibilidades de alcançar bons resultados", disse à Lusa o técnico britânico.
O presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), Francisco Rodrigues, que fez questão de estar na Portela à espera de Yolanda, realçou que a atleta "quebrou mais uma barreira" para o surf português.
"As minhas palavras vão todas para a determinação, para o compromisso, para o esforço e para o acreditar da Iolanda. É realmente uma forma de estar no desporto muito especial. A seguir ao Tiago [Pires] e ao Frederico [Morais], pela primeira vez temos uma senhora na elite do surf mundial", frisou à Lusa o dirigente.
Por Lusa