Patrícia Lopes foi a primeira portuguesa no circuito mundial: «Houve uma evolução brutal»

Elogia qualificação de Yolanda Hopkins para o Circuito Mundial em 2026

Patrícia Lopes celebra o sucesso de Yolanda Hopkins no surf
Patrícia Lopes celebra o sucesso de Yolanda Hopkins no surf • Foto: Pedro Ferreira

Quando há mais de 30 anos se tornou a primeira portuguesa a competir no circuito mundial de surf, Patrícia Lopes não imaginava que a modalidade ia evoluir tanto, mas mostra-se feliz por se ter "lançado às feras".

"Houve uma evolução brutal, nunca pensei que atualmente [em Portugal] as mulheres tivessem melhores resultados do que os homens, isto não acontecia no meu tempo, os homens estavam léguas à frente, e agora não", conta à agência Lusa, um dia depois de Yolanda Hopkins ter conseguido uma inédita qualificação para o circuito principal da modalidade em 2026.

Yolanda Hopkins tornou-se na quinta-feira na primeira portuguesa a qualificar-se para o circuito mundial de 2026, ao chegar às meias-finais do Saquarema Pro, no Rio de Janeiro, quinta das sete etapas das Challenger Series (CS) da Liga Mundial de Surf (WSL).

Aos 59 anos, Patrícia Lopes desfaz-se em elogios para Yolanda Hopkins, que, aos 27 se qualificou para o circuito mundial (CT) e já esteve nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 e Paris2024.

"Ela agora tem muito mais mérito [do que eu tive]. Não só porque o nível de competição é muito mais elevado, mas porque são muito menos a conseguirem qualificar-se", realçou.

Juntando a Hopkins a Francisca Vaselko e Teresa Bonvalot, a antiga surfista, 11 vezes campeã nacional, fala num trio cheio de potencial: "As três têm muito mérito, estão ali na frente, a dar cartas, elas podem ganhar qualquer campeonato, e os homens não".

Reconhecendo que os tempos que competiu, entre 1993 e 2005, período durante o qual foi duas vezes top-16 do mundo, eram muito diferentes dos de hoje, Patrícia Lopes aconselha a "guerreira" Yolanda Hopkins, que conseguiu a qualificação no Saquarema Pro, a manter o foco.

"Acho que deve continuar o trabalho, é um miúda lutadora, guerreira, muito focada, e que trabalha que nem uma louca. É isso que é preciso: trabalho e foco nos objetivos", considerou.

A antiga surfista, que diz ter competido numa altura em que "poucos acreditavam nas mulheres", admite ter tido um papel importante na modalidade e na sua evolução, apesar de reconhecer as diferenças competitivas: "Eu lancei-me às feras, abri caminho e elas estão a percorrê-lo".

Patrícia Lopes, que atualmente é juiz de surf, elege o aparecimento da figura do treinador como o grande motor do crescimento da qualidade da modalidade, destacando também a inclusão da modalidade no programa olímpico desde Tóquio2020 (disputados em 2021 devido à pandemia de covid-19).

"Atualmente, qualquer que seja a prova, todos têm um treinador. Essa figura ajudou muito na evolução da técnica de surf e da maneira de competir", afirmou, antes de recuar no tempo: "Eu não tive ninguém para me ajudar. A dada altura comecei a ter um treinador na Austrália, porque fiz amizade com uma australiana e ela apresentou-me o treinador dela e ia lá treinar uns dias, mas era muito caro", explicou.

Entre sorrisos, Patrícia Lopes confessa que fez muitas amigas durante a sua passagem pelo CT, algumas das quais ainda mantém, e assume que em alguns casos foram a sua "salvação".

"Ficava em casa das australianas, depois da sul-africana, da americana e da brasileira quando havia provas lá, mas havia países onde não tinha amigas e tinha de pagar tudo", conta lembrando que lhe davam "300 contos (cerca de 1.500 euros) para ir para a Austrália, onde havia cinco provas, e só a viagem custava mais de 200", recordou.

Por Lusa
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