O pupilo de Larri Passos assumiu o comando da "Corrida dos Campeões", e reafirmou a disposição de não jogar em Wimbledon. Na véspera da final, Guga desenhou um coração num pólo e escreveu: "Amo Roland Garros"
Paris – Gustavo Kuerten está a fazer progressos: já agradeceu ao público em francês, já melhorou o desenho do coração no "court" central e já é o melhor tenista do Mundo, depois de ter dado mostras da sua destreza e habilidade com uma raqueta de ténis que o levou a conquistar, pela terceira vez, o Open de França, em Roland Garros, derrotando um Alex Corretja, que "borrou" a pintura a partir do momento em que perdeu o segundo "set": 6-7 (3), 7-5, 6-3 e 6-0 em três horas e 12 minutos foi o resultado da final.
Comparado a Picasso pelo tenista russo Yevgeny Kafelnikov, Guga voltou a mostrar o efeito surpresa antes da cerimónia de entrega dos prémios: desenhou um coração no "court" e deitou-se de costas para o chão, levantando os braços. Foi assim que Guga quis retribuir o apoio do público ao longo do torneio. E não se ficou por aqui a "magia" do brasileiro: depois de o antigo campeão norte-americano Jim Courier (vencedor em 91 e 92) e de o judoca francês David Douillet, duplo campeão olímpico e tetracampeão do Mundo, lhe terem entregue a Taça dos Mosqueteiros, Gustavo Kuerten não deu o "show" por terminado: despiu o pólo que vestiu para fazer o tri em Paris (igualando o feito de René Lacoste, Ivan Lendl e Mats Wilander) e envergou um outro que ele pintara na véspera e onde estava escrito: "Adoro Roland Garros."
"Perdendo ou ganhando teria feito sempre esse gesto, porque é uma alegria enorme estar ali a compartilhar aqueles momentos mágicos. E quis ser eu a fazer isso. Não sei escrever ou pintar muito bem. Terei perdido, talvez, uma ou duas horas...", disse Guga a sorrir.
Picasso... à espera
Guga reconheceu que Alex Corretja foi bastante superior no primeiro "set" ("não há qualquer dúvida sobre isso"), mas depois começou a libertar-se de alguma tensão e passou a enquadrar-se melhor com as difíceis condições atmosféricas, já que estava muito vento e ameaçava chuva. Equilibrando o marcador com a vitória no "tie-break" do segundo "set", Guga partiu de assalto à conquista do terceiro e ainda que fosse visível alguma resistência do espanhol, Corretja tinha muitas dificuldades em aguentar a pressão crescente do brasileiro, que vinha subindo de produção. As tais pinceladas de que falava Kafelnikov, recorrendo à pancada de esquerda, eram cada mais pesadas e profundas e a seguir Guga concluía os pontos na rede. As melhores palavras disse-as Corretja: "Eram poucas as hipóteses que tinha e a montanha parecia ser muito alta. Se fosse com outro jogador..."
O discurso de Guga foi sempre orientado na mesma filosofia. "Este é o torneio onde me sinto bem. Amo Roland Garros. E quero agradecer o apoio da minha família e de toda a gente que me veio ver." Fora das questões triviais, o brasileiro confirmou que não vai jogar o torneio de Wimbledon dentro de duas semanas. "Vou descansar para recuperar fisicamente. Estou a jogar há muitas semanas e preciso de preparar a parte final da temporada."
E quanto a prendas? Guga leva para casa um cheque de 140 mil contos (Corretja metade) e deixa muita gente feliz para esquecer as recentes derrotas da selecção canarinha no futebol. E, afinal, chegarão esses 140 mil contos para comprar um quadro do Picasso? Record fez essa pergunta. "Em Florianópolis há um artista que pinta muito bem, que é o Miltinho. Já lá tenho em casa dois quadros dele. Mas não sei quanto tempo vou demorar a comprar um quadro do Picasso..."
QUEM É QUEM
Nome: Gustavo Kuerten
Data de nascimento: 10 Setembro 1976
Local de nascimento: Florianópolis, Brasil
Altura: 1,90 m
Peso: 89 kg
Profissional desde 1993
Vitórias em torneios: 14
Títulos do Grand Slam: 3 (Roland Garros em 1997, 2000 e 2001)
Melhor "ranking" de sempre: 1º (4 Dezembro 2000)
Treinador: Larri Passos
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