Suborno a jogadores portugueses

Através do Facebook, vários jogadores nacionais receberam propostas para perderem jogos...

Suborno a jogadores portugueses
Suborno a jogadores portugueses • Foto: epa

"Mostre-me o seu computador e telemóvel". Esta é uma frase que em última instância pode ser dita a um tenista caso haja suspeitas de uma ligação direta ou indireta a apostas através da Internet. Ao que Record conseguiu apurar, depois de o jornal espanhol ‘Marca’ ter apresentado como manchete "Máfia no tenis", uma investigação sobre o efeito das apostas online e aliciamento a jogadores em torneios no país, alguns tenistas portugueses também já foram alvo de tentativas de suborno no circuito.

Tudo começou por mensagens no Facebook. "Perguntaram-me se estava interessado em receber 300 mil dólares [266 mil euros] se perdesse um encontro na 1.ª ronda para um jogador italiano. Não respondi, mas no final do jogo fui interpelado pelo juiz-árbitro para me dirigir a uma sala para um pequeno interrogatório. Fizeram perguntas, viram o meu cadastro, e assinei um papel em como era responsável pelas minhas declarações", disse-nos um tenista português que pediu o anonimato. "Foi-me dito que existe uma brigada policial que anda a seguir determinados movimentos estranhos nos computadores dos tenistas. Essa mensagem apareceu-me no Facebook, através de pessoas que adicionei como amigo", adiantou o mesmo jogador que diz ter conhecimento de casos de treinadores que também querem ganhar dinheiro com os seus jogadores, aliciando outros a perderem.

Nos últimos meses, tanto a ATP, WTA como a ITF têm apertado o controlo nos torneios, enviando as tais brigadas policiais. Em abril passado, por exemplo, na primeira edição do Estoril Open no Clube Ténis do Estoril estiveram três pessoas que fiscalizaram tudo de uma maneira muito discreta. Ninguém se apercebeu e nada de anormal aconteceu.

Cartazes são sinal de alerta

Para quem compete em Espanha já não causa estranheza o facto de nos clubes onde se disputam os torneios Future estarem fixados cartazes a alertarem para o perigo das apostas na Internet. "Junto à sala do juiz-árbitro, balneários e no restaurante há cartazes por todo o lado", confidenciou a Record outro tenista português, que competiu em Madrid há duas semanas. Há vários anos, também em Espanha, o mesmo jogador foi alvo de uma abordagem para perder um encontro . "Foi através do Facebook, mas não respondi", precisou.

Curiosidades

Os tenistas estão proibidos de fazer apostas através da Internet e todos os seus movimentos são seguidos. Todos os anos aderem a um programa especial da Federação Internacional (ITF) que os informa das normas de segurança e dos cuidados a ter com as apostas.

As brigadas especiais deslocam-se aos torneios com regularidade e podem interpelar os jogadores em casos suspeitos. Nestas situações, os tenistas são obrigados a mostrar a caixa de correio e troca de correspondência no telemóvel.

Na sede da Federação Internacional (ITF), em Londres, funciona um departamento cuja única tarefa é seguir casos suspeitos de apostas na Internet, envolvendo elevadas somas de dinheiro. Se algo de estranho acontecer entram em contacto com o juiz-árbitro do torneio, que procede depois a averiguações.

Os jogadores são obrigados a reportar a um organismo da ITF (Tennis Integrity Unit) qualquer movimento suspeito relacionado com as apostas. Os familiares dos jogadores também estão proibidos de fazer apostas.

Koehler nunca foi abordada

A antiga campeã nacional, Maria João Koehler, disse que nunca foi abordada no sentido de perder um encontro em torneios de menos cotação. "Já ouvi falar de alguns casos de apostas de espectadores, que tiveram de abandonar o recinto de jogo como aconteceu em Madrid, mas comigo nunca se passou nada", precisou.

Koehler está a recuperar de uma operação ao pulso e retomou os treinos de forma ligeira.

Deixe o seu comentário
Newsletters RecordReceba gratuitamente no seu email a Newsletter Premium ver exemplo
Ultimas de Ténis
Notícias
Notícias Mais Vistas