Tenista português terminou o seu percurso como profissional depois de perder em singulare e pares no Estoril Open
João Sousa despediu-se esta quarta feira do ténis profissional ao perder na primeira ronda do Estoril Open, tanto em singulares, contra o francês Arthur Fils, como em pares, ao lado do brasileiro João Fonseca, frente ao brasileiro Marcelo Demoliner e ao holandês Sem Verbeek.
Na última conferência de imprensa enquanto tenista profissional, o português mostrou-se realizado com tudo o que conquistou na sua carreira.
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"Hoje é um dia especial. Pelo momento, obviamente. A derrota era um bocadinho expectável, acho que apesar de não estar nas melhores condições físicas dei tudo nos últimos tempos para estar a cem por cento e acho que não fiz um mau encontro. Mérito do Arthur Fils que fez um excelente encontro. São muitas as memórias que me vêm à cabeça. Estava a entrar aqui e mudou tudo. Foram muitos momentos passados aqui. Ser a última enquanto jogador de ténis é sempre especial. Não é momento de tristeza, é de alegria, porque acho que independentemente de tudo dei sempre o meu melhor. Estou de consciência tranquila. Dei o meu melhor sempre para alcançar os meus objetivos e ser melhor jogador. Gostava de ter dado vitórias aos portugueses mas não foi possível, tenho de aceitar isso com naturalidade. Estou muito feliz pela carreira que tive ao longo destes anos."
Continuar no ténis:
"Muito sinceramente não pensei sobre isso. Foram muitos anos de desgaste, não só físico mas também mental. O ténis é uma forma de viver, não é um desporto. Foram muitos anos dedicados à alta competição, ao ténis, a querer ser melhor, portanto segue-se um período de reflexão bastante profunda, tentar descansar da alta roda da competição. Mas acredito que outros capítulos virão certamente relacionados com ténis. Faria sentido na minha condição, de ter sido um atleta que conseguiu jogar ao mais alto nível."
Momentos de superação:
"Todas as derrotas são momentos duros, algumas derrotas doem mais do que outros, simplesmente porque a expectativa é diferente. Quando treinamos bem e aos resultados não acompanham essa expectativa, É frustrante. O ténis é muito frustrante, é difícil de aceitar muitas vezes. É um desporto de aceitação em tudo. Dos erros que fazemos, das bolas boas que temos, dos adversários. O ténis é um desporto muito exigente. Todas as derrotas são duras. Lembro-me de um momento duro que fiz umas nove ou dez primeiras rondas seguidas, numa série de derrotas gigantes, e são momentos em que duvidamos de muita coisa. Se vou conseguir manter-me, se vou conseguir voltar a ganhar. Tudo faz parte da nossa aprendizagem. E eu consegui dar a volta a esses momentos. Sem a ajuda do Frederico e de quem esteve ao meu lado não seria possível. Foi uma aprendizagem constante como pessoa, não só como jogador."
Sobre a nova geração no ténis português:
"Olho com muito positivismo. Temos jogadores muito bons. Gostaria de acreditar que dei alguns grãos de areia para que o ténis continue a melhorar em Portugal. Acho que temos muito potencial, temos jovens jogadores com muito potencial, o Nuno que está no top 100. Acho que o futuro do ténis nacional é risonho e há muito trabalho pela frente, sem dúvida. As coisas estão a ser bem feitas mas também é preciso tempo. Vamos ter mais jogadores a ser profissionais e a estar no topo do ténis mundial."
Quando percebeu que o jogo ia acabar:
"Foi no match point. Se calhar antes de começar esse jogo. Lembro-me de olhar um bocadinho para a box e eles estarem a olhar para mim emocionados. Ele já vinha a servir muito bem, sabia que ia ser difícil. Percebi que o fim estava próximo."
O que vai fazer no dia de amanhã:
"O Frederico queria que eu treinasse às 10 da manhã, não vai acontecer. [risos]O dia de amanhã vai ser bem passado, com amigos que vieram para a minha despedida, que fizeram parte da minha carreira. Vou passar o dia com eles. Sou jogador de ténis, mas também sou humano. E esse carinho tem de ser retribuído. Houve momentos da minha vida em que não estive em momentos especiais deles, mas faz parte desfrutar agora um bocadinho daquilo que não consegui fazer. Não me sinto prejudicado por não o ter feito, mas sei que houve momentos que efetivamente não pude desfrutar. Havia pessoas que falavam de golfe, outros de kart, vamos ver o que se enquadra melhor."
Conselho que daria no início da carreira:
"É trabalhar duro e acreditar nas pessoas que estão ao nosso redor. E ser competitivo. Mas o que tiver mais capacidade de trabalho e de conseguir passar por esses altos e baixos que a carreira nos dá é quem se vai manter mais em cima. Foi assim a minha filosofia de vida e trabalho, tenho tido êxito e acredito que é por aí que o sucesso vem. Seria esse o meu conselho."
Possibilidade de ser Selecionador Nacional:
"Primeiro de tudo, já temos um capitão que tem feito um excelente trabalho. Futuramente, sim, seria algo que ponderaria fazer, porque não? A Taça Davis sempre me disse muito, sempre que fui convocado não falhei uma única eliminatória, é algo que realmente sinto que não existe maior honra do que representar o nosso país. Vivi muito intensamente a Taça Davis. Especialmente no formato antigo, havia eliminatórias que acabava completamente destruído mas sentia-me feliz e era isso que contava. Se no futuro essa opção surgir e for convidado, acredito que seria uma boa opção."
Mensagens que recebeu dos colegas:
"Vi que tinha 70 e tal mensagens por ler, se calhar uma delas é do Rafa Nadal. Durante esta semana, os meus colegas têm-me dado um carinho gigante, falei imenso tempo com o Dominic Thiem, o Gael Monfils veio ter comigo. É muito bom receber esse carinho dos meus colegas, perceber que de certa maneira veem o trabalho que tive todos estes anos. É bonito sentir o respeito dos jogadores durante tantos anos. Não é fácil ter isso, mas acho que consegui e foi demonstrado durante toda esta semana. Até o Pedro Martínez veio ter comigo quando eu estava a tomar banho. Dei tudo o que tinha e os atletas sabem disso. As pessoas com quem passei mais tempo reconhecem esse trabalho e é muito bonito."
Por: B.E.
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