Dois amigos conhecidos da vela juntaram forças para, em Paris, serem quintos em 470 misto. Há margem para sonhar mais alto
Portugal saiu dos Jogos Olímpicos de Paris com quatro medalhas mas, ao invés do que pensam muitos portugueses que só olham para a globalidade do desporto aquando deste gigantesco evento, por vezes há outros desempenhos que também merecem destaque apesar de não terem chegado ao tão ambicionado pódio. Foi o que aconteceu com o duo de 470 misto, na vela. Diogo Costa (já com experiência nesta embarcação) e Carolina João (igualmente numa segunda participação olímpica, mas agora num barco novo e acompanhada) alcançaram o quinto lugar, mas não ficaram particularmente longe do bronze (escassos 6 pontos). Assim, e apesar de se sentirem satisfeitos com o resultado – ainda por cima tendo em conta que tiveram uma preparação diferente face à maioria dos adversários, mais familiarizados com a embarcação –, admitem que existia potencial para poder fazer melhor. "O objetivo passava por trazer um diploma, portanto sim, estamos contentes", diz Carolina. "Sentimos, antes de começar a prova, que talvez conseguíssemos fazer um bocadinho melhor do que o 5º lugar, mas se há 3 anos nos dissessem que íamos ficar em 5º nos Jogos, qualquer um dos dois comprava esse resultado", reforça Diogo.
Nas quatro primeiras regatas, o duo somou uma desclassificação e mais dois lugares (14º e 16º) sofríveis. Depois, melhorou imenso. Daí a tal sensação de que poderiam ter ido um pouco mais longe caso a entrada fosse ligeiramente melhor." A vela é uma maratona, são seis dias a competir e se nós pensarmos se naquele momento... se naquela regata... acho que se pensarmos assim, vamos dar em malucos. Mas, sim, foi um momento mau a abrir e isso deixou-nos sem margem de erro. Mas, no Europeu também foi assim e acabámos em segundo. Normalmente somos assim, vamos melhorando no decorrer da competição", resume Carolina que, nas palavras do colega, foi essencial para o manter motivado. "Cheguei a pensar que já seria muito difícil entrar nos primeiros lugares, mas a Carolina e o resto da equipa puxaram muito por mim", recorda.
Face à classificação obtida, os dois velejadores que se conhecem desde tenra idade, acreditam que há margem de progressão para, com mais quatro anos de treino e ‘afinação’, chegar a Los Angeles com o objetivo claro de atacar as medalhas. Contudo, explicam que esta é uma modalidade muito específica, onde a diferença entre sucesso e insucesso é, por vezes, muito ténue.
"Aspiramos sempre a mais e mais", atira Carolina. "Começámos esta campanha pensando que estávamos atrasados em relação aos outros. Agora, é diferente. Com mais preparação, poderemos experimentar outras coisas, ir por outros caminhos", revela Diogo, o homem do leme, enquanto Carolina é a proa, uma espécie de co-piloto que se preocupa em estabilizar o barco e dar-lhe a maior velocidade possível. "Passo-lhe também toda a informação para que ele, a nível tático, possa tomar decisões".
Competir a este alto nível não é possível sem uma dedicação plena à vela. Significa isso, no caso destes velejadores, treinar –quase sempre no estrangeiro – 20 dias por mês. E estamos a falar em cerca de 4 ou 5 horas diárias na água, sendo que depois é preciso acrescentar o tempo no ginásio. "Não dá para treinar à noite no mar, nem podemos estar em locais onde a água é muito fria, pois isso faz com que o corpo aguente menos tempo", explicam.
Mas, independentemente dos sacrifícios a que estão sujeitos, motivação é coisa que não lhes falta. Bem pelo contrário. Por isso, sem hesitações, assumem estar preparados para novo ciclo olímpico. Repetir todo o processo não os apoquenta. E mesmo sabendo que a qualificação será dura – a frota só teve 19 barcos em Paris e apenas um por país –, acreditam que vão estar em Los Angeles, em 2028. E pelo caminho haverá vários Europeus e Mundiais, competições igualmente importantes, exigentes, mas onde a meta, claro, será sempre o pódio. Atenção a eles!
Festejos ‘à Ronaldo’ para ver em Los Angeles
Profunda admiradora de Cristiano Ronaldo, Carolina João não consegue escolher entre considerar CR7 um ídolo ou uma inspiração. "É as duas coisas! É uma referência para Portugal. O que tem vindo a fazer é impressionante. São os resultados obtidos, mas também a mentalidade que demonstra. O percurso dele, o ter vindo sozinho da Madeira para o continente – o que para quem sai das ilhas não deve ser nada fácil –, e conseguir vingar num mundo tão exigente como o do futebol é notável. Ele colocou o nosso país no mapa", diz Carolina.
"Em todo o lado onde vamos, passamos pela bandeira de Portugal e todos nos falam do Ronaldo", acrescenta Diogo, igualmente rendido à popularidade do capitão da Seleção.
Perante isto, será de equacionar ver os dois velejadores com um festejo similar ao de Iúri Leitão e Rui Oliveira, que soltaram um ‘siiiiiim" no pódio de Paris, depois de garantirem o título olímpico na prova de madison no ciclismo de pista? "É uma homenagem bonita e ele merece..." , diz Carolina. "Se ela quiser...", reforça Diogo. Assim sendo, ‘só’ já falta a grande vitória. Será em Los Angeles? Ambos, com os olhos a brilhar, sonham com isso e prometem trabalhar para que o sonho possa ser realidade.
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