Carlos Ribeiro
O presidente do FC Porto quis falar de direitos televisivos, mas esqueceu-se do essencial. Ao usar o nome do Vitória para ilustrar potenciais riscos e negócios, entrou num terreno que não lhe pertence, e em avaliações que não lhe dizem respeito.
Mas na realidade, continuamos com a discussão de sempre, ainda esta semana alimentada pelo presidente do SL Benfica. A centralização dos direitos televisivos continua a ser olhada com desprezo pelos do costume, incapazes de pensar a longo prazo ou de perceber que sem equilíbrio não há futuro competitivo.
Em causa não está apenas o que cada um pode perder hoje, mas o que todos irão perder amanhã. Já não há como esconder o fosso que separa quem concentra poder de quem apenas quer competir em igualdade. É evidente que nada se resolve atirando dinheiro aos clubes se a gestão não acompanhar, mas continuar a alimentar o monstro é perpetuar o erro. Como escreveu Orwell, “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros.” No futebol português, parece que a lição continua por aprender.
No meio destes direitos tortos, o Vitória segue a sua vida. Este fim de semana há Taça em Santa Maria de Lamas, e se há coisa que esta competição nos ensinou, é que o favoritismo não ganha jogos. Lições amargas já tivemos. Agora, é tempo de garantir o essencial: concentração, rigor e exigência para evitar dissabores. E, já agora, aproveitar estes jogos que têm sempre um espírito diferente.